
Acredito que muitos cristãos evangélicos que estarão lendo essas linhas certamente já foram abordados em suas casas por pessoas que professam uma fé diferente da sua. Dentre essas, as testemunhas-de-jeová são de longe o grupo que mais constantemente costuma visitar as residências para anunciar a sua mensagem.
Gostaríamos de falar sobre este tema e justamente iniciaremos com as testemunhas-de-jeová.
Essas pessoas acreditam que devem continuar a insistir em sua "cruzada" de casa em casa porque acreditam que você e eu seremos destruídos na iminente "batalha do Armagedon" a menos que nos convertamos à sua organização. Para elas, salvação é justamente pertencer à Sociedade Torre de Vigia (nome oficial deles). Essa atitude delas é para salvar sua vida, acredite! E a delas próprias também porque acreditam que não sobreviverão ao Armagedon se não se empenharem neste trabalho.
Mas, você sabe algo a mais das tj's além do que é alardeado por aí de que não aceitam transfusão de sangue e não celebram aniversários?
Tudo isso é verdade. Mas, se quisermos, poderemos como autênticos seguidores de Jesus Cristo e obedientes à Grande Comissão (Mt 28.18-20; Mc 16.16-18; At 1.8) enxergar neles um grande campo missionário. Difícil (Jesus não disse que anunciar o Evangelho seria fácil), mas ainda assim um campo missionário. Aliás, não só eles mas todos os adeptos de outras religiosidades que rejeitam o único e verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, ou aceitam-no de forma parcial.
A tj's surgem no século 19, tempo de efervescência religiosa nos Estados Unidos. Charles Taze Russel é o fundador do movimento, evangélico de origem, também frequentou as fileiras do adventismo até que, mediante interpretação particular da Bíblia, começou a publicar literaturas com suas "descobertas" doutrinárias e em 1872 ele e seus seguidores organizaram-se como um grupo distinto.
Russel afastou-se da via principal da fé cristã porque exaltou as "descobertas" de seus estudos doutrinários, entendendo-as superiores à verdadeira doutrina bíblica. Após sua morte em 1916, um advogado que se auto intitulava juiz, Joseph Franklin Rutherford, assume a direção da organização e milhões e milhões de livros e outras publicações são produzidas fazendo com que as tj's (também conhecidos como russelitas) ganhassem muitos adeptos ao redor do mundo.
Todavia, em que exatamente eles são diferentes no tocante à interpretação bíblica, ou quais são suas doutrinas peculiares?
Primeiramente, queremos dizer que uma testemunha-de-jeová não é exatamente alguém que estuda a Bíblia. Na verdade, seus estudos se baseiam em duas fontes: 1) As publicações que zelosamente produzem ininterruptamente para divulgar suas falácias doutrinárias; 2) A Bíblia falsa que produziram (conhecida como Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas) para apoiar suas doutrinas particulares. Assim, quando estão em seu lugar de reuniões conhecido como Salão do Reino, procuram obter conhecimento através de estudos dessas duas fontes.
Seu ensino é uma clara distorção das principais doutrinas bíblicas. Entendemos claramente que Jesus Cristo e a salvação angariada por Ele na cruz do Calvário são o tema principal da Bíblia. Pois isto é inteiramente deturpado pelas tj's. Como deveríamos saber, o que entendemos sobre o Senhor Jesus Cristo, constitui-se na pedra de toque de todo o edifício de nossa fé (Mt 16.13-16).
Jesus Cristo na "teologia" russelita não é divino. Trata-se somente de um mero anjo. O primeiro a ser criado por Deus. Identificam Ele na verdade com Miguel, o arcanjo. Embora tratem Jesus como o "Filho do Homem" considerando ele um homem perfeito, a primeira pessoa espiritual criada era para Deus como um filho primogênito, segundo ensinam. Em resumo: Jesus para eles é uma mera criatura, um mero homem. Interessante notar que na Bíblia das tj's, o texto do Evangelho de João 1.1, está propositadamente deturpado. No original é: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." Na tradução manipulada, está: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era (um) deus." Ou seja, admitem uma espécie de "divindade" na primeira pessoa criada, mas uma divindade de segunda categoria. Com isso se contradizem porque dizem que só há um único Deus e no exemplo que citamos, Jesus seria um "deus" apenas inferior a DEUS. Ora, isso nada mais é que politeísmo, pois se Deus é único, como admitir outro deus ou deuses juntamente com Ele?
Poderemos aqui começar a abordar a questão que envolve a Pessoa do Espírito Santo. Creem as tj's que o Espírito Santo é meramente uma força, uma força ativa ou atuante. Não é uma Pessoa muito menos é Deus, segundo afirmam. Interessante ensinarem esta falsidade. Uma pessoa como sabemos possui mente (intelecto), vontade e emoções (sentimentos). O Espírito Santo é uma Pessoa porque demonstra nas Escrituras estes três aspectos. Leia At 13.2 onde Ele fala, demonstrando Sua vontade para a vida dos apóstolos Paulo e Barnabé os quais seriam os primeiros missionários da igreja cristã. Também leia Ef 4.30 onde se lê de que o Espírito Santo pode ser entristecido e Jo 14.26 e 1 Co 2.13 onde se vê de forma clara a mente do Espírito no tocante a ensinar o cristão sobre as coisas de Deus. O detalhe muito interessante sobre o que escrevemos aqui sobre o Espírito Santo é que todas estas passagens estão na Tradução do Novo Mundo, onde grafaram o termo Espírito Santo em letras minúsculas, mas não deixaram de demonstrar mesmo assim os atributos de Sua bendita Pessoa.
É determinante sabermos de que as tj's não são conhecedores ou estudantes da Bíblia como querem ser conhecidos. Deuteronômio 6.4 é o texto que demonstra o credo da fé monoteísta judaica, leiamos: "Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor." No hebraico seria assim: "Shemá Israel, Adonai Elohenu, Adonai echad." Numa tradução livre seria: Ouve Israel, Senhor Deus, Senhor único. A palavra único no hebraico echad nesta passagem, denota uma unidade sim, todavia fala de uma unidade composta. Existe uma outra palavra no hebraico yachid vista no Salmo 133.1: "Oh quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união" "união" aqui é yachid que denota uma unidade no sentido absoluto do termo (mesma palavra usada em Gn 2.24 quando se diz que marido e mulher serão uma só carne, unidade no sentido absoluto, yachid, e não echad, unidade no sentido composto).
Com isso queremos dizer que esta única passagem (além de outras que não poderemos aqui declinar por falta de espaço) demonstra cabalmente de que há três pessoas em unidade, ou seja, a Trindade. Não são três deuses, isto seria politeísmo. A fé judaico-cristã é monoteísta e embora o termo Trindade não esteja nas Escrituras, vemos claramente a doutrina do Deus Trino por todo o AT e NT. Vemos outro claro exemplo no batismo de Jesus Cristo, onde tanto o Pai, como o Espírito Santo fizeram-se presentes junto ao Filho que acabara de ser batizado nas águas do rio Jordão (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34). Ou, a passagem da benção apostólica onde claramente se vê a Trindade divina. Para citar um outro exemplo do AT, leia-se Gn 1.26, onde o "façamos" denota claramente o diálogo entre as Pessoas da Trindade no tocante à criação do homem (veja também Gn 11.5-9, outro diálogo entre as Pessoas da Trindade).
Este Trino Deus e principalmente este Jesus que tão ciosamente é demonstrado nas Escrituras como O autor de nossa tão grande salvação (Hb 2.3), é enxovalhado e retirado d'Ele o papel absoluto que Lhe cabe no tocante à redenção do ser humano. Ora, entendamos, se Ele próprio declarou que ninguém vai ao Pai se não for por Ele o qual é o ÚNICO caminho (Jo 14.6), como podem as tj's se arrogarem em dizer que sua organização sobre a terra é a detentora da prerrogativa da salvação do ser humano? Para eles, a salvação é impossível de ser conseguida sem a completa obediência à Sociedade Torre de Vigia e também sem a participação plena em seus programas de trabalho. O apóstolo Pedro disse assim, inspirado pelo Espírito Santo: "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo dos céus, nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12). O contexto demontra que este "outro" é Jesus Cristo.
Creio que este pequeno demonstrativo do que creem as zelosas testemunhas-de-jeová, que vão de casa em casa anunciando sua pseudo-salvação, serve para procurarmos aprofundar um pouco mais no que realmente cremos e podermos assim evangelizá-las na porta de nossas casas. É uma oportunidade ímpar. Mas na maioria das vezes, não queremos falar com essas pessoas, alegando que estamos ocupados. Eu mesmo inclusive já fiz isso, confesso. Em outras oportunidades, cheguei a conversar com elas, procurando colocar algumas dessas questões que acabei de escrever. Não seria o caso de demonstrarmos ser mais conhecedores do que elas. Ou muito menos de expulsá-las, humilhando-as e dizendo que vão para o inferno porque creem em heresias. Ou, irmos até elas somente para sermos educados sem nada lhes falarmos. O testemunho de Cristo, o Jesus das Escrituras, deve ser dado. A pregação para este grupo deve ser feita debaixo de oração. Eles estão cegos por Satanás (2 Co 4.3, 4).
Nossa intenção com este texto é estimular nos leitores o estudo mais aprofundado da verdadeira doutrina cristã em primeiro lugar e secundariamente também procurar pesquisar o pensamento delas para a devida refutação à luz das Escrituras.
O que fazer então quando pessoas de outras religiões ou de outras fés batem em nossa porta? ATENDER elas como Jesus as atenderia. ACREDITAR que o Espírito Santo trabalha enquanto a verdadeira Palavra de Deus está sendo exposta. ENTENDER que somos verdadeiros embaixadores do Reino de Deus e devemos portanto condignamente representar esse Reino aqui na terra, fazendo o que for biblicamente possível para alcançá-las.
Em uma próxima postagem falaremos de um outro grupo. Se você é nosso leitor, aguarde e verá.
Pense muito bem em tudo isso. Que o Senhor nos inunde com Sua Graça continuamente.