quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que revolução é essa que mata e faz sofrer milhões de pessoas?


Alexsander Soljenítsyn, escritor dissidente russo (1918-2008), afirmou certa vez: "Se me pedissem, hoje, para formular, de modo conciso, a principal causa da ruína que foi a revolução russa, que sacrificou cerca de 60 milhões do nosso povo, eu não poderia explicar mais claramente repetindo que tudo isso aconteceu porque os homens se esqueceram de Deus - foi por isso que tudo aconteceu."

Ouçam bem o que diz este falecido escritor. Autor de Arquipélago Gulag onde descreve os horrores dos campos de concentração de Josef Stalin, ninguém melhor que possa nos levar a entender um pouco o que representou a revolução comunista para o povo russo. Creio que a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS - foi um enorme laboratório para que toda a humanidade pudesse compreender a natureza do comunismo ateu. No período que vai de 1922 a 1991, a Rússia passa a ser reconhecida como União Soviética, porque se constituía de vários outros países e alcançou a incrível extensão em seu território de 22 milhões de quilômetros quadrados. A palavra "soviético" é de origem russa e significa "conselho" (grupo corporativo) relativo a uma associação de operários ou membros em geral da classe trabalhadora. Inicialmente atuavam como um comitê de greve, e, posteriormente, como uma espécie de governo autogestor, ou seja, trabalhadores dirigindo a si mesmos, solidária e reciprocamente.

Entretanto, com o passar do tempo, uma elite burocrática foi se formando e a ideia-sonho de um governo soviético favorecer o "de cada um, conforme o que pode, para cada um, o que merece" foi desvanecendo. Lênin após vencer os mencheviques, implanta o regime soviético e uma nova política econômica. A economia russa estava devastada e agora passaria a ser centralizada e planificada. Após a ascenção de Stalin em 1936, todos os que eram donos de terras perdem-nas para os comunistas. Tudo agora era propriedade do Estado, a propriedade privada passa a ser considerada uma abominação pelas autoridades. É então neste período que se dá o holocausto do povo russo. Milhões de pessoas são mandadas para os famigerados gulags (campos de concentração). Na verdade, todo o país passa a ser um enorme campo de concentração e a tortura e os trabalhos forçados são institucionalizados pelo regime stalinista.

Com a coletivização forçada da agricultura, foi imposta uma grande reorganização social e na Ucrânia, uma das repúblicas soviéticas, acontece um grande genocídio ocasionado pela fome, por conta de Stalin. O governo comunista consegue levantar a economia russa. Juntamente com os EUA torna-se uma superpotência após a Segunda Grande Guerra. Mas a custo do sacrifício e sofrimento de milhões de pessoas.

Karl R. Popper, filósofo austríaco de ascendência judaica e naturalizado britânico, escreveu um livro sob o título Autobiografia Intelectual, onde faz uma interessante reflexão sobre o comunismo: "O comunismo é um credo que promete a concretização de um mundo melhor. Diz basear-se em conhecimento: conhecimento das leis do desenvolvimento histórico(...)finalmente compreendi que o marxismo tinha cunho dogmático e uma incrível arrogância. É terrível termos de admitir que estávamos defendendo uma espécie de ideologia que transformava em dever arriscar a vida de terceiros em prol de um dogma acolhido sem crítica ou de um sonho que jamais poderia ser concretizado."

O dogmatismo e a arrogância de que fala Popper atingiu em cheio ao pobre povo da Rússia. Sofriam anteriormente sob o tacão dos czares (imperadores) e, sob o pretexto de trazer libertação, os arautos do comunismo (Lênin, Stalin, Trótski e outros) trouxeram às populações uma ideologia má e inadequada ao desenvolvimento e bem estar do ser humano. Karl Marx, idealizador da doutrina comunista, imaginava que poderia mudar todo o sistema social se a classe “boa”, a proletária, tomasse o lugar da classe “má”, a burguesia. Por isso a expressão luta de classes.

O marxismo/comunismo é uma ideologia totalitária, evolucionista, materialista e ateísta. Totalitária, porque entende que todo o poder deve pertencer à classe proletária. Na verdade, como falamos anteriormente, uma elite dirigente é quem concentrava todo o poder. Principalmente a partir do governo de Josef Stalin. Evolucionista, porque crê na teoria da evolução como ciência, como fato e não como uma mera hipótese. No sistema educacional dos países comunistas, desde cedo a criança é levada a crer que o ser humano evoluiu de seres vivos inferiores e de que o Universo é fruto do acaso, não existe um Criador de todas as coisas. Para eles é absurdo o relato da criação. Materialista porque Marx afirmou em O Capital que “o ideal não é nada mais que o mundo material refletido pela mente humana e traduzido em termos de pensamento.” Somente a matéria é que existe. Ridicularizam o sobrenatural. É um materialismo histórico e dialético. É uma doutrina sobre a história humana e enxerga esta história como uma série de lutas dialéticas. Finalmente, o marxismo é ateísta. Acreditam que darão cabo de toda religião (“ópio do povo”, como disse Marx). Na antiga União Soviética e em todos os países comunistas nos dias de hoje, ensinam a criança desde muito cedo de que Deus não existe e que a Bíblia é um mito.

Este é o comunismo. Doutrina antes de tudo, diabólica. Sua gênese se deu nos porões do inferno, sem nenhuma dúvida. E não tem compatibilidade alguma com o Cristianismo verdadeiramente bíblico. São mutuamente incompatíveis. Aliás, é aberrante falar-se de um cristão marxista (como pretende a Teologia da Libertação). Porque o comunismo fomenta o ódio. Ao contrário, amor é a base fundamental da fé cristã. Richard Wurmbrand autor do livro Torturado por Amor a Cristo conta que era torturado durante horas com muita crueldade pelos soldados comunistas. Zombando, eles pediam a Wurmbrand um milagre de Cristo. Sua resposta era: “Eu sou um milagre. Vocês me odeiam e fazem de tudo para que eu os odeie, e, no entanto, eu os amo!”

Não estamos de forma alguma aqui, defendendo o capitalismo. Este também produziu e ainda produz os seus males. Queremos apenas deixar uma palavra de alerta. Muitos endeusam o socialismo como se ele fosse o sistema perfeito por excelência, aquela ideologia que traria o céu para a terra. Ledo engano. Nenhuma ideologia trará a utopia para a raça humana. Somente quando o Reino de Deus, um reino de amor, de alegria, de paz, de longanimidade, de benignidade, de bondade, de fé, de mansidão e de domínio próprio, por meio de Jesus Cristo aflorar nos corações dos homens é que eles experimentarão o que o comunismo promete, mas que jamais poderá realizar. 

Muitos já foram mortos ou presentemente sofrem por causa da ideologia comunista. Mas muitos são os que, hoje, têm vida eterna em Jesus. Ao lado de quem você ficará? Marx e suas teorias humanas de inspiração demoníaca ou Cristo e a Palavra de Deus? A revolução de amor proposta pelo Evangelho realmente muda as vidas e vidas transformadas influenciam de forma positiva toda a sociedade.

Não escolha uma ideologia diabólica e com tantas mortes em sua conta. Lembre-se, não só a Rússia de Stalin, como Cuba de Fidel Castro, o Camboja de Pol Pot, a China de Mao Tsé Tung, a Coréia do Norte de Kim Jong Il… 

Pense muito nisso.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

É dia, podemos ainda trabalhar....

O que quero dizer com este título? Pois algumas pessoas trabalham à noite. Eu mesmo já trabalhei algumas vezes em horários noturnos. Mas o mote é para que pensemos, enquanto cristãos, nas palavras de nosso Mestre, quando disse em João 9.4: "Enquanto é dia, é necessário que realizemos as obras daquele que me enviou; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (Almeida Séc. 21). Jesus profeticamente sinalizava para todos os seus discípulos em todos os tempos, principalmente nos dias de hoje, das possibilidades melhores de se trabalhar em Sua seara de dia, ou seja, espiritualmente falando, em condições tais que aproveitemos todas as oportunidades que se nos apresentam para proclamarmos a verdade do Evangelho, enquanto a noite escura da perseguição e das trevas espirituais não se abatam sobre este mundo.

Em nosso país, por exemplo, há toda uma ambiência condizente para a Igreja trabalhar com afinco na proclamação do Reino de Deus. Ainda há condições de trabalho favoráveis. Mas, você já reparou como está sendo orquestrado diariamente um início de cerceamento de liberdades para que o verdadeiro Evangelho não seja mais proclamado abertamente? Talvez você não tenha ainda percebido claramente isto. Talvez você tenha sido contagiado pela onda de triunfalismo ou ufanismo de muitos cristãos evangélicos que imaginam, ingenuamente, de que "o Brasil é do Senhor Jesus". Estou sendo incrédulo ao criticar esta frase de efeito? De forma alguma. Pretendo me situar dentro do realismo bíblico. A Bíblia não diz que o Brasil ou o mundo inteiro seriam totalmente ganhos para o Reino de Deus. De que a proclamação do Evangelho traria a plenitude deste Reino. Jesus falou assim: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim" (Mt 24.14).

Desta forma, fica patente o seguinte: 1) As igrejas cristãs deveriam reunir esforços para ainda mais intensificar o trabalho da Grande Comissão; 2) Dentro dos limites constitucionais, vetar qualquer iniciativa que impeça a livre proclamação do Evangelho; 3) Manter um testemunho ilibado, deixando claro para a sociedade que o nosso trabalho é de cunho espiritual, visando o benefício da totalidade da vida humana com o Evangelho.

Na verdade, o diabo continuamente desde o ministério terreno de nosso Senhor, passando pela fundação da Igreja em Atos 2 e no decorrer de toda a história do Cristianismo, procurou obstaculizar o trabalho dos servos de Deus. Nos primeiros dois séculos de história, a perseguição foi de caráter físico, onde muitos crentes morreram sob os imperadores romanos. Depois, o obstáculo foi de caráter doutrinário, com a inserção de muitas falsas doutrinas no seio da verdadeira fé cristã, gerando uma igreja majoritária na Idade Média que afastou-se da pureza do Evangelho, e aqueles que ousassem viver e anunciar um retorno à fé primitiva, eram perseguidos e mortos. A Reforma Protestante veio e propôs um retorno a fé genuinamente bíblica, mas, não muito tempo depois, sucumbiu uma parte do movimento protestante sob o indiferentismo e os ataques do liberalismo teológico. Os grandes avivamentos vieram em seguida, culminando no avivamento pentecostal no início do séc. 20 e um grande crescimento em missões pelo mundo inteiro. Mas os ataques de Satanás continuaram e hoje a pós-modernidade (contando em seu bojo com o secularismo, o individualismo e o pluralismo) conspiram fortemente contra a fé cristã.

A indisposição contra o Evangelho aumenta na medida em que escândalos são anunciados com estardalhaço na mídia contra os cristãos. Pastores surpreendidos em adultério ou em ilícitos financeiros estão aí para quem quiser ter o desprazer de ver. Igrejas anunciando aos quatro ventos a insidiosa teologia da prosperidade mesclada com práticas místicas e pagãs. Atitudes outras que de uma forma geral estão aos poucos gerando uma ojeriza por tudo o que se refere a Cristo e aos cristãos. Acredito que por esses fatos, reunidos a muitos outros, instituirão os pretextos necessários para que aumente o cerco ao proclamar livre da fé em Cristo, culminando na proibição pura e simples do trabalho da Igreja, como já acontece em países como a China, por exemplo. Lá existe uma igreja oficial, patrocinada pelo governo, portanto amordaçada e sem voz profética, e outra igreja, a subterrânea, que sobrevive a duras penas, sem liberdade, mas que pelo poder do Espírito Santo, está ativa, com sua chama acesa e somam-se aos milhões seus convertidos.

Vejam, não estamos aqui a declarar um desânimo ou uma derrocada de nossa fé. Ao contrário. Esta palavra é para que reflitamos sobre nossa caminhada e vivamos realmente como a Bíblia nos ordena que deve ser. Temos de Deus ainda a liberdade em nosso país para trabalharmos em prol de Seu Reino. Portanto, estamos na claridade do dia. Mas tenho que lhes falar que este já começa a declinar. Este entardecer é notório. Invariavelmente, a noite de trevas espirituais vai chegar. Deus nos advertiu em Sua Palavra.

Realizemos as obras d'Aquele que nos enviou enquanto ainda é dia. Lembremos do que disse o apóstolo Paulo: "Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios; porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. Por isso, exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis" (1 Ts 5.5-11).

Espiritualmente, somos do dia. Não somos da noite. Não temos compromisso com esta dimensão. Dela já estamos libertos. Permaneçamos na luz do dia e façamos as obras do dia. Obras que honram e glorificam ao Senhor da Glória. Busquemos as almas que ainda estão perdidas na noite de trevas em suas vidas. Arranquemo-nas de lá pelo poder do Evangelho. É a isto que devemos nos dedicar. A cada dia. Durante o dia.

Pense nisto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Igrejas para todas as pessoas

Alegra o meu coração e creio que muito mais o coração de nosso Deus, quando sabemos que em algum lugar no Brasil ou no mundo, mais uma igreja cristã foi inaugurada. Quer seja um templo, construído de forma que seus frequentadores estejam bem instalados, ou na sala de alguma residência, alegro-me de qualquer maneira. Todavia, o que gostaria de saber é se as referidas igrejas possuem saúde bíblica e espiritual.

Isto porque, abrir um novo trabalho, principalmente aqui em nosso país, é muito fácil. Não existem empecilhos nem trâmites burocráticos que impeçam um grupo de pessoas registrar uma nova comunidade e em seguida marcar o dia da inauguração. Esta é a parte fácil. O difícil amados irmãos, é se a igreja é de fato uma igreja bíblica. Não estou preocupado se pentecostal ou tradicional. O que desejo saber é se a tal nova congregação de discípulos de Cristo é uma igreja saudável. Mas, qual o diferencial ou diferenciais que fazem com que uma seja mais bíblica e saudável do que outra?

Acredito que não se pode continuar mais nos dias em que ora vivemos, enfatizar a religiosidade cristã. Um líder ou uma liderança chamada por Deus, deverá entender que uma experiência de uma verdadeira espiritualidade é o que deverá predominar em seu ministério. Pessoas que serão alcançadas pelo Evangelho de Jesus Cristo, deverão crescer à semelhança d’Ele. E sem as amarras institucionais e/ou de religiosidade.

Mark Dever, notável pastor batista norte americano, falou sobre as nove marcas de uma igreja saudável. Vamos a elas: 1) Pregação expositiva; 2) Teologia bíblica; 3) Uma compreensão bíblica quanto às Boas-Novas; 4) Uma compreensão bíblica quanto à conversão; 5) Uma compreensão bíblica quanto à evangelização; 6) Uma compreensão bíblica quanto à membresia da Igreja; 7) Uma disciplina eclesiástica bíblica; 8) Cuidado em promover o discipulado cristão e o crescimento; 9) Liderança bíblica na Igreja. Para maiores detalhes acesse o link http://www.bomcaminho.com/index9Marks.asp

Poderão haver outras marcas destacadas por notáveis servos de Deus, mas creio que estas encerram em seu bojo tudo o que uma igreja cristã deveria ter como distintivos para que sua missão nesta sociedade pós-moderna fosse levada a efeito com a graça de Deus. Muito do que hoje se diz “igreja cristã” na verdade carrega um cabedal de tradições puramente humanas e que pouco espaço deixa para que os crentes de fato experimentem a alegria de uma igreja legitimamente neotestamentária. Paulo combateu isto desde cedo em seu ministério. Na epístola aos Gálatas combateu os judaizantes, porque queriam que o Cristianismo se tornasse apenas um braço da fé judaica entre os gentios. Paulo disse que sim, o Evangelho era também para os gentios, mas que não era obrigado a guardar as tradições próprias do Judaísmo. A Palavra de Deus e o Evangelho eram sempre exaltados à mais alta posição pelo apóstolo do gentios (Gl 2.1-21).

Uma igreja cristã firmemente bíblica, será consequentemente saudável. E poderá manter esta postura em qualquer cultura em que esteja inserida. Aliás, o poder de penetração do Evangelho e o alcance de sua benéfica influência cairão por terra quando os líderes trocam o que é bíblico pelo que é cultural, no afã de com isto alcançarem mais almas. Algum resultado até pode aparecer, mais carecerá de profundidade e firmeza naqueles que tenham se “convertido” a Cristo. O Pacto de Lausanne, ao discorrer sobre a cultura, deixa claro que toda cultura humana tem um tríplice aspecto: divino, humano e demoníaco. Temo em dizer que, por falta de discernimento de muitas lideranças e igrejas, o que é puramente humano e pior, demoníaco, está sendo aceito na prática diuturna das igrejas ao redor do mundo.

Penso que este quadro pode ser mudado. Mas não em todos os casos. Alguns ministérios já foram tão longe em sua busca do irrelevante, embora pensem que estão sendo relevantes à causa do Reino de Deus, que um retorno é extremamente difícil. Outros porém, principalmente as novas igrejas que surgem, lideradas por homens comprometidos de fato com o que é bíblico e não cultural, haverão de alcançar muitas vidas porque optaram, pela direção do Espírito Santo, em conservar-se no reto caminho proposto na Bíblia para a Igreja. Cabem aqui os conselhos sábios do já veterano apóstolo Paulo a seu filho na fé e jovem pastor, Timóteo, leiamos: Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências. E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Tm 4.1-4).

Infelizmente nesta cultura de irrelevância que vivemos, nesta cultura de supérfluos e descartáveis, o Evangelho autêntico vai sendo deixado de lado e substituído por uma versão aparentemente mais apetecível aos paladares modernos, mas que vai mantendo o homem distante da vida abundante prometida por Jesus.

Que o autêntico Evangelho seja proclamado. Para que igrejas genuinamente bíblicas estejam no seio da sociedade dos homens. Poder ser até que esta igreja seja alvo de perseguição. Mas será uma igreja gloriosa, porque honra o seu Senhor por causa de sua fidelidade. Jesus prometeu muitos galardões às igrejas fiéis, vide as sete cartas às igrejas no Apocalipse (caps. 2 e 3). Somente igrejas desta estirpe serão contadas como vencedoras e receberão o “vinde benditos de meu Pai” da parte do Senhor Jesus. Somente igrejas deste quilate é que realmente estarão habilitadas para estar entre todos os povos e também naquele grande dia, conforme está escrito em Ap 7.9 ser contados dentre todas as nações, tribos, povos e línguas.

Pense nisto e contribua para que sua igreja ou algum futuro projeto de plantação de uma nova ecclesia carregue as marcas da biblicidade e da saúde. Deus abençoe a todos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Prazer sem limites

A abordagem e propostas de solução para os problemas que afligem a nossa sociedade, carece de uma estirpe de homens que não se deixam levar pela oferta do ganho, da locupletação, da vantagem pessoal, da satisfação de suas "necessidades pessoais."

Infelizmente na classe política, encontramos elementos que exatamente não se caracterizam pela isenção pessoal, visando o bem comum da sociedade. Fazendo do cargo público e do mandato, uma fonte de satisfação de prazeres elementares (segundo o seu distorcido ponto de vista): conta bancária devidamente abarrotada, imóveis, artigos caros e/ou luxuosos, carrões, iates, ou até um jatinho, porque não? Ou seja, a vida pública para esses figurões, é uma fonte de prazer interminável, por assim dizer. Os cofres públicos são para eles como as tetas inacreditavelmente cheias de uma leitoa, ou também como se tivessem encontrado o pote de ouro no final do arco-íris: agora podem regalar-se com o achado e satisfazer todos os seus inomináveis desejos.

Este hedonismo é predominante em quase todos. E muitos que ainda não usufruem, desejam ardentemente tirar a sua “casquinha”. Isto contribui para que continuemos subdesenvolvidos em nossas instituições democráticas. Na liquidação das esperanças de todos que depositaram nas urnas sua confiança em tal e qual candidato. Além de fazer com que o descrédito e a desconfiança aumentem continuamente em relação à política e aos políticos.

Prazer sem limites. Satisfação de “necessidades”. Obtenção de vantagens. Realmente, não há segmento na sociedade organizada onde mais impere a canalhice e a safadeza. Aprendo com um determinado autor, que a nossa sociedade foi elaborada a partir de uma elite prioritariamente voltada para si mesma e muito pouco comprometida com a nação e com o povo. Este sempre foi explorado e marginalizado pelo paternalismo dessa elite. Tudo isto começou no Brasil colonial. Tudo o que era feito no país visava apenas o enriquecimento da Coroa portuguesa e de seus aliados.

Não é diferente hoje. Para muitos destes auspiciosos “governantes” e “autoridades”, encher o próprio bolso às custas do Erário, é tudo o que importa. Favorecimentos pessoais e de seus apaniguados, troca de favores, o ganho por fora, valores enviados para paraísos fiscais no exterior, que tal? É lucrativo ser da classe política hoje no Brasil. É um grande investimento…..

A indústria de pagamento de propinas, os “propinodutos” vão indo muito bem, obrigado. Repetimos: O que está realmente valendo é o desfrute de prazeres ilimitados. É a satisfação de todos os desejos materiais nesta “mina de ouro” para muitos que é ser político hoje no Brasil. A torneira que derrama o dinheiro público ainda não está fechada e acredito que tão cedo o será.

Entretanto, sabemos que a fé cristã oferece a base ética necessária para que tudo isto seja repudiado. O verdadeiro cristão que postula um cargo público, será, antes de tudo, altruísta porque visará unicamente o bem da sociedade. Será isento do desejo de entrar para a vida pública para satisfação de seus sonhos e prazeres materiais. Sua maior alegria será servir a Deus sevindo às pessoas. Seu prazer estará centralizado nisto. Quanto mais empregar suas habilidades e talentos e igualmente sua inteligência para uma excelente governança, agradará Aquele que o chamou e equipou para exercer um mandato visando o bem comum.

Como José do Egito, o político verdadeiramente convertido a Jesus, comprometido com os valores superiores do Reino de Deus, fará a diferença. José (Gn 41) por ter o Espírito de Deus (reconhecido pelo próprio Faraó) e ser fiel, não só interpretou o sonho deste como também apontou a solução para o grave problema da fome que se avizinhava. Imediatamente Faraó o promoveu a primeiro-ministro, porque reconheceu sua inquestionável capacidade e dons. Somente no povo de Deus é encontrada a verdadeira sabedoria para a resolução dos problemas humanos (Pv 9.10;15.33).

Repudiemos com veemência todo aquele que, declaradamente, exerce o cargo público visando seu auto-enriquecimento. Homem de Deus, se te sentes chamado, vocacionado a algum cargo público, faça-o no temor do Senhor, acima de tudo. Não desonre a Deus buscando a satisfação de prazeres efêmeros e ilícitos. Honre ao Senhor e lembre-se do que Sua Palavra diz sobre Seus servos, homens do quilate de José, Moisés, Davi, Daniel, que serviram ao Senhor servindo às pessoas sem visar prazeres e lucros pessoais. De Davi é dito assim pelo apóstolo Paulo: Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus….” (At 13.36a).

Somos diferentes do homem irregenerado, do homem natural. Como José, temos igualmente o Espírito de Deus (Jo 14.16; Rm 8.9; 1Jo 2.20,27). Porque tal homem (ou mulher), possuído pelo Espírito Santo, andando e vivendo n’Ele e sob a égide dos princípios do Reino de Deus, trará sim, muitos benefícios para a sociedade, caso seja eleito para exercer um mandato, qualquer que seja o cargo.

Se você concorda quanto ao que leu rogo-lhe que leia novamente e pense profundamente sobre tudo isto.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quando não nos preocupamos com os famintos e necessitados


O Evangelho de Mateus, cap. 15 vv. 32 a 39 descreve sobre a segunda multiplicação dos pães. Leiamos os versos 32 e 33: "E Jesus, chamando os seus discípulos, disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo há três dias, e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho. E os seus discípulos disseram-lhe: De onde nos viriam, num deserto, tantos pães para saciar a multidão?"

É notável o sentimento de Jesus pelas pessoas. A compaixão do mestre é mais uma vez demonstrada nesta passagem. Sua grande preocupação pelas necessidades básicas dos seres humanos. Alimentar-se, um ato natural e dos mais básicos para o homem, não passa despercebido da atenção e cuidado provedor do Senhor. Este efetivo cuidado de Jesus Cristo, o Filho de Deus, é de igual modo a preocupação de Deus Pai. O próprio Senhor Jesus disse: "Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas" (Mt 6.31,32).

O básico e necessário para a vida de todos. Deus promete isto em Sua Palavra. Todo ser humano, homem, mulher, criança, idoso, é alvo do paternal amor divino. Seu caráter benigno, Sua inerente bondade e misericórdia são mostradas diariamente a todos na providencial manutenção do mundo e dos recursos nele existentes (Mt 5.45; Sl 104). E nisso, não há distinção entre aqueles que O servem e os que não O servem. Sua benignidade e notória a todos (Gn 9.1-4).

Na passagem de Mt 15.33 que é a base desta nossa reflexão, os discípulos de Jesus indagaram-no sobre de onde poderia vir tanto alimento para aquela multidão. O texto diz que eram quatro mil, somente homens, além de mulheres e crianças (v.38), ou seja, poderia haver ali entre quatro e sete mil pessoas. O texto diz que "todos comeram e se saciaram" (v.37) e, além disso, daqueles originais sete pães e alguns peixinhos (v.34) sobraram sete cestos cheios de pedaços (v.37).

Não deveria a Igreja de Cristo sobre a terra, a igreja militante, refletir acerca desse episódio? Aquela já era a segunda multiplicação de alimentos que Jesus fizera. Ele estava demonstrando aos Seus discípulos na prática o que de fato era importante, aquilo que deveriam prestar a máxima consideração. As pessoas e suas mazelas. Jesus havia curado coxos, cegos, mudos, aleijados e muitos outros (v.30). Nos versos antecedentes, libertara a filha de uma mulher estrangeira dos demônios que a possuíam (vv.21-28). Atendimento individualizado, pois. Em seguida, passa a ministrar à multidão. E depois, ainda provê o mantimento necessário ao corpo, pois estavam com o Senhor há três dias, já não tinham o que comer e, em jejum, poderiam desfalecer pelo caminho, após serem despedidos por Jesus, como Ele próprio mencionara (v.32).

Às vezes penso que a igreja cristã, em seu afã de sucesso e prosperidade, em realizar mega-eventos, em propor um evangelho de brilho e "notoriedade", justamente aí perde toda sua força, a força que provém da prática do verdadeiro Evangelho, vivido por Jesus Cristo em Seu glorioso ministério terreno e ensinado aos Seus discípulos. Quando não nos preocupamos com os famintos e necessitados, somos irrelevantes para o Reino de Deus, que é maior do que a igreja cristã, posto que esta é somente uma agência do Reino.

Pregar o Evangelho de Cristo e praticá-lo diuturnamente por todos individualmente e também na coletividade do Corpo de Cristo, realmente constitui-se em um grande desafio. Mas o Dono da Igreja ordenou que vivêssemos em plena dependência d'Ele (Jo 15.4, 5). Como bem frisa o Senhor neste texto, se estivermos de fato n'Ele, daremos muito fruto. Fora d'Ele nada poderemos fazer. Até tentaremos, mas será inútil.

A irrelevância é a tônica em muitos segmentos do Corpo de Cristo. O texto do apóstolo Paulo em 1Co 12.4-7 diz: "Ora, há DIVERSIDADE DE DONS, mas o Espírito é o mesmo. E há DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS, mas o Senhor é o mesmo. E há DIVERSIDADE DE OPERAÇÕES, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos." Que coisa fantástica vemos aqui. DONS, MINISTÉRIOS E OPERAÇÕES e tudo isto com DIVERSIDADE, sendo O MESMO DEUS QUE OPERA TUDO EM TODOS!

Acredito que, por meio deste e de outros textos, que o Senhor gabaritou Sua Igreja para muito bem representá-lo neste mundo. Para dar um testemunho do Evangelho e isto com o mais elevado padrão e com o "dunamis", o poder do Espírito Santo (Rm 1.16). Assim, é que lamentamos profundamente não só as várias divisões que acometem o Corpo, mas igualmente aqueles que propagam um "outro evangelho" (Gl 1.6-8) que serve somente para sinalizar a irrelevância de seus proponentes. São, na verdade, "sal sem sabor", insípidos e que servem somente para serem pisoteados pelos homens, o que na verdade está acontecendo (Mt 5.13).

Mais do que nunca, o crente individualmente e a Igreja enquanto Corpo de Cristo, deverá expressar plenamente o que Jesus ensinou e praticou. É hora de voltarmos à essência do Evangelho. É certo que muitos já vivem desta maneira, mas é necessário multiplicar o número de discípulos que repudiam a prática de um evangelho de comodidades, mundano, materialista, surreal e miseravelmente irrelevante. Não liberta, não cura e não alimenta as almas e corpos dos homens.

É tempo de pensar nisto. Antes que seja muito tarde.

sábado, 11 de setembro de 2010

O péssimo testemunho da intolerância “cristã”

Em 25 de agosto postei uma mensagem sob o título “A expansão do Islã diante de nossos olhos” onde fazia menção da atitude dos seguidores de Alá na Bienal do Livro em S.Paulo, distribuindo kits gratuitos com publicações sobre a fé islãmica. Pois bem, uma ação de “evangelismo” que eles faziam de forma ordeira, democrática e passiva. Até indaguei se porventura algo semelhante havia sido orquestrado pelos cristãos no referido evento. Até onde soube, nada semelhante havia sido feito mas eis que surge uma notícia que deixa a todos nós preocupados e envergonhados. Um “pastor” norteamericano disse que, se uma mesquita e um centro cultural islâmico fossem contruídos próximo ao local onde estavam as torres do WTC, o Marco Zero, ele queimaria em público exemplares do Alcorão.

Ora, tal ação é temerária por vários motivos. Primeiramente, se questiona que fé é essa que arbitrariamente acha que deve violar o que é tido por sagrado em outra religião. A intolerância e a violência, que invariavelmente lhe segue, não foi ensinada por Jesus a seus discípulos. João disse ao Senhor que ele e seus companheiros proibiram um homem de expulsar demônios em Seu Nome, porque o tal não lhes acompanhava, não fazia parte do mesmo grupo. Jesus então lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós, é por nós” (Lc 9.49,50).

Uma outra questão é que este “pastor” (entre aspas sim, pois o que ele pretende fazer não traduz o espírito de um verdadeiro pastor cristão), anuncia tal intenção num momento de tensão envolvendo o Islã e os Estados Unidos, já que um projeto para construir uma mesquita perto do local dos atentados de 11 de Setembro está sendo alvo de protestos. Ele declarou: Vamos mandar uma mensagem clara ao islã radical (...) de que a sharia (lei islâmica) não é bem-vinda na América”. Acrescentando, disse ainda: “Nossa queima do Corão é para ressaltar que algo está errado”, disse. “Há algo muito errado com nossas políticas quando nós observamos um prédio cheio de pessoas morrendo porque nossas políticas não nos permitem fazer nada. Como acontece agora. Nós não estamos convencidos de que recuar é a coisa certa. Assim, em 11 de setembro, nós vamos continuar com o evento que planejamos.”

Inacreditável. Como um líder de uma igreja que não tem mais de 50 membros, possa causar todo este rebuliço nas relações entre cristãos e muçulmanos? A secretária de estado Hillary Clinton declarou que a atitude de Terry Jones “não representa os americanos, o governo americano ou as lideranças políticas e religiosas do país”. Este senhor conseguiu (a nós nos parece que era o que exatamente queria) chamar a atenção sobre si e sobre sua cruzada ignóbil.

O momento seria de exatamente procurar uma conciliação entre as partes visando uma ambiência de paz entre cristãos, muçulmanos e todos os demais. Não se resolvem as coisas desta maneira, fomentando mais violências. Vários líderes, a começar do presidente Barack Obama, condenaram as intenções de Jones. Se tal fato se concretizar, podem-se esperar violentas retaliações dos muçulmanos em todo mundo, inclusive dentro do próprio território americano. Obama fez um apelo no sentido de que haja tolerãncia religiosa entre todos.

O radicalismo islâmico matou em torno de 2.752 pessoas nos atentados às torres do World Trade Center há nove anos. Parece que certas pessoas não conseguem conviver com isso e querem inflamar os sentimentos de todos com atitudes intolerantes e igualmente radicais. Radicalismo não se combate com outros radicalismos. Radicalismo se combate com amor. Amor verdadeiro de Deus. Amor demonstrado na morte de Seu Filho na cruz do Calvário.

Nenhum pretenso cristão como este senhor que se diz “pastor” deveria fomentar a vingança contra a violência sofrida. Está escrito: A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.17-21). Portanto, não atentemos para o péssimo testemunho deste “pastor”.

A passagem que acabamos de ler deve consistir-se na verdeira atitude do cristão. É assim que Deus quer que ajamos. Amor em ação.

Certamente, este amor prático não deve prescindir da pregação e do testemunho do verdadeiro Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os muçulmanos devem ser persuadidos a conhecer ao verdadeiro Deus. Todavia, isto deve ser feito (porque Jesus ordenou que assim o façamos conforme a Grande Comissão) com muito amor, com muita graça, com muita mansidão e discernimento, direcionados sempre pelo Espírito Santo.

Que neste 11 de setembro de 2010 possamos todos nós, seguidores de Cristo, lembrarmos e pensarmos muito sobre tudo isto. Repudiamos veementemente toda e qualquer espécie de retaliação, até porque os muçulmanos, homens e mulheres como todos nós, não consistem em nossos verdadeiros inimigos. JESUS OS AMOU E MORREU POR ELES, DEVEMOS LHES ANUNCIAR ESTA MENSAGEM. É o que este senhor (pastor?) deveria estar fazendo. Que Deus pelo Seu Espírito o convença de seu erro. Amém.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O antiintelectualismo a serviço das eleições

É um fato comprovado de que o povo brasileiro é um dos que menos lê no mundo. E também proporcionalmente, a quantidade de cidadãos que possuem um curso superior, comparado com a população de nível superior na Coréia do Sul, por exemplo, é muito menor. O número de analfabetos funcionais também é fato reconhecido. Pessoas que lêem mas não entendem ou não sabem interpretar o que leram. Tudo isto é muito lamentável e preocupante.

John Sott em seu pequeno, mas notável livro Cristianismo Equilibrado (CPAD, 1982), diz que a fuga da razão é um sinal distintivo da vida secular contemporânea” (p. 21). E discorre sobre o que aconteceu nas eleição presidencial norte-americana de 1960 em que Richard Nixon perdeu para John Kennedy. Citando Joe McGuiness que escreveu The Selling of the President 1968 (A Venda do Presidente, 1968): “Os organizadores da campanha ficaram convencidos de que Nixon perdera a eleição para Kennedy, em 1960, porque Kennedy tinha uma imagem televisiva bem melhor que a de Nixon. Então consultaram Marshall McLuham para orientá-los em como fazer com que Nixon se ‘projetasse eletronicamente’, em como transformá-lo de ‘um advogado seco e sem graça’ em um ‘ser humano afetuoso e animado’. ‘Política’ – o professor Mcluham assegurou-lhes - ‘é apenas uma ciência racional’. ‘Eleições’ – insistiu - ‘não são ganhas na bancada eleitoral apresentada, mas nas imagens’. ‘Faça os eleitores gostarem da cara do sujeito’ e a campanha está virtualmente ganha” (idem).

Se isso se passou na nação mais desenvolvida do mundo, com tantos recursos, com uma pujante economia e com tantas universidades de renome, o que dizer do Brasil, que poderá eleger um candidato a presidente da república, sem analisar criteriosamente suas propostas e as de seu partido?

A ausência de leitura, a incapacidade de se fazer uma análise crítica da realidade, a mente despojada da capacidade de filtrar as informações ponderando-as com critérios racionais, torna as pessoas vulneráveis ao recebimento de propostas sem arguí-las adequadamente e sucumbir também ao discurso populista. Acredito que Hugo Chávez na Venezuela tenha alcançando uma grande aceitação nas camadas pobres da população (que são a maioria) devido a esta incapacidades citadas à pouco. Seu discurso e propostas são aceitos sem a devida ponderação (salvo honrosas exceções, que sofrem sistemática censura da parte de Chávez), mesmo com seus desmandos e imposições autoritárias.

Por aqui se aproximam as eleições e tememos que o antiintelectualismo de muitos, ou seja, o menosprezo a qualquer ponderação crítica equilibrada diante das propostas (se houverem) e dos fatos, possam fazer com que seja eleito um candidato ou por sua aparência pessoal, ou por sua oratória, ou performance nos debates, ou ainda, o que é mais grave, pela provável indução levada a efeito pelos institutos de pesquisas de intenções de voto, suspeitos de estarem manipulando as pesquisas para que o povo inadvertidamente possa votar no candidato que (supostamente) lidera a corrida à presidência.

Lamentavelmente também e até porque não dizer, em maior volume, este antiintelectualismo é corrente entre o povo de Deus. Os cristãos são de escassos hábitos de leitura, muito embora nos últimos anos houvesse uma ligeira queda nos números daqueles que não cultivavam hábito tão salutar e essencial. Mas ainda permanece um certo obscurantismo em certos setores do espectro cristão. Muitos não conseguem discernir com a devida acuidade a conjuntura do momento. Certamente ajudarão a eleger o candidato que lidera as pesquisas, mas que não teve a leitura imprescindível que deveria estar sendo feita de suas propostas.

Não podemos deixar de mencionar a atitude deplorável de determinados líderes, pastores, que, “passando-se por mais esclarecidos” do que o restante do rebanho, aderem a determinada candidatura, muitas vezes movidos por simpatias pessoais e até alguns conchavos, buscando auferir vantagens para sua igreja ou denominação, caso o candidato escolhido seja eleito. O povo, à mercê destes insensatos dirigentes, é “convidado” a votar neste ou naquele candidato. Uma desonra para o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Gostaria de recomendar a todo cristão que exerça o seu inalienável direito de votar conforme sua consciência. Conciência esta, supondo-se cristã, eivada dos princípios da Palavra de Deus. Com inteligência e bom senso, o crente pode desempenhar um papel fundamental em nossa democracia, ajudando a eleger os candidatos aos cargos pleiteados nestas eleições (presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual). Não caia na conversa mole de tantos que querem desvirtuar sua capacidade intelectual. Deixe todo o preconceito contra a pesquisa e o estudo de forma que um saudável discernimento possa tomar lugar em sua vida.

Amemos a leitura e o estudo. A Bíblia diz em Pv 4.5-7: Adquire a sabedoria, adquire inteligência, e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não a abandones e ela te guardará; ama-a, e ela te protegerá. A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento.” Somente através da leitura, estudo e meditação da Palavra de Deus, o crente adquirirá sabedoria, entendimento e discernimento. E também através da leitura e estudo de bons livros nas várias áreas do conhecimento humano, o obscurantismo de tantos não lhe será uma companhia, visto que exercerá uma salutar e responsável mordomia de seu intelecto.

De você ainda não tem o hábito da leitura, ainda há tempo de reverter esta situação qualquer que seja sua idade ou nível de conhecimento. Procure em sua igreja os irmãos que são reconhecidamente estudiosos, que gostam de ler. Indague a eles sobre seus hábitos. Peça-hes sugestões de leitura. Fuja do convencional padrão de obscuridade de muitos. E lembre-se destas eleições, não se deixe levar por opiniões de quem quer que seja. Exerça seu senso crítico para a glória de Cristo. O bem de nossa pátria passa pela sua rejeição à antiintelectualidade. Não corteje mais a mediocridade.

Pense nisto.