terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Reflexões no último entardecer de 2013

MAIS UM ANO que está findando. Para mim 2013 foi um ano de alegrias mescladas com decepções. Um ano onde percebi coisas que em mim não imaginava ser como foram e outras tais que me alegraram sobremodo. Mais em tudo o que podemos aproveitar, quer sejam alegres sentimentos ou sombrias constatações, em tudo, a nossa alma sai fortalecida de algum modo. Visto que temos como característica a ambigüidade em muitos matizes, devemos entender que a vida não nos dará, muitas vezes, o que desejamos como o de mais precioso. Sucumbimos aos efeitos deletérios do pecado herdado de Adão (Rm 5.12, 17-19). E para nós que servimos a Cristo, o que poderia ser mais desejável que estreitarmos ainda mais nossa relação com Ele? Mas não é isso que muitas vezes ocorre. Às vezes nos sobrevêm uma sucessão de altos e baixos em nossa vida espiritual, como ocorreu com os israelitas no tempo do livro de Juízes. O que caracterizou aquela geração foi exatamente sua inconstância. Essa inconstância tomou-me de assalto em muitos momentos deste ano. Eu tenho fé no Senhor de que em 2014 as coisas serão de outra maneira.

O ESPÍRITO SANTO proporciona àquele que permanece em Cristo, mesmo tendo em si tantas fraquezas, o fortalecimento para que ele persevere ainda mais. Toda alma que insiste, com a graça de Deus, em permanecer sob a direção do Espírito de Deus, é ainda mais agraciada para que não esmoreça, para que não desista, para que não pare em seu desenvolvimento espiritual. Quando Paulo disse aos Filipenses: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (1.6) estava implícita uma promessa de que o SENHOR jamais desistiria de algum de seus filhos. Em Deus ninguém fica para trás!

MINHAS RAZÕES são ainda mais fundamentadas quando contemplo a Palavra de Deus de forma panorâmica e consigo entender em parte (pois nunca conseguiremos fazê-lo inteiramente) o inigualável amor de Deus. O trato que Ele dispensou para com Israel, mesmo em face de inúmeros pecados, demonstra o quanto também Ele nos ama e têm enorme interesse em nos conduzir avante. Todos deveríamos saber que estamos aqui como peregrinos e forasteiros (1Pe 2.11) e que aqui não é nosso lugar de descanso (Mq 2.10). O SENHOR tem prometido nos preparar lugar para que estejamos com Ele para sempre, pois Ele prometeu vir nos buscar (Jo 14.3). Portanto, precisamos descansar em tais promessas. Elas demonstram o grande amor e cuidado que nosso Redentor e Mestre têm por cada um de nós que guardamos a Sua Palavra.

ISSO TUDO, por conseguinte é para mim uma verdadeira motivação para o ano que se iniciará dentro de algumas horas. Saber que o SENHOR me ama e deseja o meu bem, que Ele me confere seu perdão, sua restauração, seu cuidado, é por demais alentador. Por causa de minha natureza tendente ao erro, tenho muitas vezes desanimado, achando que o preço de seguir a Cristo é alto demais. Ora, Ele só pede que eu o siga, que renuncie a mim mesmo, que abandone tudo por amor a Ele. E cada dia mais eu tenho compreendido que fazer isto é sinônimo mesmo de felicidade, de verdadeiro bem-estar, isto em um mundo que glorifica o hedonismo como forma legítima de viver, encontro essa pérola no Evangelho: de que amá-Lo, fazendo o que é agradável a Seus olhos, me autentica como ser humano e suscita uma alegria e uma paz que o mundo não pode dar, muito menos compreender (Jo 14.27; 16.33).     

RECONHEÇO INTEIRAMENTE o quanto entristeci ao Espírito de Deus que habita em mim (1Co 6.19; Ef 4.30). Tenho plena consciência do que fiz no decorrer do ano que contribuiu para isso. Mas lembro igualmente o quanto o Consolador me falou ao coração, o quanto me atraiu com cordas de amor, para que eu pudesse novamente ter paz e estar em plena comunhão com Ele. Disso tenho grata lembrança e me alegro sobremaneira, embora até mesmo me envergonhe um pouco pela minha fraqueza, debilidade e rebeldia e recorrência na prática do pecado.

FINALIZO ESTA DERRADEIRA reflexão do ano olhando para trás, introspectivamente e compreendendo um pouco mais minha natureza rebelde e contrária aos desígnios divinos, como o apóstolo Paulo tão bem descreveu (Rm 7). Mas continuarei, perseverarei, tomarei posse ainda maior das promessas bíblicas, não deixarei jamais de olhar firmemente para Jesus, Autor e Consumador de minha fé (Hb 12.2). Sei que o justo não ficará prostrado, pois o SENHOR o sustém em Suas mãos (Sl 37.24). Por isso, findo o ano de 2013 e inicio o ano de 2014 plenamente confiante, apesar de saber quem eu sou e de saber também que Ele sabe muitíssimo bem quem sou eu. E é esse conhecimento dEle sobre mim que me dá paz, alegria e esperança renovada. O SENHOR é Justo, Fiel e Verdadeiro.  

O SALMO 145.18 assim diz: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade.” É precisamente assim que viverei no ano de 2014, ainda mais invocando a Presença do SENHOR em minha vida, ainda mais me achegando a Ele, pois Sua proximidade de mim é promessa que inspira um viver mais santo e mais confiante, para que eu cresça e seja ainda mais semelhante a Jesus. Romanos 8.29 deixa clara a vontade de Deus neste sentido: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”


DESEJO DE TODO MEU CORAÇÃO um feliz 2014 e que o SENHOR também sobre ti continue Sua maravilhosa obra de moldar-lhe diariamente o caráter até aquele grande Dia do retorno de Jesus!  

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Pastores não são super-heróis ou, o mito da infalibilidade pastoral

SOMOS DE UMA CULTURA que ama ter e cultivar seus heróis. Creio que isso se deve à influência da cultura de massas que caracteriza nosso tempo resultante da hipervalorização da mídia. Os Estados Unidos protagonizam quase tudo o que se refere à indústria cultural. E também, fenômenos variados que são notícia recorrente em nosso tempo. Para nós cristãos evangélicos brasileiros, muitas coisas que acontecem lá repercutem fortemente aqui. Principalmente em assuntos que se reportam à Igreja de Jesus. É inegável a influência estadunidense. Até mesmo no tocante às muitas seitas pseudo-cristãs (Mormonismo, Testemunhas-de-Jeová, Ciência Cristã,  e mais recentemente, a Teologia da Prosperidade), bem como o fenômeno das mega-igrejas, todas são originárias da terra de Tio Sam.

POR ISSO É QUE estarrece, choca e assusta, a notícia que li nesta manhã em um determinado site de notícias cristãs acerca do suicídio de três pastores evangélicos norte-americanos. É isso mesmo que você acabou de ler. Três pastores se suicidaram. Deram cabo da própria existência. Se auto-extinguiram.

OS PASTORES são os seguintes: Teddy Parker Jr, 42 anos, da Igreja Batista Bibb Mount Zion, na Geórgia que tirou a própria vida com um tiro na cabeça,  Eddy Montgomery, da Assembleia Internacional do Evangelho Pleno, cometeu suicídio também com arma de fogo e isto na frente de sua mãe e de seu filho, sendo que este pastor estava de luto pela morte de sua esposa e Isaac Hunter, ex-pastor da igreja Summit em Orlando, Flórida, não se sabe ainda como teria cometido suicídio.

POR ESTA RAZÃO é que iniciei este texto argumentando sobre ter e cultivar heróis próprio de nossa cultura massificada. Os heróis em questão seriam os pastores. Por que afirmo isto? Porque certamente eles deveriam sofrer tensões de todo tipo, principalmente aquela em que acreditavam de que deveriam passar a imagem de inatingíveis pelos problemas do comum dos mortais, de homens de Deus que pairam vitoriosamente acima de toda a problemática existencial humana, seriam eles os que teriam as soluções perfeitas para todo e qualquer desajuste na vida das ovelhas de sua igreja ou de qualquer pessoa que lhes pedissem ajuda. Ora, certamente que, pastorear ou ministrar para preencher as expectativas das pessoas é algo humanamente insustentável. Mas eles devem ter prosseguido, não atentando para suas próprias e inegáveis fragilidades e entrando de corpo e alma no jogo do Inimigo de usar algo excelente e estabelecido por Deus como o ministério pastoral (1Tm 3.1-7) para derrubar aqueles que foram capacitados pelo Senhor para conduzir a Seu rebanho.

OS PROBLEMAS HUMANOS são muitas das vezes, complexos em sua essência. Ninguém consegue carregar o fardo de situações-limite em sua própria vida: morte em família, acidentes graves, separações conjugais, desemprego, etc. Para isso, o pastor deve ter a consciência de que deveria idealmente, ter alguém a quem prestar contas regularmente. Poderia ser outro pastor, quem sabe já jubilado de suas funções ministeriais, ou, algum outro que se notabilizasse por seu equilíbrio, sua profunda comunhão com Jesus, seus dons inegáveis  a serviço do Reino. 

NÃO TIVE ACESSO obviamente às particularidades de vida e ministério de cada um desses servos de Deus. Minha reflexão se baseia nas poucas observações ao redor. Não estou julgando aos mesmos pois, assim como eu mesmo, eles têm o mesmo Juiz competente e Todo-Poderoso para julgar as motivações do coração conforme Jr 17.10: "Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações." Os pastores não podem continuar, muitos deles, eu diria mais, inúmeros deles, a acharem que estão acima das situações que todo ser humano está sujeito, passando a imagem de que estão acima do bem e do mal, tendo conselhos prontos e respostas aceitáveis para toda indagação de quem deles precisarem. E quanto a eles, quantas indagações, quantas frustrações, quantas tentações têm rondado suas vidas e eles posando (e isto demonstra por si só sua inerente fraqueza) de super e infalíveis heróis?

EXISTEM MUITAS ESTATÍSTICAS e pesquisas acerca de como os pastores enfrentam problemas tais como depressão, esgotamento físico e mental e outros. O Instituto Schaeffer divulgou estudo em que se constatou que 70% dos pastores lutam continuamente com a depressão, 71% deles encontram-se esgotados emocional e fisicamente e, incluso está o fato de que 72% dos pastores afirmam que só se dedicam ao estudo das Escrituras apenas quando precisam preparar sermões, 80% acreditam que o ministério pastoral têm afetado negativamente suas vidas e famílias e 70% confessam não ter um amigo verdadeiro e sincero ao qual possam recorrer nos momentos críticos.   

DIANTE DESSES NÚMEROS estarrecedores, é preciso que se denuncie o mito da infalibilidade pastoral com toda veemência visando uma tomada de decisão destes servos de Deus para serem transparentes e sinceros consigo mesmos, com suas famílias, com suas congregações e, principalmente, com Aquele que lhes chamou e capacitou. 

CHARLES JEFFERSON em sua obra clássica The Minister as Shepherd alista as sete funções básicas de um pastor genuíno, são elas: 1- Amar as ovelhas; 2- Alimentar as ovelhas; 3- Resgatar as ovelhas; 4- Cuidar das ovelhas e consolá-las; 5- Guiar as ovelhas; 6- Guardar e proteger as ovelhas; 7- Vigiar as ovelhas. Todas elas são funções importantes em si mesmas, porém as duas últimas a guarda e a vigilância podem ter um peso maior de responsabilidade. A vigilância pastoral refere-se à guarda e proteção do rebanho do massacre espiritual que pode ser evitado, ou seja, perigos espirituais tais como pecado, falsos ensinos e falsos mestres. Esta é função de uma sentinela (Lc 2.8; At 20.28,29; 1Pe 5.2,3). O pastor verdadeiro vai priorizar ao máximo à segurança do rebanho de Cristo. Mas a pergunta inevitável é: Quem vai cuidar dos pastores? Se eles se esgotarem, apresentarem problemas vários, com quem poderão contar no Corpo de Cristo para ministrarem aos seus próprios problemas?

SÃO VÁRIAS AS RAZÕES que levam uma pessoa a cometer suicídio. Os pastores citados não estavam de forma alguma livres de problemas que afetam a todos nós. Infelizmente, não se sabe se em algum momento procuraram ajuda ou se preferiram internalizar seus próprios problemas de forma permanente e isto acabou arrastando-os ao ato extremo. Satanás obviamente trabalhou em todas estas situações cooperando para afundar os servos de Deus no desespero existencial. É notório que a Bíblia deixa clara a atividade demoníaca em nossas vidas, procurando brechas onde possa encastelar-se para dali desferir um ataque mortal (2Co 2.10,11; 1Pe 5.8) e temo de que foi precisamente isto que sucedeu com os três pastores. Em meio a situações de extremo stress, pressões do trabalho pastoral, expectativas a serem cumpridas, pressão por resultados, problemas conjugais ou outros, muitos pastores podem estar exatamente neste instante em meio a uma tempestade existencial no qual também poderão ser tragados. O que fazer diante disso?   

ACREDITO DE TODO CORAÇÃO que uma Igreja unida plenamente a seu Cabeça, Jesus Cristo, onde ocorre o seguinte: "Do qual corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor" (Ef 4.16), ou seja, o pastor também é parte do Corpo, e contribui para o aperfeiçoamento e edificação do mesmo (Ef 4.12), apesar disto, ele não está numa posição central e destacada como se não precisasse do auxílio dos outros, mas precisa ter o discernimento necessário para se aperceber de que a vontade de Deus é que no Corpo de Cristo, a Igreja, os membros cuidem uns dos outros e isto inclui sim o próprio pastor. Ainda na Epístola de Paulo aos Efésios, é dito que pastor é um dom ministerial (Ef 4.11). Não se está afirmando em lugar algum da Bíblia que seja um super-dom, por exemplo, no sentido de que, se alguém o recebe de Deus, estará automaticamente imune aos problemas de todos os "meros mortais" ou que seja infalível em tudo que faz ou fala como pastor que é. Um pastor não têm de fingir que não possui problemas. Todos eles são bem humanos em sua essência, mesmo que tenham uma pregação abençoada, um ensino profundo, sejam grandes conselheiros, sejam dotados de muitos outros dons e capacidades espirituais. Tanto o apóstolo Pedro como o apóstolo Paulo eram pastores e sujeitos estavam a muitas fraquezas. Paulo mesmo disse que dependia da graça de Deus sobre sua vida (2Co 12.1-10) e foi assim que ele viveu e ministrou, pleno em fraquezas (2Co 11.23-33) mas cheio do Espírito de Deus. Além de tudo, ele estimava muito a amizade de seus companheiros de ministério bem como dos demais membros das igrejas por onde passava, prova disso são suas palavras de despedida ao final de quase todas suas epístolas onde cita nominalmente alguns desses companheiros e irmãos e percebemos o amor e a afetuosidade de Paulo por todos eles (Rm 16; 1Co 16; Cl 4; 2Tm 4; Tt 3; Fm).  

EU CONCLAMO A TODOS, pastores e não-pastores como eu mesmo, para que reflitamos uma vez mais nas palavras de Paulo que estão registradas em 2Co 6.3-10: "Não dando nós escândalo em coisa alguma para que o nosso ministério não seja censurado; antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo." 

NOSSO TEMPO PRESENTE têm testemunhado a queda de muitos pastores. Os pastores que se suicidaram nos EUA nestes últimos trinta dias, infelizmente, mancharam seus nomes e sua memória ao cometerem o desatino do homicídio contra si mesmos. Creio firmemente no poder da autoridade que possui a Palavra de Deus, poderosa em si mesma para conduzir o pastor em sua jornada terrenal, até encontrar naquele grande Dia ao Sumo Pastor, Jesus Cristo. Creio que é possível uma igreja local que seja apegada à Palavra de Deus e tenha entre seus membros, pessoas capacitadas pelo Espírito Santo que, em amor, podem sim ministrar sobre a vida de seu pastor ou pastores. Creio que os recursos para a solução dos problemas que acometem as vidas dos crentes em Cristo e particularmente aqueles que foram chamados para exercer o ministério pastoral, estão todos na Bíblia em seus 66 livros que nos foram outorgados conforme as palavras inspiradas de Pedro: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelos quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo" (2Pe 1.3,4). Notemos que o texto diz que DEUS nos deu TUDO o que DIZ RESPEITO À VIDA E PIEDADE por meio do CONHECIMENTO daquele que nos chamou e que ELE NOS TEM DADO GRANDÍSSIMAS E PRECIOSAS PROMESSAS e assim sejamos participantes de SUA NATUREZA DIVINA E ASSIM ESCAPARMOS DA CORRUPÇÃO que há no mundo. TUDO ISTO ESTÁ DISPONÍVEL SOMENTE PELA PALAVRA DE DEUS, A BÍBLIA SAGRADA!

APEGUEMO-NOS POIS firmemente aos mandamentos e às promessas das Escrituras. Os pastores não são super-heróis, é mentira diabólica se imaginarem infalíveis. Não são auto-suficientes e estão carregados de fraquezas como todos os demais. Urge nestes dias pastores fiéis sim, humildes, capacitados espiritual e intelectualmente sim, mas reconhecedores de sua inerente humanidade e fraqueza. É de pastores assim, onde possa repousar a graça de Deus ao qual Paulo se referiu (2Co 12.1-10) de que a Igreja do Senhor precisa.

AMADOS PASTORES, não continuem a  cultivar a imagem de heróis ou auto-suficientes. Reconsiderem sua fraqueza e humanidade. Sejam sábios e humildes em suas vidas e em seus ministérios. Procurem os vasos de Deus que Ele pode levantar para lhes ajudarem, se for o caso. 

VOS CONCLAMO POIS em o nome do Senhor Jesus a que pensem nisso....... 


  















domingo, 8 de dezembro de 2013

A possibilidade da graça divina no ser e no ter

É NORMAL QUE VIVAMOS de forma desequilibrada a vida cristã? Não seria possível vivermos de uma maneira equilibrada como a Palavra de Deus alerta e exorta que deveríamos viver? Será que sempre teremos um movimento de pêndulo, movendo-nos para cá e para lá ao sabor dos ventos de nossa natureza carnal e dos apelos mundanos e tendo como pano-de-fundo as sutilezas do maioral dos demônios?

SABEMOS QUE A VIDA cristã é uma vida de renúncia e resignação. Mas em nossa presente sociedade onde se valoriza maiormente o capital, o apelo para o consumismo é sobremodo grande. O apelo do TER é muito maior do que o SER.

PARA O CRENTE EM JESUS existe algo que sobrepassa os apelos da modernidade e permite que vivamos em comunhão com Ele na medida que permitirmos o operar do Espírito Santo em nós. Eu me refiro à GRAÇA DE DEUS. Somente a graça do Eterno nos garantirá uma vida santa neste mundo pecador. Os apelos da carne e as tentações mundanas aliadas dos ardis do diabo são presença constante em nossa caminhada neste mundo. Precisamos demais da ajuda forte de nosso Senhor. 

NÃO SE CONSTITUI EM PECADO termos o desejo de adquirir bens. Sejam eles bens materiais ou intelectuais, aumentar nosso patrimônio nessa vida, não é em si ilícito. O limite desta questão, todavia, foi bem caracterizado pelo Senhor Jesus: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntais tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam" (Mt 6.19,20). É necessário pois que o cristão não se deixe encantar pela abundância de bens que possua: "E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lc 12.15).

OLHANDO DE UMA perspectiva bíblica e equilibrada, que produzirá saúde espiritual para quem assim proceder, o cuidado com a avareza nunca será demais frisar. O grande mal de uma sociedade que valoriza o consumismo e o capital, está justamente na cobiça natural do homem decaído.

UM OUTRO ÂNGULO de toda esta questão está no desejo de sermos alguém. De conseguirmos sucesso na vida em nossa profissão. Bem ligado a isto estaria o sucesso intelectual. Diplomas, lauréis, títulos acadêmicos. Queremos, e isto é algo muito natural, sermos reconhecidos. Alcançar a máxima distinção na vida. Ser alvo de admiração da parte de muitos.

TODAVIA, NECESSÁRIO SE FAZ que atentemos novamente para o que dizem as Escrituras. O apóstolo João em sua primeira epístola escreve sobre "a soberba da vida" (1Jo 2.16). "O orgulho pelas coisas da vida" (NTLH) ou, "a ambição pelas coisas desta vida" (NBV), o "parecer importante" (Bíblia A Mensagem), "a ostentação dos bens" (NVI) tudo isto nestas versões bíblicas corroboram também o texto de Tiago 4.4: "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se em inimigo de Deus." 

O EQUILÍBRIO QUE SE ALMEJA está justamente no meio-termo. Neste quesito sobre o "ser", de igual maneira. Assim como refleti no tocante ao "ter", o cristão deverá compreender de que mal nenhum há em desejar sucesso nos estudos ou em sua profissão. Isto inclusive honrará a Deus, na medida em que o crente compreende de que tanto o crescimento intelectual, como profissional podem ser fatores que ajudarão em seu testemunho cristão no mundo. O que Deus espera de Seus filhos é de que eles sejam sábios e não alimentem quaisquer soberba, orgulho, ambição, aparências e ostentações que o farão infrutíferos na vida piedosa, por mais admirados e festejados que sejam pelas pessoas do mundo. 

NÃO É DE HOJE de que aqui em nosso país, a fé cristã evangélica possui uma faceta maligna tanto no tocante ao "ser" como no "ter". A teologia ou evangelho da prosperidade, detonou nas vidas de muitos cristãos a "graça de viver pela graça". Valores do capitalismo mais selvagem e devorador invadiram as igrejas no Brasil e vemos a cada dia o crescimento desse "outro evangelho"  (Gl 1.6-9) que afasta cada vez mais o crente da graça de Deus. Assistimos estarrecidos o desfile de vaidades na mídia "gospel", ouvimos as bizarrices doutrinárias, as invencionices humanas travestidas de "puro evangelho". São campanhas sobre campanhas para se obter vantagens materiais, "bençãos" que não possuem nenhum poder de suscitar alguma transformação nas pobres almas enganadas. Crescimento cristão, ser como Jesus? Impossível. Eles estão a bordo de outro evangelho.......

TODAVIA, EU LOUVO A DEUS, diante da verdade eterna de Sua Palavra! Glorifico ao Eterno porque em meio ao que assistimos, Sua graça é real e atuante. Gosto demais do que o apóstolo Paulo fala no texto de Tito 2.11-14 (ARA): "Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras."  Aprendemos nessa passagem magistral o poder da graça de Deus. É uma graça salvadora e ao mesmo tempo, educadora. Ela se manifestou salvadora, trazendo em seu bojo toda a beneficência do Evangelho de Jesus Cristo para o pecador. Esta graça também é ensinadora, educadora, no sentido de nos apontar o caminho da renúncia pessoal, fazendo com que cada um de nós renegue a impiedade, o mundanismo, a pecaminosidade inerente de cada um de nós. Em seguida, esta mesma graça faz com que aguardemos Jesus Cristo retornando pela segunda vez a este mundo, esta é a "bendita esperança" (v.13) retorno este que será apoteótico, magnífico, deslumbrante, pois o texto diz que será "a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo" (v.13), nosso Redentor que entregou-se por nós e trouxe-nos uma "uma tão grande salvação" (Hb 2.3).

TUDO ISSO FOI a operação da graça de Deus! Por isso, o cristão pode continuar confiante em sua jornada terrenal pois a provisão de Deus não falha, jamais falhará. Como não falhou em relação aos israelitas no deserto durante a peregrinação (Dt 8.1-4). Apesar da rebeldia do povo, quando lemos o relato bíblico das peregrinações dos israelitas, ficamos admirados com a quase incompreensível graça de Deus, provisionando para o povo tudo o que lhes era necessário durante a viagem a Canaã: "E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite" (Êx 13.21).

SEJAMOS POIS UMA NOVA GERAÇÃO de crentes em Jesus que acredita piamente na possibilidade da graça divina e para que sejamos nesse mundo o que Ele planejou (sermos conforme a imagem de Seu Filho, Rm 8.29). E para que tenhamos nessa vida, aquilo que nos seja necessário, (conforme está registrado em 1Tm 6.7,8). Uma ressalva: Ser crente em Jesus, sincero, leal, constante, verdadeiro não está necessariamente em conflito com o sucesso acadêmico, profissional assim como o cristão que possui muitos bens. Afinal, uma área pode ser consequência da outra nessa vida. O que realmente importa é se tudo isto sempre estará em plano secundário e o Senhor e as coisas de Seu Reino ocuparão o primeiríssimo lugar em nossa existência (Mt 6.33).

QUE POIS A GRAÇA DE DEUS possa permear o todo de sua existência e que você, caríssimo irmão em Cristo, priorize o Reino de Deus em sua vida pois na graça de Deus residem recursos abundantes que lhe sustentarão até o bendito dia do encontro com o Senhor Jesus nos ares.

PENSE NISSO !!!