Não acredito em um estudo bíblico que não seja oriundo de um bom estudo teológico-sistemático. A palavra “sistemático” para muitos, carrega o estigma de algo engessado, antiquado ou maçante. Muitos estudiosos da Bíblia nos dias de hoje estão menosprezando pessoalmente a Teologia Sistemática afirmando que por estarmos em uma época pós-moderna, as pessoas, os crentes de hoje, falando bem abertamente, não estão a fim de debruçar-se sobre este tipo de estudo. Alguns outros alegam que a Teologia Sistemática põe uma mordaça em Deus e Ele não teria mais liberdade para falar conosco por causa das definições teológicas. Quanta asneira!
É indubitável a preguiça mental em muitos de nós. Estudar teologia sistematicamente envolve a perscrutação do texto bíblico de maneira intensa. Não é labor para acomodados. A nobreza desta tarefa deixa de fora indivíduos superficiais em si mesmos e rasos em sua reflexão sobre a revelação bíblica. De fato, a Teologia Sistemática é uma “pesada pedra” para muitos.
Pastores há que alegam que suas igrejas “do século 21” não estudarão a Bíblia desta maneira porque querem ter mesmo é experiências com Deus (alguns dizem que o que importa mesmo é que o crente tenha “vida em Jesus”). O pragmatismo é claro nestas comunidades, porque tudo o que querem é “experimentar Deus” sem estudarem devidamente sua Revelação. Nós cremos que estudar devidamente a Revelação de Deus, as Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus é através da boa e velha Teologia Sistemática.
Entendemos que o labor teológico pode transformar-se em algo que, como disse Helmut Thielicke “uma fria camisa de ferro que nos esmaga, e nos congela até a morte.” Este autor também afirma que “é supremamente importante que uma vida espiritual vigorosa, unida a Sagrada Escritura e no meio da comunidade cristã, seja a espinha dorsal de todo trabalho teológico” (in, Recomendações aos Jovens Teólogos e Pastores, Sete/Sepal, 1990, p.61,63). Não duvidamos dos perigos, mas abandonar totalmente o estudo da Teologia Sistemática é inaceitável.
Henry Clarence Thiessen em seu excelente Palestras em Teologia Sistemática (Imprensa Batista Regular, 1989, p.4) citando um livro de James Orr publicado em 1909 que já naquela época, havia um grande preconceito contra a doutrina, uma desconfiança e aversão pelo pensamento claro e sistemático a respeito das coisas divinas. Orr diz que os homens desejam que seu pensamento seja fluido e indefinido, algo que possa ser mudado com os tempos e as novas luzes que eles acham estarem constantemente aparecendo para iluminá-los continuamente adquirindo novas formas e deixando o que é velho para trás. E Thiessen acrescenta que isto era verdadeiro hoje (ou seja, a época em que seu livro foi escrito, 1949) do que quando Orr escrevera aquelas palavras. O que diremos de hoje então?
Vale a pena citar ipsis litteris as palavras do livro: “Influenciado pela filosofia corrente do pragmatismo, o teólogo moderno começa com o dictum de que em teologia, como em todos os outros campos de pesquisa, a crença nunca deve ir além do mero estabelecimento de uma premissa básica; nunca deve ser enunciada como algo considerado fixo e final. Tendo rejeitado a Bíblia como a infalível Palavra de Deus e tendo aceitado a ideia de que tudo está fluindo, o teólogo moderno afirma que não é seguro formular quaisquer ideias permanentes a respeito de Deus e da verdade teológica. Se ele fizer isso hoje, amanhã pode ser obrigado a mudar sua opinião. Por isso, escritores modernos raramente expressam qualquer certeza com respeito a qualquer ideia que não seja das mais gerais em teologia.”
Isto que acabamos de citar é potencializado hoje com o advento do pós-modernismo que, como definiu Lyotard “é a incredulidade voltada para as metanarrativas”, ou seja, a verdade da Palavra de Deus é rejeitada e categorizada apenas como uma grande metáfora, apenas uma “contação” de histórias. Por isso, divergimos da ausência de ensino bíblico teológico-sistemático porque somente este proporciona a melhor apreensão das doutrinas da fé cristã. Isto porque o intelecto humano foi constituído de tal forma por Deus que buscará sempre uma unificação e sistematização de seu conhecimento. E também porque, os fatos narrados na Bíblia estão desorganizados ou apenas parcialmente organizados. Obviamente, o Espírito Santo não inspirou os autores sacros para que escrevessem a Bíblia em forma de Teologia Sistemática. Portanto, nossa tarefa, como bem frisou Thiessen, consiste em ajuntar estes fatos dispersos e colocá-los sob a forma de um sistema lógico.
É mentira aqueles que afirmam que estudar Teologia fará com que o crente perca sua espiritualidade, fique “frio” na fé. É mentira achar que um culto ficará chato porque é um culto de ensino da Palavra de Deus. É mentira de que os seminários ou as faculdades bíblicas contribuem para gerar um futuro pastor ou mestre da Palavra que ensine heresias e inverdades. Isto tudo somente acontecerá se logicamente o crente em algum momento dê guarida aos humanismos filosóficos, ou se uma igreja valoriza a ortodoxia em detrimento de uma vivência realmente cristã e comunitária. Deve-se sempre haver a procura de uma genuína espiritualidade, um autêntico discipulado cristão mas sem menosprezar o estudo sistemático das doutrinas cristãs. É isto que dá substância e firmeza á vida de fé do crente.
Sobre isto eu gostaria de escrever/falar muitas outras coisas, mas creio que isto é suficiente para suscitar uma meditação de nossos amados leitores. Por favor, se você não concordou com o que acabei de escrever, pelo menos poderá entender o fato de que aqui no Brasil, o hábito da leitura não é tão disseminado como em outros países. Talvez isto também explique o porque tantos pastores e mestres tem abandonado o estudo sistemático das doutrinas da fé cristã porque isto envolve sim bastante leitura e reflexão. E é isto exatamente o que muitos não querem, somente querem curtir o “oba-oba” de nossos performáticos cultos. Sem generalizações, diga-se de passagem.
2 Pedro 3.18: “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.”
Graça e conhecimento. Podemos equilibrar estes dois aspectos estudando sistematicamente as doutrinas da fé cristã. A Teologia Sistemática não é uma caixa estreita e fechada com ideias pré-definidas. Mas ela descortina sim os incontáveis tesouros em Deus e em Cristo “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.3).
Pense nisto!
Ok, fizemos a visita e tornei-me seu seguidor, continue conosco sempre, um abraço!
ResponderExcluirCicero Ramos
Graça e Paz.
ResponderExcluirEstou conhecendo seu blog agora,gostei bastante das postagens,não tive tempo para ler todas,mas apartir de agora estrei acompanhando sempre.
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Estamos justamente em Janeiro fazendo um estudo sistemático da teologia. Iniciamos com a doutrina de Deus. Este assunto é de extrema relevância.
ResponderExcluirObrigado por sua visita, tornei-me seu seguidor, volte sempre por aqui quando puder. Deus lhe abençoe ricamente.
ResponderExcluirCicero Ramos
Irmão Daladier, obrigado pelas visitas. De fato o assunto é relevante porque muitos, como disse no post, há muito tem abandonado o estudo da Teologia Sistemática. Se eu morasse mais perto de sua localidade, com certeza gostaria de participar de seus estudos. Obrigado por seu precioso comentário. Tornei-me seu seguidor. Passe sempre por aqui quando puder. Fica na paz!
ResponderExcluirCicero Ramos
CREIO ASSIM,TEOLOGIA SISTEMÁTICA É COMO BOIA DE SINALIZAÇÃO DO MEU BARQUINHO COM A BUSSOLA QUE É A BIBLIA
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