Recebi dias atrás um e-mail de uma amiga que assim dizia:
Fiquei a refletir como profisssionais das áreas da segurança pública, da saúde e do magistério são mal remunerados. Muitos realmente amam o que fazem mas o retorno financeiro é pífio. Não conseguem dar condições melhores de vida para si e sua família.
Fui eu mesmo policial-militar por oito anos. Sei, portanto, do que estou falando. Trabalhar em prol da segurança de meus semelhantes é algo digno. É algo enobrecedor. Porém, a mim me parecia que o governo não lembrava disso (aliás, os governantes, no que tange a salários, sabem como ninguém legislar em causa própria) porque o aumento salarial, o reajuste, as equiparações, sempre ficavam aquém da realidade da vida de cada profissional. Não eram aumentos reais e justos.
Me flagro a remoer a injustiça desses governantes. Ganham salários excelentes, vivem muito bem com seus proventos e como se isso não bastasse, precisamos lembrar de que muitos deles, se não a maioria, quando entraram para a vida pública, já eram empresários ou profissionais de sucesso, já desfrutavam de um patrimônio que lhes permitia viver uma vida confortável e tranquila.
A classe governante dispõe de muitos privilégios. Isso precisava acabar. Não lembro onde li que há um país, creio que na Europa, onde vereadores não recebem remuneração pelo seu trabalho. É algo totalmente voluntário. E desempenham muito bem suas funções públicas. Este seria o ideal, porque em nossa realidade brasileira, em época de eleições (tenho ojeriza a esse período), vemos candidatos que claramente estão ali para entrarem para a política e se locupletarem como outros que já estão lá e fazem isso.
Muitos querem é ganhar às custas de todos nós. A carga tributária é realmente grande em nosso país para sustentar este sistema perverso, este monstro que foi criado em prejuízo de todos nós. Enquanto isso, profissionais que começam suas carreiras com todo aquele idealismo, com toda aquela vontade de servir ao próximo, dentro de pouco tempo, como foi o meu caso, passam às amarguras, ao stress, devido aos baixos salários e também às muitas condições inadequadas de trabalho.
Professores temem continuar suas carreiras, porque além dos salários ridículos, sofrem muitas vexações em salas de aula. Alunos mal-educados, sem respeito algum pela figura de autoridade, que não querem aprender e ainda atrapalham os que querem. Tive a experiência de lecionar durante uma semana, quando fazia minha licenciatura, substituindo um professor que ficara doente. Turmas da quinta até a oitava série. É óbvio que não quero generalizar, nem todas as turmas e nem todos os alunos são assim, mas senti na pele as agruras desses profissionais.
Vejam o caso dos médicos. Muitos trabalham em mais de um emprego para poderem ter uma renda digna ao final do mês. Qual o resultado disso? Teremos médicos doentes. Quando deveriam ganhar muito bem em um só emprego, tendo condições de atender muito bem a todas as pessoas (todos nós já fomos atendidos por profissionais mal-humorados em hospitais e postos de saúde, não é verdade?). Teríamos médicos que poderiam especializar-se ainda mais, podendo fazer reciclagens de seus conhecimentos periodicamente, podendo ter suas férias (eles também podem) gozadas de forma adequada e ao retornarem, estariam mais motivados e mais bem dispostos para exercer sua nobre profissão.
A greve dos bombeiros no Rio de Janeiro foi a explosão da indignação pelas condições abjetas de sua vida profissional. Mal remunerados, mal equipados, desmotivados, como poderão atender com excelência a população quando solicitados? Nenhum de nós deseja ser mal atendido. E nem eles desejam fazer assim. Mas o governo do Estado do Rio precisa atender suas reinvidicações urgentemente.
Vemos policiais e também bombeiros, para completar sua renda, trabalharem como seguranças em casas noturnas e outros lugares nada recomendáveis e indignos de sua profissão. Fazem isso, creio, porque se preocupam justamente com sua família. Certo também que muitos infelizmente descambam para os caminhos tortuosos da marginalidade. Os policiais passam a fazer aquilo para o qual são pagos para combater, ou seja, o crime. Não estou justificando estas atitudes erradas, porque eles se tornam piores que os próprios criminosos que dizem combater. Mas serve para que seja feita uma urgente reformulação das carreiras profissionais deles, e isto não só oferecendo melhores salários, mas também uma formação mais profunda, mais abrangente, mais humana. Muitos são treinados somente para serem como "cães de guerra" (perdoem a expressão), somente visando combater os traficantes e matá-los. Mas é necessário investir muito mais em altruísmo, em bondade, em amor, mesmo a toda violência a que estão sujeitos.
É por isso que o Evangelho é revolucionário. Ele trabalha essas e muitas outras virtudes no ser humano, tornando-os melhores, mais úteis ao bem comum, mais dispostos ao bem. Jesus disse claramente que o coração do homem é mau (Mt 15; Mc 7). Mas Ele morreu por nós e ressuscitou para que houvesse real transformação em nosso interior através do trabalho incessante do Espírito Santo (Rm 8).
E essa maldade humana, o pecado em nossa natureza, também se refere aqueles que estão nos postos de governo, que estão nas assembléias legislativas dos estados ou do Distrito Federal, que estão no Judiciário. Estão ali, eleitos pelo povo, ou concursados, como no caso do Judiciário (excelentes salários, diga-se de passagem). Digo que se refere aos governantes também porque são poucos que pensam no bem dos profissionais na área da educação, saúde ou segurança pública. Não me venham com essa conversa mole de que não dinheiro para lhes dar um aumento real, aumento salarial justo. Recursos existem. O país arrecada muito em impostos. MAS NA REALIDADE, SÃO MAL ADMINISTRADOS E, O QUE É PIOR, SÃO ROUBADOS ESSES RECURSOS POR CAUSA DA REDE DE CORRUPÇÃO QUE EXISTE EM TODOS OS ESCALÕES DOS GOVERNOS.
Por isso, é necessário que o Evangelho da Graça de Deus, o verdadeiro Evangelho seja pregado e vivido em toda sua plenitude pelos cristãos. Creio que podemos influenciar para o bem. Creio que podemos sinalizar as glórias do Reino vindouro, vivendo os valores deste Reino hoje mesmo.
Irmãos, não serviremos à causa do Reino de Deus, se somente vivermos a reclamar de tudo e de todos, ou se nos encolhermos, nos encaramujarmos, como se nada disso tivesse a ver conosco. Apesar de eu pessoalmente não gostar do período das eleições, temos sim de nos engajar na escolha de candidatos com propostas que mais se aproximem dos valores do Reino, e que tenham uma vida que possa se dizer, ilibada.
Vivamos no presente século como se já vivêssemos na plenitude do porvir glorioso que nos aguarda. De que maneira? De Bíblia na mão e joelhos no chão. Somos sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Quem disse isso de nós, foi nada menos que nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, devemos viver de uma maneira que influencie essa sociedade em todos os níveis com a mensagem restauradora do Evangelho.
Pense nisso.
Muito pertinente o seu texto. Nós como evangélico temos o direito de demonstrar a nossa indignação por meio das redes sociais como o facebook, mas bem mais importante é dobrar o joelho e clamar por um evangelho não apenas de palavras, mas de santidade e de uma vida digna e que honre o nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
ResponderExcluirNosso Deus não mudou e pode transformar o Brasil. Assim e eu creio e muitos outros também.
"Se o meu povo, que se chama pelo Meu Nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, então Eu ouvirei a sua oração e sararei a sua terra".
É verdade irmão Cláudio, temos que nos unir em oração e lançar nosso clamor perante a face d"Aquele que tudo pode realizar. Que Deus te abençoe ricamente!!!
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