segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Robinson Cavalcanti, um homem, um bispo, um servo de Cristo

Robinson Cavalcanti. O que dizer de um servo de Deus que foi achincalhado e incompreendido em muitos segmentos da igreja evangélica no Brasil durante anos mas que prestou um serviço inestimável à causa de Cristo que só a eternidade revelará? 

Eu sei que ele era malquisto por causa de suas ideias progressistas porque o conservadorismo político na Igreja é notório. Todavia, nunca ouvi dizer que ele ofendera alguém, ou que saísse por aí pregando heresias como muitos hoje fazem. Não pregou um falso evangelho. Robinson era um cristão evangélico ortodoxo. Em 2010 havia feito 50 anos de conversão a Cristo. Contou de maneira linda sua trajetória de vida em ULTIMATO em três edições no ano de 2010. 

Eu aprendi muito com o que ele escreveu. Durante meus três primeiros anos de curso teológico, li avidamente os artigos de sua autoria em ULTIMATO e minha cosmovisão cristã foi sendo aos poucos moldada. Como um crente pentecostal, acostumado a ouvir coisas geradas em um ambiente de escassa liberdade, os ensinos do Robinson eram um oásis para mim. Ele foi o mentor, o professor, o discipulador que não tive pessoalmente. Mesmo à distância naqueles anos me considerava seu discípulo. Como era um cientista político, escrevia com maestria sobre sua especialidade e abriu sobremaneira meus horizontes que eram estreitos devido ao ambiente um tanto quanto carente de referenciais intelectuais no estilo dele.

Apesar de eu não concordar com algumas peculiaridades do Anglicanismo, eu admiro a maneira correta como muitos se posicionam nessa igreja em relação à vida cristã e em relação à Bíblia e à Teologia e Robinson Cavalcanti foi um desses. Ele passa a pertencer à galeria de outros tantos ilustres, tão anglicanos como ele, alguns também já de saudosa memória como C.S. Lewis, John Stott (que foi o inspirou em 1967 para que se tornasse um ministro da Palavra), J.I. Packer, N.T. Wright e tantos outros. 

Quando denunciava os desmandos na igreja evangélica brasileira, era impiedoso e arguto em sua abordagem, sempre escrevendo com profunda base bíblica e também utilizando plenamente as ferramentas das Ciências Sociais (Filosofia, Sociologia, Antropologia, etc) onde demonstrava sua erudição e esmerado preparo em anos de estudo e exercício do magistério universitário. 

Amava o Brasil. Amava mais ainda a Cristo e a Igreja. Um homem como poucos. Desnecessário dizer que erros cometeu, e muitos. E de que em algumas coisas de seu pensamento ou em sua visão bíblica e doutrinária eu cheguei a discordar. Mas naquilo que é essencial, necessário, fundamental, bíblico e cristocêntrico, sempre se destacou e por isso hoje seus inúmeros admiradores como eu estamos consternados com sua morte que ocorreu de forma tão animalesca (brutalmente assassinado a facadas pelo filho adotivo bem como também sua esposa, na noite deste último domingo, dia 26 de fevereiro).

Seu legado será melhor compreendido, creio, à medida que o tempo passar. Seus textos lhe conferirão o status de profeta para o nosso tempo. Sim, porque Robinson Cavalcanti falava com convicção, entusiasmo e conhecimento do Cristo a quem servia. Amava a Igreja, como dissemos, e seus textos estão recheados de  análises sobre o estado da igreja, com forte embasamento bíblico, histórico, sociológico e filosófico. Eu continuo procurando seus textos para aprender porque Robinson era um mestre consumado.

Como alguém me escreveu em uma rede social, que Deus levante mais homens como ele. Que entreguem-se à causa do Reino, que primem pelo preparo intelectual, como Robinson assim o fez. Tinha ampla formação em humanidades desde o curso médio e foi professor universitário por 35 anos, tendo se aposentado nessa função.

Que aprendamos por meio da vida desse servo de Deus, que Ele ainda chama, unge, capacita e envia a todo aquele que fielmente deseja servir-Lhe. Robinson Cavalcanti serviu a Jesus Cristo e à Sua Igreja por sem titubear por quase 52 anos.

Aqui, na vida e na morte desse servo do Senhor encontramos sabedoria (Ec 7.1-4). 

Paremos por um momento para pensar muito bem a respeito.

  

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cristãos desprezando e julgando uns aos outros.....

Hoje pela manhã, ao fazer minha leitura devocional e em seguida compartilhar com minha esposa, fomos ensinados de forma categórica pelo Senhor na passagem do capítulo 14 da epístola de Paulo aos Romanos, versos 1 a 23 e também o capítulo 15 versos 1 a 13. A passagem toda fala da tolerância que os cristãos deverão ter uns para com os outros. Porque cristãos há que desprezam outros e também cristãos há que julgam aos seus próprios irmãos em Cristo? E porque o apóstolo Paulo reportou-se a esse assunto em Romanos? 

Paulo escrevia aos cristãos de Roma. Ele explica desde o início que existiam cristãos que tinham escrúpulos quanto ao que comer ou quanto a considerar certos dias mais importantes do que outros. Ele fala do cristão fraco e fala do cristão forte. E que havia pendengas entre eles porque o mais forte desprezava o mais fraco, o débil (Almeida Revista e Atualizada), ou enfermo na fé (Almeida Corrigida e Fiel) enquanto o mais fraco julgava o mais forte porque este não curtia nenhuma espécie de abstenção quanto ao que comer ou a guardar determinados dias.

Crentes judeus e gentios deveriam conviver em harmonia. Os judeus traziam para a vida cristã muitos de seus costumes visto que não deixavam de ser judeus por causa da conversão à fé cristã. O próprio apóstolo Paulo foi um exemplo nesse aspecto. Ele soube se adaptar com os cristãos judeus enquanto na companhia deles, como também sabia lidar com as maneiras dos cristãos gentios quando vivia entre estes. Paulo estava emancipado do legalismo judaico e da lei. 

A nossa realidade eclesiástica demonstra bem do que estou falando. Existem igrejas que tem um conjunto de doutrinas humanas para serem observadas por todos aqueles que são membros dessas igrejas. E nisto, muitas coisas que são culturais e acerca das quais a Bíblia não pontifica que o homem ou a mulher cristã devem observar, devem guardar, são impostas arbitrariamente aos servos de Deus. E aí se estabelece o problema.

Eu posso fazer determinadas coisas em que as Escrituras não me condenam, não dizem que seja pecado. Minha consciência está tranquila, fortalecida. Não me sinto culpado em praticá-las. Nesse caso, eu sou o assim chamado cristão forte, segundo o texto bíblico em apreço. Mas devo considerar que outros não veem ou não se pautam pela minha ótica. Suas consciências ainda não foram totalmente moldadas pela verdade do Evangelho, por causa do ensino deficiente em sua igreja, por aquilo que seus líderes e sua denominação praticam como artigo de fé. 

E então, esses amados cristãos débeis em sua fé, julgam os crentes fortes por causa de suas práticas. Para aqueles, parece que o comportamento deles é libertinagem ou mundanismo. Para os últimos, os cristãos fracos são legalistas que julgam e intentam impor seu ponto de vista a todos.

Mas graças a Deus existe ensino sólido na Bíblia para compreendermos como estes dois tipos de cristãos devem mutuamente se entender. E estes capítulos 14 e 15 de Romanos (como também o cap. 8 de 1 Coríntios e a epístola aos Gálatas), demonstram largamente a liberdade que temos em Cristo, mas também ensinam acerca do AMOR que mutuamente devem os cristãos devotar uns aos outros. 

A atitude correta é de acolhimento, de boas vindas, de receptividade mútua. Cristãos que julgam e que desprezam-se mutuamente são de uma incoerência completa perante os olhos de Deus e do mundo. A marca da sociedade dos cristãos, ou seja, da Igreja, é o AMOR. Devo ter a sensibilidade de perceber que meu irmão poderá ainda não ter sua consciência totalmente moldada pelo Evangelho e por isso ele acha que determinadas práticas, determinadas posturas na vida são pecados. O pecado na Bíblia sempre estará na ordem do absoluto. Pecado é pecado, seja hoje, seja em qualquer época e isso é imutável. Todavia, costumes humanos são relativos, mutáveis, se alternam ao sabor dos tempos. Além disso, não são ordenanças divinas, se assim fossem deveria o cristão observá-las com todo o zelo. Os usos e costumes dos homens, suas tradições, ou os folks e os mores, como se diz em Sociologia, podem ser observados ou não. Ninguém é obrigado, muito embora saibamos do poder coercitivo do grupo e das sanções que acompanham aquele que deseja permanecer no grupo, na igreja, mas não concorda em obedecer o que é estabelecido ali.

No caso dos crentes de Roma, a disputa era por causa de comidas, bebidas e guarda de dias sagrados. E hoje? É só você fazer uma pesquisa, não só em sua própria igreja como em várias outras para se verificar a carga de ensinos e tradições humanas que foram entregues aos servos de Cristo para serem observados. Muitos alegremente se entregam a essas ordenanças julgando assim estarem fazendo a vontade de Deus. Mas outros dentro da mesma igreja, repudiam as mesmas ordenanças humanas porque chegam a compreender pelas Escrituras de que não estão obrigados a observar aquilo que é humano. E então o conflito se estabelece. Dois grupos de cristãos, os fortes e os fracos. Aqueles que comem de tudo e aqueles que só comem legumes!

Que o forte não considere desprezível as inibições do fraco. Que o fraco não condene e não julgue o forte por seu comportamento aparentemente libertino. Tanto um como o outro são servos de Deus. E Paulo fala a ambos dizendo que cada um tem sua responsabilidade diante de Deus, leiamos: "Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo." E também: "Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros" (Rm 14.10,19). Em todo o restante do capítulo e também no seguinte, Paulo orienta principalmente ao crente forte para que ele tenha todo o zelo para não ser pedra de tropeço ao seu irmão mais fraco.

A prioridade é o amor. O que se come ou o que se bebe, o que se faz ou se deixa de fazer, o que se usa ou deixa de usar é realmente de caráter secundário. Por isso transcrevo essas palavras magistrais de Paulo: "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (14.17).   

Sejamos imitadores de Jesus, que acolhia a todos sem distinção. Jesus é e sempre será o nosso padrão maior de como devemos nos amar mutuamente. A Igreja precisa caminhar nesse amor. O mundo precisa ver este amor em nós. E o nome de Deus será altamente glorificado.

Pensemos todos nisso.  

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O inimigo sabe quem é você?

"E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam. E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois? E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se de todos, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa. E foi isto notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido" Atos 19.11-17.

Interessante ler esta passagem e pensar em algo bem nítido: O inimigo de nossas almas reconhecia a autoridade de Jesus, naturalmente, bem como a autoridade que o Senhor conferira ao seu servo, o apóstolo Paulo. Mas o espírito maligno não reconheceu autoridade alguma naqueles que tentavam expulsá-lo em nome de Jesus a quem Paulo pregava!

E quanto a mim? E quanto a você? Como será que estamos sendo reconhecidos no mundo espiritual diante desta passagem bíblica? Como os principados e potestades, os dominadores deste mundo tenebroso e as forças espirituais da maldade veem a mim e veem a você? Teremos a autoridade emanada de Jesus Cristo, que Paulo possuía e foi prontamente citada e reconhecida pelo espírito mau, ou o maligno ainda não reconhece quem nós somos?

O grande exemplo do apóstolo Paulo serve de balizamento para nossas considerações. Levava ele a efeito um ministério extraordinário na cidade de Éfeso e o texto diz que até mesmo objetos de seu uso pessoal Deus usava para operar milagres de cura. E também os demônios batiam em retirada sumariamente ante tão grande demonstração do poder divino. Porque isto acontecia? Porque Paulo era um servo de Deus, convertido a Jesus Cristo e cumpria a Grande Comissão ordenada pelo Senhor, indo por toda Ásia Menor, Grécia e Macedônia pregando o Evangelho junto com seus companheiros (At 19.1). 

Ele era um autêntico servo de Jesus Cristo, estava pregando com autoridade por toda parte o Reino de Deus, desafiando o reino das trevas com poder e diante disto, os demônios não podiam resistir-lhe, tinham de sair (At 13.4-12; 16.16-18). Paulo em seu ministério, de forma gloriosa, dava continuidade ao que Jesus mesmo fez quando confrontou os demônios e estes tinham de sair dos corpos das pessoas sumariamente.

Quando desta forma um servo de Jesus Cristo, quer seja novo na fé ou já possua alguns anos de "estrada", serve ao Senhor, de forma completamente autêntica e dedicada como fazia Paulo, não há razão para que o inimigo não reconheça sua autoridade (obviamente emanada de Cristo Jesus) e seja completamente expulso das vidas que domina e escraviza.

Há poder em todo servo de Jesus Cristo? Há legitimidade nele para confrontar o Maligno, poder para se lhe opor, poder para expulsá-lo e até curar enfermidades, mesmo que causadas pelo diabo? Sim, mas tornamos a ressalvar que o cristão tem de andar com autenticidade diante do Senhor, porque ele está sendo visto pelo mundo espiritual, isto é, anjos de Deus e os demônios observam o crente em todo o tempo. Deveríamos aprender de uma vez por todas que: 1) AGORA somos filhos de Deus (1Jo 3.2);  2) Fomos vivificados (nascemos de novo) e ressuscitados por Deus que nos fez ASSENTAR JUNTAMENTE COM CRISTO nos lugares celestiais (Ef 2.4-6);  3) Jesus conferiu PODER aos doze discípulos e por extensão a nós também para serem expulsos os espíritos imundos e para serem curadas toda enfermidade e todo mal (Mt 10.1,8; Mc 3.14,15; 6.7; 16.17,18).

A Bíblia diz-nos ainda que devemos resistir ao diabo (Tg 4.7; 1Pe 5.8,9). E resistir a Satanás e suas hostes significa que nos submeteremos ativamente a Deus e nos colocaremos contra Satanás e toda sua obra contra nós e contra a vida de outros completamente firmados na fé em Jesus Cristo. 

Também devemos estar cheios do Espírito Santo, como era usual nos primeiros cristãos  (At 2.4; 4.8,31; 6.5,55; 11.24; 13.9). A posição de vitória do crente inclui esta obra ativa do bendito Consolador em nossas vidas.

Não podemos esquecer que a morte de Cristo, o derramamento de Seu precioso sangue no Calvário, significou tremenda derrota para Satanás e suas hostes (Cl 2.15; Hb 2.14,15). A vitória contra o diabo está portanto garantida pela obra consumada na cruz e nada temos a temer nessa luta.

A Palavra de Deus deixa-nos ainda a recomendação de que devemos nessa batalha, estar revestidos da armadura divina. A recomendação é de que nos fortaleçamos no Senhor e na força do Seu poder (Ef 6.10).  Nos versos seguintes, o apóstolo Paulo vai discorrer sobre os componentes desta armadura, não sem antes deixar claro o fato de nossa luta não é contra pessoas de carne e osso, não é contra nossos semelhantes, nossa luta é espiritual, é contra Satanás e seus demônios (v.12).

Ora, voltemos a refletir sobre a pergunta: "O inimigo sabe quem é você?" Ele saberá, e temerá, se andarmos como Jesus a exemplo do que fez Paulo, a ponto de ele exortar: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados" (Ef 5.1). Ele mesmo imitou ao Senhor e andava bem próximo a Ele. Não havia como o inimigo deixar de reconhecer isso e capitular diante da autoridade que Paulo demonstrava em virtude dessa união com Cristo.

Os exorcistas ambulantes tentaram pateticamente fazer uso do nome de Jesus. Havia grupos desses elementos naquela época, segundo o historiador judeu Flávio Josefo, que exerciam sua atividade de expulsão de demônios, mas isso era feito pelo próprio poder a eles conferido pelo diabo, porque como existe uma hierarquia entre as hostes do mal (Ef 6.12), até certa medida poderes demoníacos podem expulsar outros poderes demoníacos como disse Jesus (Mt 12.27), embora, como disse também o Senhor "uma casa dividida contra si mesma não subsistirá" (vv.25,26). Então, aqueles homens tentaram exercer sua atividade sendo que desta feita usando o nome de Jesus. Como não eram autênticos seguidores do Mestre, como Paulo e seus companheiros eram, o espírito maligno não reconheceu autoridade alguma neles, mesmo usando o nome de Cristo. Eles não conheciam a Jesus, não eram nascidos de novo, eram ímpios e tentaram usar o nome de Jesus como se esse nome em si contivesse poderes mágicos. Ficaram envergonhados e frustrados pois o demônio disse que não lhes atribuía autoridade alguma e foram surrados impiedosamente pelo endemoninhado e tiveram de fugir envergonhados.

Que isto sirva de alerta a todos os que seguem a Jesus Cristo. Temos sim autoridade no Senhor. Mas esta autoridade só estará legitimada "se andarmos na luz como ele na luz está" (1Jo 1.7). 

E então? Qual a informação que o inimigo tem a seu respeito? O que sabe ele sobre você? Reconhece ele no presente momento a autoridade que você possui em Jesus Cristo ou não?

Já considerou isto seriamente? Então é hora de fazê-lo. Pense nisso.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

A morte de Whitney Houston e o cuidado com a nossa vida diante de Deus

"E como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação" Hebreus 9.27,28

Ontem à noite, em uma banheira de um quarto de hotel em Beverly Hills, Los Angeles, foi encontrada morta Whitney Elizabeth Houston, nascida em 1963 em Newark e que se notabilizou por ter uma das vozes mais potentes e bonitas do rhtyhm and blues, pop e também gospel nos Estados Unidos. Segundo o Guinness World Records, ela foi a artista mais premiada de todos os tempos e sua lista soma o total de 415 prêmios conquistados até o ano de 2010. Vendeu mais de 200 milhões de discos em todo o mundo. 

Toda essa afluência, esplendor, brilho, sucesso e dinheiro, muito dinheiro, não foram suficientes para impedir que Whitney Houston tivesse uma vida que, descontados o glamour, o show-business e a fama, a levassem para a beira do precipício escorregadio das drogas e do álcool, no qual já estava chafurdando há alguns anos até que finalmente caísse nele ontem.  

Não se pode deixar de perguntar em casos dessa natureza, principalmente no meio artístico, pródigo em tragédias como essa: Como alguém, podendo viver muito bem em virtude de seu inegável talento, se entrega às substâncias químicas no afã de obter ainda mais prazer e felicidade? Isso denuncia o que a Bíblia fala acerca do ser humano e de sua inerente pecaminosidade (Rm 3.23). 

Mesmo que viva em meio à suntuosidade, tendo tudo o que deseja, sem as necessidades dos meros mortais, pessoas como Whitney Houston enveredam pelo labirinto das drogas e dificilmente encontram a saída. Em 2002, ela confessou publicamente que era viciada em cocaína e maconha e outros tipos de drogas. Em 2006, após 14 anos de matrimônio, se divorcia e afunda ainda mais no vício. Paralelamente, sua carreira já não tem o brilho de outrora, suas canções já não estão nas paradas de sucesso como dantes e a vendagem de seus discos decai, apesar dos esforços de seus produtores musicais e dos prêmios e homenagens que ela ainda recebe.

Ela começou a cantar aos 11 anos no coral de uma igreja batista. Que bom seria se permanecesse na simplicidade que há em Cristo (2Co 11.3). Como seria bom se procurasse o Reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar (Mt 6.33). Poderia até não ter o sucesso do mundo, o reconhecimento de seu maravilhoso talento (talento este que, sem dúvida, é dádiva de Deus), mas teria a aprovação do Senhor, visto que estaria buscando a verdadeira glória e a verdadeira honra que vem somente do Pai (Jo 5.44; 8.50).

O ser humano deve lembrar de que possui somente uma vida a ser vivida. O texto de Hebreus que inicia esta reflexão, diz que após essa vida vem a morte e o juízo. O autor compara esse fato com o próprio Senhor Jesus Cristo, em sua primeira vinda para expiar os nossos pecados e sua segunda vinda para todos aqueles que nEle creram e o esperam. Também, lemos e refletimos as palavras de Eclesiastes: "Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos. Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto). Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não tem parte alguma do que se faz debaixo do sol" (9.3-5).

Meditemos nessas verdades: A todos sucede o mesmo nessa vida (o bem e o mal); o coração do ser humano é realmente pervertido (como Jesus mesmo afirma em Mt 15.19,20 e Mc 7.21-23), e está cheio de desvarios, ou seja, loucuras e insensatez. Depois invariavelmente morrem. Mas mesmo assim, enquanto está vivo neste mundo, há esperança para o ser humano e isto em Cristo Jesus! Salomão, autor de Eclesiastes ainda diz que todos os que estão vivos sabem que um dia morrerão. Entretanto, nada sabem os que já morreram. Seus corpos jazem na sepultura e suas almas nada sabem acerca do que acontece nesta vida. Assim como nós, que estamos vivos, não sabemos o que se passa com suas almas no além.

Por isso, todo homem deve preocupar-se em reconciliar-se com Deus. Deve reconsiderar seus caminhos, que são efetivamente maus (Gn 6.5; Ec 9.3), deve compreender sua inerente mortalidade e finitude (1Pe 1.24; Tg 4.14) e de que depende de Deus para sua vida. Deve reconhecer de que é um pecador, de que está morto para Deus (Ef 2.1) e aceitar o que Ele fez no Calvário por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo (1Co 15.3,4). 

Isso deve ser feito em vida. Depois, não haverá segunda oportunidade. Não há verdade em doutrinas como o purgatório ou a reencarnação. Não há verdade também naqueles que afirmam, "ah, morreu, acabou tudo" na verdade, o homem é imortal e sua alma, após a morte do corpo, ou está no céu para sempre na Presença de Deus, ou está num lugar de prisão, aguardando o dia do Juízo quando receberá o veredito e então será banido para sempre no lago de fogo, o verdadeiro inferno (Ap 20.11-15).

Guardarei comigo a imagem da linda mulher que era Whitney Houston bem como de sua inigualável voz e suas belas canções. Mas também lembrarei juntamente de como era feio seu coração, sua alma, deformada pelo pecado, o qual, no decorrer de poucos anos, tornou envelhecido seu corpo e ofuscou sua radiante beleza. Lembrarei também de como desperdiçou sua vida e seu talento. Ganhou fama, admiração e dinheiro sim, mas de que lhe valeu isso tudo? É como disse sabiamente o Senhor Jesus: "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa de sua alma?" (Mt 16.26). 

Ela ganhou tudo com o talento que Deus lhe dera, mas perdeu sua alma, perdeu sua vida. Não viveu com sabedoria. Não voltou-se para o Senhor enquanto ainda podia encontrá-Lo (Is 55.6,7)) ou seja, ainda em vida. Agora sua alma imortal está aguardando o dia do Juízo......nada mais há que se possa fazer. Sua oportunidade  passou.

Pense nisso!