EM
NOSSA REFLEXÃO MATINAL hoje, eu e minha esposa meditamos juntos no texto de Hebreus 12.16,17:
”E
ninguém seja fornicário, ou profano, como Esaú, que por um manjar vendeu o seu
direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois
herdar a benção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda
que com lágrimas o buscou.”
CREIO
QUE TODA QUESTÃO se encerra no quanto cada um de nós valoriza as coisas de Deus
mais do que as coisas do mundo. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Uma fala
de coisas temporais, efêmeras, passageiras, a outra fala de coisas eternas,
permanentes e celestiais. Os cristãos estão diante de uma escolha que deve ser
feita todos os dias e em todos os momentos de suas vidas: se vai ser escolhida a
vontade de Deus em todas as coisas ou se haverão de permanecer alheios a esta
vontade escolhendo atender os apelos de suas naturezas decaídas e inclinarem-se
para os “manjares” mundanos.
A
HISTÓRIA DE ESAÚ E JACÓ é contada em Gênesis 25.19-34; 27.1-46. Isaque gerou no
ventre de Rebeca dois filhos gêmeos. Esaú nasceu em primeiro lugar e isto por
si só lhe garantia direitos inalienáveis da parte de seu pai. A lei da primogenitura
segundo nota da Bíblia de Estudo NVI em Gn 25.5 “estipulava que pelo menos uma porção dupla das posses dos pais fosse
deixada ao primogênito (Dt 21.15-17)”. Outra coisa interessante que desta
feita nos advém dos termos originais em hebraico - “primogenitura” é בכורה “bekorah” e “benção” é ברכה “berakah”. Claramente se constata que
a questão de ser primogênito estava ligada a ser abençoado. Jacó obteve tanto a
primogenitura de Esaú como a consequente benção de seu pai Isaque.
ESAÚ
TINHA, POIS ESTES DIREITOS garantidos por nascimento. Ele herdaria de seu pai
os bens materiais de forma dobrada em relação a Jacó, seu irmão. Ele tinha consciência plena destes fatos. Mas,
a primogenitura no caso da família do patriarca Abraão, envolvia mais do que
meros bens materiais. Algo de valor muito mais profundo e eterno estava em
questão. E é aqui que queremos centrar a presente reflexão.
TENHO
POR CERTO que Isaque contou a seus dois filhos, ainda pequenos, acerca da
herança espiritual de que eles eram portadores. Ele recebera a benção de seu
pai Abraão e o Senhor por sua vez aparecera a Isaque (Gn 26.1-5) e confirma a promessa
(Gn 12.1-3) e a aliança ((Gn 15.1-21; 17.1-27) que estabelecera com seu pai. Sendo
assim, ambos, Esaú e Jacó estavam plenamente conscientes dessa abençoada
herança espiritual.
A
BÍBLIA É MUITO CLARA ao demonstrar o pecado de suas personagens. O texto em
Hebreus fala do caráter de Esaú, totalmente desprovido de respeito pelas coisas
eternas e, portanto duradouras. A satisfação de seu apetite natural (no caso, a
fome) era tudo o que lhe importava naquele instante de cansaço ao voltar do
campo (Gn 25.29). Por isso, imediatamente aceitou a proposta de Jacó (que
também tinha um caráter dúbio) e assim jogou fora a benção da primogenitura que
reservada lhe estava. E depois, quando procurou seu pai para obter a benção da
primogenitura de maneira oficial, não pôde obtê-la visto já tê-la vendido a seu
irmão. Tentou buscar com lágrimas tentando mesmo mudar a decisão de seu pai, porém,
uma vez concedida a benção, esta era irrevogável (Nm 23.20; Rm 11.29).
O
PARALELO COM NOSSA VIDA enquanto seguidores de Jesus Cristo é muito notório.
Todos nós somos igualmente herdeiros das bênçãos de Deus por meio de seu
Unigênito Filho. Temos consciência de nossa herança espiritual. Sabemos das bênçãos
que nos reserva o Evangelho e delas já somos participantes. Somos
participantes da santidade de Deus (Hb 12.10), somos participantes do Espírito
Santo (Hb 6.4), somos participantes de sua natureza divina (2Pe 1.4) e enfim,
somos participantes dos inúmeros bens espirituais do Evangelho (Rm 15.27).
INFELIZMENTE
EXISTEM MUITOS que mesmo diante de tantas e maravilhosas bênçãos, vivem vidas
mundanas assim como Esaú. Ele sabia perfeitamente que a benção da primogenitura
não estava limitada a bênçãos materiais. Sabia ele que o “pacote” era muito,
mas muito mais completo. Mas assim procedeu o profano Esaú, em seu declarado
mundanismo ao preferir vender aquilo que por direito era seu. Trocou a benção
certa e imperecível pelas veleidades da vida ao satisfazer um desejo
passageiro. Quanta futilidade!
O
ESPÍRITO SANTO ANELA que todos nós observemos com bastante zelo as
recomendações em Sua Palavra. Deus começou em nós uma boa obra, e Ele vai
continuar e aperfeiçoar essa obra em nós até o dia de Cristo Jesus (Fp 1.6).
A
VIDA PIEDOSA que deveremos viver é diametralmente oposta à vida vivida com base
em valores mundanos e passageiros. Esaú mesmo sabedor de que seria depositário
das alianças e promessas divinas, optou em viver o presente com intensidade e
apego. Por isso ele não hesitou em aceitar a proposta de seu irmão para que
vendesse sua primogenitura pelo guisado de lentilhas. O apóstolo Paulo fala de
forma consistente acerca daqueles que vivem conjugados com os valores terrenos
em Filipenses 3.18,19 ele diz: Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos
disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. Cujo
fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles,
que só pensam nas coisas terrenas”.
A BÍBLIA DISCORRE acerca de homens impiedosos,
homens sem zelo por Deus ou das coisas celestiais. Homens cujo único interesse
está nas coisas pertinentes a esta vida. Mais uma vez é o apóstolo Paulo quem
declara em 2Timóteo 3.1-5 dando uma descrição fiel desse tipo de pessoas, inclusive
falando de que muitas delas têm aparência
de piedade, ou seja, são cristãos na
aparência, leiam: “Sabe porém, isto que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos: Porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes aos pais e mães,
ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. Tendo aparência de
piedade mas negando a eficácia dela”. E na sequência, a recomendação de
Deus quanto a este tipo de gente é: ”Destes
afasta-te.”
O
TEXTO BÍBLICO em que nos baseamos diz: ”E ninguém seja fornicário... .”
Este termo “fornicário” em outra versão está como “devasso” e em outra como “imoral.”
O termo grego usado é πόρνος “pornos.” Este
termo conforme Strong significa aquele que é um libertino, que se relaciona
sexualmente com prostitutas. O outro termo que nos chama a atenção no seu
significado original na língua grega é “profano.” No grego, este termo é βέβηλος “bebelos” e
é interessante que esta palavra é derivada de outra que significa a soleira de
uma porta que num sentido mais específico refere-se a um lugar acessível a
todos, comum, ou seja, profano. O termo “bebelos é antônimo de ἅγιος “hagios”, santo, separado. Assim, os termos fornicário e profano
conjugam-se para nos trazer a ideia de uma pessoa ímpia, libertina sexualmente,
escarnecedora, sem zelo por Deus e pelas coisas concernentes ao Seu Reino. Assim era Esaú, o primogênito de Isaque. Demonstração de completo menosprezo pelas coisas espirituais
POSSAMOS COM A AJUDA do Espírito Santo identificar em nós mesmos a cada dia se acaso permanecemos com o coração puro, livre de toda nódoa do pecado pois os versículos 14 e 15 deste mesmo capítulo 12 de Hebreus falam acerca da importância de vivermos em paz com todos e de não ficarmos privados da graça de Deus e também do cuidado para que nenhuma raiz de amargura brote em nosso coração, nos perturbando e, pior, contaminando também a outros.
TUDO ISSO PROCLAMA em alto e bom som sobre a necessidade de vivermos perto do Senhor a cada dia. Ainda que tenhamos algumas identificações com as atitudes de Esaú ou mesmo de Jacó que foi um enganador como sabemos, ainda assim o Senhor deseja continuar a trabalhar em nosso ser mais profundo para que tenhamos um caráter igual ao caráter de Jesus Cristo, pois o Espírito Santo trabalha em nós para que tenhamos a imagem do Filho de Deus conforme Romanos 8.29: "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes
à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos."
E É NESSE PRIMOGÊNITO santo, benigno, verdadeiro, puro, divino e que cumpriu toda a vontade de Deus Pai que estamos firmados. É Ele nosso modelo. Pense nisso.
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