sábado, 21 de julho de 2012

Deus deseja que você use sua mente......

Quero congratular-me com todo o crente em Jesus Cristo que faz uso correto de sua mente e com integridade de atitude, não aceita o que ouve ou o que vê sem um exame criterioso, tendo a Bíblia como a base de seu julgamento.

Desejo citar somente duas passagens bíblicas que tão claramente podem nos orientar nesse aspecto. A primeira passagem está em Atos 17.11: "Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim." O verso 10 informa que "estes" referidos no verso 11, eram os judeus de Beréia, a qual Lucas, o autor do  livro de Atos, adjetivou de "nobres", no grego εὐγενέστεροι eugenesteroi  porque esses judeus da sinagoga de Beréia eram possuidores de um espírito nobre, elevado, no sentido de que permaneceram "examinando" (gr. ἀνακρίνοντες - anakrinontes) a Torá (as Escrituras do AT) de forma contínua, enquanto Paulo lhes expunha o Evangelho. Este verbo grego indica uma ação continuada ou repetida e assim fizeram, conferindo a palavra que ouviam com a Palavra de Deus que tinham em suas mãos. E como resultado disso, no v. 12 lemos que muitos dentre eles converteram-se a Cristo.

A outra passagem está em  1 Tessalonicenses 5.21:  "Examinai tudo. Retende o bem." O original grego também nos ajudará aqui, "examinai" é um  verbo que está no presente do imperativo, δοκιμάζετε dokimazete. Aqui Paulo demonstra através do verbo grego que todos os cristãos devem por à prova as profecias, conforme o verso 20, mas por extensão, também tudo o que ouve ou vê. O verbo "retende" é κατέχετε katechete estando também no presente na forma imperativa e significa conservar no coração ou na mente, retendo e guardando a informação, aquilo que for bom, no caso, a boa doutrina, a verdadeira Palavra de Deus.

Meus amados, informo-vos tudo isso, a fim de que tenhamos a mesma nobreza dos judeus de Beréia, examinando muito bem tudo o que ouvimos ou vemos tendo sempre como base as Escrituras. Jamais o Senhor Deus tornará desprezível o uso de nossas faculdades mentais. Prestamos ao Senhor um culto racional (Rm 12.1) um culto com nossas mentes, um culto inteligente, e por isso, todo uso indevido da mente ou sua inutilização é algo medíocre, desprezível e francamente contrário aos propósitos divinos para o homem.

Não é possível haver igrejas, pastores e crentes que ignorem isso. Que desconsideram a busca do verdadeiro significado de uma passagem bíblica. Do exame individual das Escrituras com a necessária argúcia. Esta palavra significa finura na observação, agudeza de raciocínio. Muitos se satisfazem com pregações e ensinos que são extremamente superficiais, e, pior ainda, heréticos em muitos aspectos e não se dão ao trabalho de estudar, de examinar, o que ouviram do púlpito, ou em uma sala de aula. Até mesmo canções ditas cristãs e evangélicas podem conter elementos que destoam da doutrina bíblica e que o povo de Deus canta e até pula e se alegra, mas que não passa disso, melodia para mexer as emoções somente e nada tem a dizer de verdade à mente do cristão que lhe proporcione edificação ou genuína adoração ao Senhor.

Sou defensor da amplitude do ensino bíblico na Igreja. Para todas as faixas etárias. Para mim, a comunidade do povo de Deus é uma comunidade de aprendizado constante. O manual de ensino, a Bíblia Sagrada em sua monumental biblioteca de 66 livros, tem tudo o que é necessário para conhecermos a revelação divina em sua plenitude. Mas igrejas e pastores há que não se incomodam de permanecer na superficialidade de seus ensinos, em alguns casos pseudo-ensinos cristãos. Não se questiona aqui a sinceridade com que servem a Deus mas sim a forma como o vivenciam no sentido de não crescerem no conhecimento das coisas divinas e assim ensinarem aos seus irmãos.

O apóstolo Pedro diz: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude, pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência, há no mundo, e vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude; e à virtude, a ciência; e à ciência, a temperança; e à temperança, a paciência; e à paciência, a piedade" (2Pe 1.3-6), ou seja, ele ressalta o "conhecimento" no grego ἐπιγνώσεως epignōseōs que é o pleno conhecimento com referência ao que é conhecido nas páginas do NT sobre Deus, Cristo e as coisas divinas. Também chamo a atenção para o termo  γνῶσιν gnōsin "ciência" que refere-se ao conhecimento da fé cristã em geral e também a um conhecimento cristão melhor e mais aprofundado.

Desnecessário dizer que tanto o conhecimento como a ciência deverão estar acompanhados de todas as outras virtudes cristãs que Pedro menciona, isto por si só já seria objeto de um estudo aprofundado, verificando através de sadia exegese textual o significado de cada palavra em seus original grego.

Portanto, deixo aqui esta breve reflexão a todos que consideram que a Palavra de Deus é digna do melhor esforço de nossas mentes. Não desperdice mais este tesouro que Deus graciosamente lhe concedeu, sua capacidade de raciocinar. A revelação bíblica demanda que façamos o melhor uso que nós pudermos de nossas mentes. A inteligência humana é um dom maravilhoso que Deus nos outorgou.

Sejamos sábios portanto. Sejamos interessados em aprender mais. Estudemos com propriedade a Palavra do Senhor. Glorifiquemos ao Deus Trino porque somos semelhantes a Ele, exatamente por causa de nossa capacidade racional.

Que o Senhor então lhe conceda a mente de Cristo (1 Co 2.16). Não tenha mais uma mente medíocre. Seja um entusiasta no estudo de Sua Palavra. Use sua inteligência, creia, isto é desejo de Deus.

Pense sobre isso.........