sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O púlpito pentecostal deve ser reformado


"É preciso que as igrejas pentecostais [...] acrescentem ao nosso ardente testemunho de experiência [...] esforço intelectual mais determinado a fim de expor com precisão a nossa fé. Não devemos nos deleitar com emoções profundas à custa de reflexões superficiais".
Donald Gee, teólogo pentecostal em 1935

Considero nossa teologia pentecostal consistente. Muito embora não tenhamos uma elaboração teológica mais aprofundada e acurada como os irmãos reformados, todavia, ainda assim, podemos verificar a biblicidade de nossa teologia. Todavia, é preciso falar acerca da palavra vinda de nossos púlpitos porque carecem exatamente de uma exposição muito mais aprofundada, muito mais bíblica, e como disse Donald Gee, deleitamo-nos nas emoções profundas à custa de reflexões superficiais.

Muitos pregadores de matiz pentecostal, são especialistas, pode-se assim dizer, em suscitar emoções em sua platéia. O labor teológico não é o forte destes irmãos, mas sim, a emocionalidade que agrada em cheio ao povo pentecostal. Sabemos que, de uma forma geral, em nossas igrejas pentecostais no Brasil, a predileção é pelo pregador inflamado, que com sua técnica emocionalista, arranca muitos glórias a Deus e aleluias da igreja reunida. Mas, a estruturação das vidas pela Palavra de Deus fica prejudicada. Também se sabe que, via de regra, se o pregador da noite for um homem de estudo, um mestre, não reconhecido como um pregador “avivalista”, ele é, em alguns lugares, rejeitado pelos crentes reunidos, porque na mente de muitos a teologia torna o crente “frio” ou “mundano”.

Este tipo de mensagem de ênfase emocional é de natureza antropocêntrica. Tendo o homem como centro, os pregadores emocionalistas, avivalistas, inconscientemente, têm como alvo que seus ouvintes “sintam as emoções gloriosas do Espírito Santo”. O misticismo toma lugar em detrimento à uma reflexão bíblica que gere cristãos mais maduros, mais plenos em Cristo e que saibam reflexionar os conteúdos fundamentais da Palavra de Deus.

Desta forma, defendo aqui a reforma do púlpito pentecostal. Eu mesmo, preguei algumas vezes nesta ênfase emocionalista. Mas eu sei que foi um desperdício, preguei minhas próprias ênfases, meus próprios pensamentos, ao invés de trazer uma mensagem oriunda de uma reflexão profunda e teologicamente abalizada na Palavra de Deus. Não devemos desprezar a paixão e o ardor na pregação, não estamos aqui absolutamente falando em mensagens formais, homileticamente perfeitas, mas sem a pujança da vida no Espírito, mas sim em mensagens de origens inteiramente bíblicas e teologicamente saudáveis. Isto porque, não quero estar fascinado por uma teologia contaminada pela psicologia ou a sociologia, por exemplo, trazendo aos meus ouvintes as últimas novidades nesta área. Isto não me interessa e não é o que Deus quer que eu pregue. O Espírito Santo sempre me orientará para que eu pregue todo o conselho de Deus (At 20.27) porque não é outro o alimento espiritual de que nós precisamos – unicamente a pura Palavra de Deus.

O púlpito pentecostal deve ser reformado. Outros púlpitos também. Mas falo prioritariamente do púlpito pentecostal, porque é este de minha ambiência e experiência cristã. São más as emoções? Não, foram dadas por Deus, fazem parte da integralidade humana. São inteiramente perniciosos os insights da psicologia, da sociologia ou de qualquer outra ciência humana? Não, todavia, a Palavra de Deus não será encontrada em nenhum outro lugar a não ser em púlpitos consagrados a transmiti-la de acordo com a direção do Espírito Santo. É na Igreja e através de pastores zelosos que o conselho de Deus, a Palavra de Deus, fará o que lhe apraz (Is 55.11) nas vidas e corações.

Deus tem muito a nos falar do púlpito. Urge que hajam púlpitos realmente consagrados a transmitir a mensagem divina. Uma pregação radicalmente saturada da Bíblia e não apenas baseada nela. Uma mensagem saturada da Bíblia, plenamente cheia dela, sendo a Bíblia amplamente explicada como deve ser para que todos entendam o que Deus quer nos falar. Não devemos entreter o povo com emoções, mas saturar a mente e o coração do povo com a riqueza e profundidade de todo o conselho de Deus.

Bíblia! É disso que realmente precisamos. E nada mais. Pense nisto.

8 comentários:

  1. Quantas Vezes
    Quantas vezes nós pensamos em desistir,
    deixar de lado, o ideal e os sonhos;
    Quantas vezes batemos em retirada,
    com o coração amargurado pela injustiça;
    Quantas vezes sentimos o peso da responsabilidade,
    sem ter com quem dividir;
    Quantas vezes sentimos solidão,
    mesmo cercado de pessoas;
    Quantas vezes falamos,
    sem sermos notados;
    Quantas vezes lutamos
    por uma causa perdida;
    Quantas vezes voltamos para casa
    com a sensação de derrota;
    Quanta vezes aquela lágrima,
    teima em cair, justamente na hora
    em que precisamos parecer fortes;
    E Deus insiste em nos abençoar,
    em nos mostrar o caminho:
    Aquele mais difícil, mais complicado, mais bonito.
    E a gente insiste em seguir,
    por que temos uma missão:
    SER FELIZ !
    Às vezes nos deparamos com situações que
    Nos afligem, nos fazem sentir, e até mesmo chorar...
    Mais saiba por certo, que a cada momento da vida,
    Cada lágrima caída, cada sorriso dado, estará
    Tudo anotado no diário de Deus...
    Diacono Sergio

    ResponderExcluir
  2. Obrigado por esta palavra irmão porque expressa o que estou passando em minha vida no momento. Inclua-me em suas orações se possível porque ando desanimado mas continuarei apesar de tudo. Obrigado e que o Senhor lhe abençoe muitíssimo.

    ResponderExcluir
  3. Olá, Cicero!

    Muito legal o seu blog. Parabéns pelo texto! É muito bom encontrar gente como você, comprometida com a piedade cristã e com a reflexão.

    Um forte abraço,
    Jonas

    ResponderExcluir
  4. Obrigado pelo apoio e incentivo Jonas, que Deus o abençoe.

    Cicero

    ResponderExcluir
  5. Excelente texto, irmão Cícero! É da sua lavra? Pergunto porque gostaria de publicá-lo em meu blog, mas como é tradição nossa, sempre citamos a fonte (neste caso o "Observatório Teológico") e o autor.

    Um abraço, e que Deus nos ajude a adorá-lo em espírito e em verdade; com sentimentos, mas com a inteligencia, a fim de apresentar a ele um verdadeiro culto racional, onde erudição e dependencia divina andam de mãos dadas, para a Sua Glória.

    Leonardo Gonçalves
    Púlpito Cristão

    ResponderExcluir
  6. Sim meu irmão, você pode publicar em seu blog, que bom que apreciou este texto, seu blog é show e é muito acessado, creio que nosso texto alcançará vários de seus leitores, já lhe quero agradecer pelo espaço concedido ao nosso post. No que precisar conte conosco. Fica na paz!

    Cicero Ramos

    ResponderExcluir
  7. Muito bom o seu texto, pois hoje vemos um verdadeiro "misticismo" cristão nos púpitos e a verdadeira essência da palavra tem ficado de lado, muitos falam que são cheios do espírito, mas não conhecem a palavra e quando enfrentam qualquer dificuldade não tem onde se apoiar e acabam caindo, quem nunca viu uma pessoa que se dizia ser cheio da unção e hoje esta desviado e cometendo muitas atrocidades, a palavra tem que ser como espada de dois gumes, que penetra até a divisão da alma...Hb.4:12.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade, caro irmão, obrigado pelo comentário, fique na Paz !!!

      Excluir