segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

SEJAMOS CRISTÃOS CONSOLADORES!

UM DOS MALES da comunhão cristã é a ausência de cristãos "consoladores". Os males da vida por vezes empurram-nos para a vala comum da tristeza, da desilusão, da falta de perspectiva, da sensação de abandono e solidão e, por vezes, para a caverna profunda da depressão.

É QUANDO OLHAMOS em derredor e não conseguimos encontrar interlocutores fiéis que nos ouçam, usem de empatia e, pela graça de Deus sejam consoladores inspirados e bálsamo para a ferida do aflito.

ALIÁS, A FERIDA DA ALMA é, por vezes, extremamente dolorida, Sua dor nem sempre é minorada rapidamente, por vezes perpetua-se por longo tempo conforme o problema em questão e a estrutura emocional e espiritual do afligido.

POR ISSO É TÃO IMPORTANTE e fundamental no seio do Corpo de Cristo homens e mulheres que fielmente exerçam esse ministério. Que sejam discretos, sensíveis à dor do próximo, leais, benignos, longânimos, amorosos e tenham em grau elevado sua mente cativa à mente de Cristo. Ou, por que não dizer, que tenham mesmo em plenitude a mente de Cristo (1Co 2.16).

NÃO É DESEJÁVEL que pessoas sem a sensibilidade trabalhada pelo Espírito Santo queiram atuar como consoladores ou mesmo conselheiros. Urge que saibam perceber, pelo Espírito de Deus, a dor do outro, o que lhe aflige, qual a razão de sua tristeza ou morbidez ou mesmo ansiedade. E pelo mesmo Santo Espírito poderão e deverão agir em prol do irmão angustiado para ministrar-lhe conforme a graça de Deus.

CONVÉM NOTAR que é muito lamentável quando, no seio de uma família cristã, por exemplo, haja carência desses cristãos consoladores, quando um dos cônjuges não se sensibiliza pela fraqueza ou dor do outro. Se um ficar amuado, isolado, cabisbaixo, triste e o outro não sabe abordar carinhosamente para oferecer ajuda. Eu disse entre cônjuges, mas bem pode ocorrer entre pais e filhos e vice-versa (considerando serem os filhos adultos).

TANTO NA COMUNHÃO dos cristãos, como Igreja de Cristo como no seio de uma família cristã, os cristãos consoladores deveriam ser abundantes e atuantes. Talvez a ausência desse tipo de cristão esteja no individualismo tão característico de nosso tempo. Cada um cuida de sua própria vida (e é bom que assim o faça) mas às vezes esse cuidado é tão absoluto, tão egoísta que não se criam condições adequadas na mente e coração do cristão individualista ao extremo para que ele cumpra esse ministério tão necessário nesse tempo tão conturbado em que vivemos.

ENQUANTO ESCREVO essas linhas, estou eu mesmo triste e atribulado por algumas situações em minha vida. Até agora não encontrei alguém para conversar. Para o necessário desabafo, exposição dos problemas, esvaziamento do cálice existencial. Resolvi escrever esse texto como uma tentativa de auto-consolação. Claro, não vou aqui declinar o que se passa. Mas escrevo refletindo o momento, analisando a situação e isso serve para minorar de certa maneira a ansiedade e tristeza interiores.

TAMBÉM É BOM que se frise de que há certas situações em que deveremos administrá-las sozinhos, sem o concurso de consoladores humanos, mesmo que eles estejam por perto, disponíveis. Há situações que são somente entre o cristão e o seu Senhor. Jesus mesmo vivenciou isso na agonia do jardim do Getsêmani, mesmo estando por perto seus amigos. No momento de sua mais intensa agonia era Ele somente e o Pai (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46).

MAS O FOCO dessa breve reflexão está nos consoladores humanos. Eu desejo ser um deles. É muito ruim não ter alguém em quem confiar, a quem possamos recorrer e abrir o coração. Mesmo que ele nada diga naquele instante. Mas sua presença amorosa e amigável é por demais preciosa para que seja dispensável. Todos poderemos, na unção do Espírito Santo, ser alívio e consolo para o cansado, entristecido, atribulado, amargurado, decepcionado, estressado, ansioso, enlutado, enfim. Todavia, é preciso que tenhamos cuidado para que não sejamos como Elifaz,  Bildade e Zofar, os amigos de Jó que, ao saberem de sua situação, vieram consolá-lo (Jó 2.11), entretanto, Jó teve a infelicidade de constatar que eles eram "consoladores molestos" (Jó 16.2 - ARC) ou "péssimos consoladores" (NVT) ou então "consoladores importunos" (Bíblia de Jerusalém).   

O ESPÍRITO SANTO é o consolador por excelência (Jo 14.16,26;16.7). E também é mestre, ensinador, professor (Jo 14.26;16.13). Que possamos pois aprender com Ele, em Sua bendita escola, a nos tornarmos também, à Sua semelhança, consoladores fiéis de nossos irmãos aflitos. Isso glorificará ainda mais a Pessoa de Cristo. E glorificar a Cristo é o ministério do Espírito Santo, o bendito Consolador (Jo 16.14).

MEU AMADO, minha amada, pense nisso!      

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