sábado, 23 de julho de 2011

Apesar da realidade da depressão, o cristão pode ter paz


A depressão é um transtorno psíquico que afeta muitas pessoas, até mesmo aos cristãos. A melhor definição que encontrei para este problema foi dada pelo Dr. Uriel Heckert, psiquiatra: É um estado de sofrimento psíquico caracterizado fundamentalmente por rebaixamento do humor (isto é, do estado afetivo básico apresentado pela pessoa), acompanhado por diminuição significativa do interesse, prazer e energia. Incluem-se aí, alterações de sono e apetite, retardo psicomotor, sensação de fadiga, falta de concentração, indecisão, diminuição da autoconfiança, pessimismo, ideias de culpa, desejo recorrente de morrer, entre outros sintomas.

Todos nós sem exceção, vez por outra, podemos nos sentir deprimidos, em maior ou menor grau. Existe um questionamento sobre o fato se um verdadeiro cristão poderia entrar em depressão. Como alguém cheio do Espírito Santo, que nasceu de novo, poderia ficar deprimido? É uma pergunta interessante. Mas devemos comprovar tudo pelas Escrituras. E o maior exemplo que encontramos na Bíblia sobre um ser humano deprimido vem de nosso próprio Senhor Jesus Cristo. Leiamos Mt 26.38: "Então ele lhes disse: A minha alma está tão triste que estou a ponto de morrer; ficai aqui e vigiai comigo" (Almeida Séc. 21). Também temos os exemplos do rei Davi: "Por que estás abatida ó minha alma, e por que te perturbas em mim?......Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida" (Sl 42.5, 6a). Veja também o profeta Elias; "Toma agora ó Senhor a minha alma" ou Jonas: "Melhor me é morrer do que viver" (1 Rs 19.4; Jn 4.3).

Tudo isso demonstra que não podemos incorrer em simplismos quando abordamos este assunto. Não é algo a ser tratado de maneira superficial. Além de Jesus Cristo, tínhamos o rei Davi que gozava de comunhão com Deus, e Elias e Jonas, homens que andavam com Deus também e exerciam o ofício profético. Sendo assim, podemos categorizar que a depressão tem um caráter de universalidade. Pode atingir cristãos e não cristãos, homens e mulheres, jovens e idosos.

Todavia, é óbvio que há diferença entre a depressão e uma infelicidade passageira. Uma tristeza momentânea. A depressão afeta a estrutura emocional mais profunda do ser humano. Não é algo superficial. Enquanto na tristeza passageira, provocada por circunstâncias adversas, a pessoa não perde sua perspectiva da vida e sua esperança, na depressão ela é atingida em sua disposição inteira. A pessoa deprimida tem um conceito pessimista da vida. Há nela uma vulnerabilidade em relação àquilo que lhe ameaça. Até mesmo aborrecimentos de pouca monta podem aumentar sua depressividade.

A depressão tem estágios, níveis. Na maioria das vezes começa com o desalento (nível ameno ou depressão leve também conhecida como disforia), vai aumentando até chegar ao próximo estágio, o abatimento (nível sério ou depressão moderada) e chega ao desespero (nível grave). Em todos estes estágios, somos afetados mentalmente, emocionalmente e fisicamente. É muito importante frisar que, a pessoa ao atravessar a linha de desespero, a depressão pode se tornar tão aguda que a ela perca contato com a realidade e por isso, toda atenção deve ser dada a quem estiver nesse estágio pois poderá estar planejando dar cabo à sua própria vida.

Sentindo um peso emocional esmagador, sem esperança e incapaz de lidar com a própria existência, muitos procuram, como recurso extremo, o suicídio. Sua energia emocional está sendo sugada. Sua sensação de incapacidade é generalizada para o todo de sua vida. A principal necessidade do ser humano é de ter significado na vida e quando esta não é satisfeita, pode-se instalar um quadro depressivo.

O stress que nos afeta todos os dias, também em menor ou maior grau, pode levar ao estabelecimento da depressão, pela continuidade e agravamento dos fatores que lhe deram origem. Ressalvamos que um nível de stress é necessário a toda pessoa pois lhe ajuda em seu crescimento, em sua mudanças e desafios da vida que são tão necessários. Mas quando esse stress ultrapassa seus recursos físicos, emocionais e espirituais, os desafios se tornam ameaças e o stress se torna aflição que poderá dar origem à depressão de fato.

Estamos em um mundo onde as coisas não funcionam como deveriam funcionar. Onde o pecado afetou o todo da criação e principalmente ao ser humano. Sendo assim, infelizmente, a depressão faz parte de nossa existência enquanto seres caídos. E mesmo redimidos pelo sangue de Jesus, continuamos como seres humanos e frágeis. A conversão de alguém ao Evangelho não lhe isenta automaticamente de suas fragilidades humanas. Ele continuará suscetível aos fatores desencadeantes de uma depressão. Vejamos alguns desses fatores:

1) Causas físico-hormonais - A depressão frequentemente tem uma origem física.

2) Causas ambientais ou externas - Experiências negativas na infância, situações de desemprego, desarmonia entre os cônjuges, são alguns exemplos.

3) Incapacidade aprendida - Ao percebermos que nossas atitudes não estão produzindo resultados para alívio dos problemas, apesar de nossas tentativas, sentimo-nos incapazes e desistimos de tentar, a depressão passa a ser a resposta comum.

4) Pensamentos negativos - É a tendência a fixar-se no lado negativo da vida e esquecer-se do positivo, isso leva à depressão.

5) Stress ou tensão - Já mencionado, é quando o stress contínuo e intenso suga nossas energias emocionais, ficamos exauridos e isto pode levar à depressão.

6) Ira - Quando alguém se sente frustrado, ressentido e cheio de ira, não encontrando uma maneira de expressar e resolver este sentimento, pode levar à depressão igualmente.

7) Culpa (falsa ou real) - Quando falhamos ou sentimos que fizemos algo errado, surge a culpa e junto com esta a autocondenação, frustração, desespero. A pessoa forma um círculo vicioso, pois sente-se incapaz de sair do desespero que gera depressão e com isto mais culpa a pessoa sentirá e por sua vez agravará sua depressão.

8) Batalha espiritual - Aqui nos reportamos à luta contínua do cristão contra os seus três grandes inimigos, o mundo, a carne e o diabo. Quando nessa luta, ele perde mais do que ganha, além de demonstrar inabilidade para andar em obediência em sua vida com Cristo, tudo isso pode levá-lo também à depressão.


Apesar de tudo o que informamos até aqui, há cura substancial em Jesus Cristo para todo tipo e extensão de depressão!

Quando a Bíblia diz que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5), quando diz também que as misericórdias do Senhor renovam-se a cada manhã (Lm 3.22,23), tudo isso aponta para um Deus que se preocupa com nossas angústias existenciais. A palavra definitiva para mim em relação ao problema da depressão que pode nos sobrevir está no Evangelho de João 16.33: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" e igualmente em no cap. 14.27: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize."

As palavras de nosso Senhor Jesus Cristo são tão significativas que podemos verdadeiramente encontrar a luz no final do túnel escuro da depressão. Quer o diabo e suas hostes fazer o deprimido crer de que seu único remédio é dar cabo à própria vida. Mas Jesus veio para dar vida abundante e libertar a todos os cativos de Satanás (Jo 10.10; At 10.38). Grande parte das vezes, a depressão é um problema de ordem espiritual. Mas a aflição oriunda de um quadro depressivo pode e deve ser quebrada pelo poder do Nome de Jesus. Se houver pecados, devem ser confessados e abandonados para que a cura realmente se processe (Pv 28.13).

Note porém que a depressão em si não é pecaminosa. Ela faz parte da condição humana como frisamos. As várias passagens bíblicas que reportam-se à aflição que os seres humanos sofrem, só demonstram o realismo da Bíblia em abordar a vida humana como ela realmente é, sem subterfúgios ou utopias.

Mas ao mesmo tempo, há uma nota de esperança nas Escrituras sobre todo problema humano. Esta esperança repousa em Jesus Cristo e em Sua obra consumada na cruz do Calvário. Aqui está o nosso consolo, ao qual bem fazemos em nos apegar quando, por uma ou outra razão, a depressão se abater sobre nós. Há um destaque grande nas Escrituras para a vida de fé que devemos viver nesse mundo, apesar de tantas coisas erradas em nós e em nossos semelhantes por causa de nosso estado pecaminoso.

Façamos como o apóstolo Paulo, em sua oração a favor dos crentes em Roma: "Que o Deus da esperança vos encha de toda alegria e paz na vossa fé, para que transbordeis na esperança pelo poder do Espírito Santo" (Rm 15.13 - Almeida Séc. 21).

É possível viver neste mundo, apesar da realidade desconfortável e intrusa da depressão, viver em alegria e em paz na nossa vida com Cristo. Podemos transbordar verdadeiramente em esperança unicamente pelo poder do Santo Espírito de Deus até o grande dia da vinda de Jesus, Aleluia!

Meus amados, pensem nisso.














4 comentários:

  1. Gostei do post, eu durante muito tempo estudei esse tema, pois os crentes a confundem com possessão maligna, os psicólogos acreditam só nas causas físicas, mas na verdade a um equilíbrio nessa questão.No demais estou aguardando o estudo que o irmão ficou de mandar pra mim, sobre a questão dos usos e costumes.

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  2. Que bom que tenha gostado do post Geraldo, vc terá de exercitar sua paciência porque como estou revisando as apostilas do curso de Teologia que ministro, então estou com pouco tempo. Mas não esqueci do que te prometi, vou preparar o estudo e te enviar. Que Deus possa abençoar sua vida e ministério, fica na PAZ!

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  3. Gostei do tema e da abordagem cristã.

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  4. Alegro-me que tenha gostado Georges, vamos combinar para fazermos a nossa interatividade como te prometi, não esqueci não viu? Deus abençoe vc nesse dia!

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