sábado, 6 de fevereiro de 2010

A graça de Deus ainda com a cara da lei

A evangelização no Brasil foi muito mais intensa nos idos do século 20. Reputo à Assembléia de Deus o privilégio de ser a igreja evangélica que mais intensamente evangelizou nossa nação desde sua fundação em 1911. Pela graça de Deus, rapidamente alcançou muitas localidades em nosso país por causa do mover do Espírito, impulsionando homens e mulheres com reputado destemor. Amo ouvir as histórias várias de nossos pioneiros a desbravar lugares estéreis espiritualmente mas que, todavia, através de árduo labor, vicejaram as sementes abençoadoras do Evangelho de Cristo. Por via deste trabalho admirável, muitas almas ouviram a bendita mensagem que pôde salvar suas vidas e transformá-las para sempre.

Gostaria de ter ouvido também que juntamente com o fervor evangelístico, houvesse um igualmente denodado esforço para que o doutrinamento bíblico-teológico do assim chamado “crente assembleiano”, desde seus primórdios, fosse caracterizado por um aprofundamento nos conteúdos bíblicos que não só lhe desse firmeza como discípulo de Cristo como pudesse fazer com que pudesse refletir sua fé no contexto em que vivia. Mas infelizmente, com o passar dos anos, um legalismo de usos e costumes caminhou lado a lado com a sã doutrina. A tal ponto que, a chamada “sã doutrina”, em muitas congregações da AD pelo Brasil afora, é confundido com os “usos” e os “costumes”. Sabe-se do esforço de muitos dedicados pastores e obreiros para separar a verdadeira doutrina bíblica daquilo que é puramente doutrina de homens, mas são inúmeros os ensinadores e líderes que inconsciente (por falta de um real e verdadeiro conhecimento bíblico) ou propositadamente (aí teríamos um problema moral, sabem o que é verdadeiro mas pregam erroneamente por interesses escusos) ainda pregam ou ensinam uma mensagem que impõe um pesado jugo aos crentes em Cristo.

Jesus em suas altercações com os fariseus e doutores da lei, foi rigoroso em condenar o formalismo, o tradicionalismo e o legalismo que religiosamente praticavam. O Senhor não deixou por menos em falar claramente o que eles faziam, porque ensinavam suas doutrinas humanas, impondo um pesado jugo sobre o povo, impondo seu ponto de vista pessoal, sem se importar com a veracidade da Palavra de Deus (Mt 23). Nossa querida e amada AD também, por causa de alguns líderes desde sua fundação e até hoje, ainda “coam um mosquito e engolem um camelo”. Ainda fazem muito alarde por questões secundárias onde nem Jesus, nem Paulo e nenhum dos outros apóstolos fez menção alguma.

Acredito que o crente, seja ele de que denominação for, tem a Bíblia e o Espírito Santo para guiá-lo, estando estes elementos intrinsecamente interligados (Jo 14.26). Se houverem excessos, o pastor, o líder, pode sim ensiná-lo a manter-se em padrões biblicamente aceitáveis (1Co 10.31). Por ser a natureza humana como é, sempre poderão ocorrer desvios daquilo que agrada a Deus. Tanto no crente que está procurando agradá-lo, como em seu líder ou pastor que pode impor-lhe seu próprio ponto de vista humano e falível.

Por isso sou amante do verdadeiro ensino bíblico. Amo a Escola Bíblica Dominical, como uma excelente ferramenta para, desde a mais tenra idade, ensinar o conteúdo bíblico, ensinar verdadeiramente e tão somente a Palavra de Deus e nada mais. Também de igual importância, amo os cultos onde se ensina com propriedade a doutrina eminentemente bíblica. Onde, ao se expor a doutrina bíblica não se tem lugar para opiniões humanas. Igualmente amo pregações que tragam à lume a verdadeira mensagem do Senhor. Mensagem essa que salva e transforma. Que ilumina e fortalece. Que sustenta e anima a todo ouvinte, quer seja salvo ou não.

Tenho respeito por todos os pastores e líderes veteranos que ainda labutam em nossas igrejas em todo este imenso país. Mas nós temos que deixar claro que somente a Bíblia é a Palavra de Deus. O resto é opinião humana. Não só as Assembléias de Deus tem uma posição conservadora e firme em relação à Bíblia. Outras denominações também. Mas todas elas, assim como a AD, escorregaram e escorregam em questões de somenos importância. Eu, como parte do Corpo de Cristo também me incluo neste rol de entendimentos errados sobre a Palavra de Deus. Mas sempre o Senhor nos concede a graça da correção. Correção com amor, porque creio que o maior interesse de Deus é que muitos ainda venham a conhecê-lo e tenham um crescimento sadio balizados unicamente por Sua Palavra revelada.

Isto é a graça de Deus. Que opera em nossa justificação, onde não há mérito humano nenhum. Somos aceitos por Deus sem a guarda da lei, mas pela fé em Jesus Cristo somente. Assim somos justificados diante de Deus Pai. Que a igreja evangélica no Brasil pregue somente a graça. Porque a graça pregada neste país teve e ainda tem muitas vezes a cara da lei.

O que me deixa apreensivo é que Jesus Cristo veio para libertar o homem do jugo do pecado e da lei (Lc 4.18,19; Gl 5.1) mas este homem, salvo por Cristo, fica preso com outro tipo de jugo, o jugo dos mandamentos humanos (Mt 15.3,6; Gl 2.16).

Se você é salvo pela graça de Deus, pense nisto.

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