sábado, 28 de abril de 2012

Por um culto agradável a Deus somente

O grande pastor norte-americano A.W. Tozer (1897-1963) há muitos anos atrás chamou o culto cristão de "a jóia perdida da igreja". Porque ele disse isso? Simplesmente porque já em seu tempo, algumas igrejas e alguns cristãos já haviam perdido a dimensão correta de como deveria ser o culto ao Senhor. O pragmatismo americano havia também invadido as igrejas cristãs e o efeito disso foi a perda da essência em cultuar ao Senhor estando os cristãos reunidos em um determinado lugar.

Segundo John MacArthur, nos Estados Unidos 350 mil igrejas possuem oitenta bilhões de dólares em prédios dedicados ao culto a Deus. E ele pergunta: "Mas quanto de culto de fato se realiza nesses locais"?

Muitas denominações no Brasil, muitos ministérios e muitos pastores ávidos de projeção de seu nome e de sua igreja, pensam a igreja cristã somente em termos de construção de templos, para que depois então nesses confortáveis prédios, ofereçam um assim chamado "culto" onde a predominância está em uma propagar uma filosofia de ministério que quase nada tem a ver com os pressupostos neotestamentários para a Igreja de Cristo.

É no culto que se refletirá toda a ideologia da denominação ou as ideias bem particulares de seu pastor-presidente muitas vezes. Não se estará cultuando a Deus adequadamente em um lugar onde tudo o que se ouve são elogios ao fundador da denominação (isso deveria ser feito em relação a Cristo, e não elogios, mas sim, verdadeira reverência e adoração). Onde se gasta parte do precioso tempo de uma reunião (normalmente em torno de duas horas) para se falar de tudo, se ouvir de tudo, menos uma mensagem verdadeiramente ungida, descida do alto, diretamente Pai das luzes (Tg 1.17) onde não há mudança nem sombra de variação.

Os pastores não tem de satisfazer as necessidades das pessoas. Esta é a realidade em muitos ministérios. O culto deve obviamente ser direcionado a Deus, deve ser teocêntrico ou cristocêntrico. O que mais está em voga hoje são os cultos antropocêntricos. Isto porque, o homem está sendo o foco primordial do culto e não Deus, muito embora os que ali estão reunidos digam que ali estão para adorar ao Senhor. E essa reunião e essa adoração será que está refletindo verdadeiramente o que Jesus disse no Evangelho de João: "Mas a hora vem, e agora é,  em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (4.23,24) ou quase tudo o que é feito ali satisfaz tão somente a uma filosofia de ministério que parte das necessidades do homem e não da vontade de Deus.

A pregação, ponto alto do culto, consiste tão somente em muitos ministérios, de conceitos de auto-ajuda. Este termo significa "ajudar a si próprio", ou seja, ter atitudes e comportamentos para construir uma personalidade forte e capaz de levar uma vida feliz e próspera independente de fatores externos. Não é algo necessariamente mau ou incorreto ouvir um sermão com essa característica, ajudando o crente a viver melhor sua vida nesse mundo. Porém, o que criticamos é a excessiva ênfase nesse aspecto. O foco central de mensagens desse tipo é a satisfação humana, eles não pregam todo o conselho de Deus (At 20.27).

Assim, constato com tristeza incontida o crescimento no Brasil deste tipo de culto que de bíblico tem muito pouco. Muito mais de Deus poderia ser pregado. Também, todo o culto deveria ser direcionado ao Senhor e não parte dele somente. Muitos vão aos prédios que erradamente são chamados de "igreja" (igreja é gente, pessoas, eu e você) "para buscar uma benção de Deus". Ora, isso não é cultuar ao Senhor verdadeiramente. É estar focado em mim mesmo, é culto antropocêntrico, como dissemos antes. 

Você e eu somos abençoados por Deus quando lhe oferecemos um culto racional verdadeiro (Rm 12.1). O fato de estarmos adorando Ele assim e em espírito e em verdade (Jo 4.24) já se constitui por si em algo abençoado para o adorador.

O culto na Bíblia é o serviço prestado a Deus pelo povo escolhido por Ele mesmo. Devemos compreender que cultuar a Deus é relacionar-se com Ele. O culto bíblico é o encontro entre Deus e o ser humano, entre Deus e o Seu povo. Se for constante e intenso o diálogo entre Deus e o ser humano, mas frutífero se tornará o culto. Tudo o que acontece no culto deve levar em consideração a experiência de encontro com Deus.

Infelizmente são inúmeras as igrejas e cristãos que pensam que é preciso transformar o culto num bom espetáculo que atraia e agrade as multidões. Outros pensam que as diversas partes do culto e a disposição de seus elementos numa determinada ordem dependem de um costume estabelecido, ou, então, das preferências do pastor.

Declinarei aqui três pontos fundamentais se como cristãos pretendemos cultuar biblicamente a Deus. 1) O culto bíblico é uma experiência corporativa e não individualista; 2) O culto é serviço a Deus e não encontro casual para o lazer; 3) O culto bíblico traz em si uma íntima ligação entre adoração e vida. 

Desnecessário dizer que o culto a Deus está vinculado ao todo de nossa existência. Não devemos identificar a adoração a Deus somente com as reuniões no templo. Se isso acontecer, estaremos desvinculando o culto do viver diário. 

Vamos agradar ao Senhor cultuando-o verdadeiramente. Nós e nossas necessidades não são a essência do culto prestado ao Senhor Deus, mas sim a adoração de Sua Augusta Pessoa em toda Sua Realeza e Majestade. Cultuar a Deus deve ser um estilo de vida em todo o tempo. 

"Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém" (1Tm 1.17).   

Pensemos muito bem no que acabamos de ler e assim ofereçamos culto a Deus como Lhe é devido.















sábado, 21 de abril de 2012

Melhor a casa onde há luto do que a casa onde há festa....

No livro de Eclesiastes capítulo 7 versículo 2 encontra-se esta frase que uso como título para esta reflexão. Em continuidade, o escritor diz que ali, na casa do luto, se vê o fim de todos os homens e os vivos o aplicam ao seu coração. Gosto como a NVI (Nova Versão Internacional) verte a passagem, é assim: "É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério!" 

Havia ido a um determinado local e ao voltar para casa, estando dentro do ônibus eu contemplei algo interessante. Já passara várias e várias vezes por aquele trecho do trajeto, mas hoje me chamou a atenção algo que nunca realmente percebera: estão há poucos metros uma da outra a casa onde há luto - um hospital, da casa onde há uma festa - no caso, uma danceteria!

Fiquei a pensar sobre esse paradoxo. De que no mesmo instante onde várias pessoas, predominantemente jovens de 20 e tantos anos estarão alegres, dançando, bebendo, flertando e se divertindo, estarão na festa, enfim, há poucos metros, (na verdade, é quase de frente à danceteria o estacionamento e o pronto-socorro do hospital) estarão outras tantas pessoas acamadas, feridas ou doentes gravemente e padecendo muitas dores, tristes, algumas até desesperadas e outras infelizmente que irão falecer, seus parentes e amigos chorando inconsoláveis, aí está a casa do luto.  

Não acredito que as pessoas que estiverem no ambiente frenético e luxuriante de uma danceteria estejam pensando no ambiente lúgubre e indesejável de um hospital. Também acho que os que aqui estão, lutando pela sua sobrevivência, caso estejam conscientes e não inertes, cheio de tubos numa sala de UTI, estejam pensando  nos agitos de uma festa. Geralmente estes estarão inclinados a pensar em coisas mais elevadas, mais profundas e significantes: em sua vida, em sua família e em DEUS!

Os frequentadores de uma danceteria, por exemplo, logicamente que ali estão para satisfazer seus apetites carnais, dão vazão aos valores de sua vida egocêntrica e vazia e DEUS geralmente para eles está bem longe. 

Aqui está portanto a sabedoria do que escreveu Salomão em Eclesiastes. Se estivermos num ambiente  mundano, festivo, alegre, dificilmente vamos pensar nas coisas mais importantes que todos deveríamos levar em consideração. Na casa da alegria mundana, o que impera é a frivolidade e a carnalidade. Todos nós nos tornamos seres humanos melhores e colocamos nossa vida na devida perspectiva diante do Senhor Deus quando estamos na casa do luto. Prova disso é o que Salomão ainda escreve nos versos seguintes: "A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração. O coração do sábio está na casa onde há luto, mas o do tolo, na casa da alegria" (vv. 3,4). 

Fiquei a refletir sobre esses fatos hoje. Uma danceteria e um hospital. Tão perto um do outro, porém com   ambiências, sentimentos e pessoas tão diferentes. Na primeira predomina o riso. Na segunda, certamente o choro. Na primeira a prioridade é o EU. Na segunda, na maior parte das vezes, o eu é esquecido e o indivíduo se lembra do grande EU SOU (Êx 3.14) e passa a buscá-Lo. 

O que pensei comigo também é de como as situações na vida são efêmeras. Num instante em que se está na casa da alegria, pode-se passar no instante seguinte, devido a variadas circunstâncias, para a casa do luto. Num momento em que a aparente felicidade está em seu auge, a verdadeira realidade da existência humana predomina e a pessoa é precipitada para um estado onde ela poderá até encontrar-se com o Senhor e mudar sua vida para melhor.

Este é o desejo do coração do Pai. O que Ele deseja para cada ser humano desse mundo é que todos O conheçam (Ez 18.31,32; 2Pe 3.9). Que todos venham a deixar sua vida frívola, egocentrada, pecaminosa e que se arrependam de todos os seus pecados e recebam a purificação pelo precioso sangue de Seu Filho, Jesus Cristo. 

Em Seu amor, em Seus insondáveis desígnios, poderá você que está hoje na casa da alegria, de repente passar para a casa do luto. Todavia, meu conselho é de que você não fique ao sabor das circunstâncias, mas que você decisivamente possa crer em Cristo e assim passar a ter uma alegria genuína. Estar na casa do luto significará dores, tristeza e choro. Isso poderá ser bom para sua vida mas ninguém em sã consciência quer passar pelo "vale da sombra da morte" (Sl 23.4). Todavia, alguém poderá estar na casa do luto (que tanto pode ser um hospital como um cemitério) por ter um parente ou amigo ali e isto o levará, como disse o rei Salomão a nos lembrarmos de que um dia também vamos morrer, em face disso, a tristeza  pode nos sobrevir e fazer nosso rosto ficar abatido, mas nosso coração ficará mais compreensivo em relação à verdadeira realidade e finalmente atentaremos para o fato de que viver para si mesmo, viver para se divertir somente é viver de maneira tola e ser sábio é pensar também na morte, ou seja, de que invariavelmente este dia chegará.

Assim, considere diante do Senhor a sua vida e procure atentar para a validade do que diz a Palavra de Deus. Ela nos garante um porvir feliz, uma eternidade de plena felicidade, ainda que estejamos passando por provas difíceis aqui. Muitos vivem nessa vida como o rico que Jesus citou em seu ensinamento (Lc 16.19-31) que vivia todos os dias "regalada e esplendidamente" enquanto o mendigo Lázaro jazia cheio de feridas à porta daquele. Por viver em sua alegria mundana, sem atentar para Deus e Sua Palavra e sem atentar para seu semelhante, vivendo de si para si mesmo, foi para a eternidade em estado de perdição, enquanto Lázaro, que apesar de sua pobreza e mendicância era temente ao Senhor, foi para uma eternidade de delícias onde já se encontravam os justos de outrora como o patriarca Abraão (Lc 16.22).

Meu amigo, minha amiga, se você chegou até aqui, que tal pensar muito em tudo o que leu? Deus te abençoe ricamente.








terça-feira, 10 de abril de 2012

Insensatos amantes do barulho

Tenho constatado por onde vou como tem aumentado o número de indivíduos que tem verdadeiro deleite em ouvir decibéis altíssimos, muito acima de um nível saudável para o aparelho auditivo. Ou seja, como tem aumentado nos dias de hoje aqueles que amam o ruído, o barulho ensurdecedor. Alguns com fones de ouvido conectados a celulares dentro de ônibus, metrô, trens, outros com um sistema de som de última geração em seus automóveis, promovem uma verdadeira arruaça sonora por onde passam.

Fico a pensar, o que leva as pessoas a ouvir um som tão alto assim e que, expostos por longo tempo e diariamente, levará a uma diminuição de sua capacidade auditiva? Eu também gosto de ouvir música e em alguns momentos, aumento o volume de meu aparelho de som em casa para usufruir melhor a melodia, o som dos instrumentos ou as nuances da voz do cantor. Mas sei perfeitamente que, se ficar exposto longo tempo ao som em volume muito alto, meus nervos ficarão em frangalhos além de expor meus ouvidos a um perigoso limite.

Tenho verdadeiro pavor contra essas pessoas, principalmente jovens, que passam defronte de minha casa em seus veículos fazendo um barulho ensurdecedor, muitos decibéis além do limite suportável do ouvido humano que é de 65 decibéis segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Acima desse limite, o organismo humano começa a sofrer com os efeitos da longa exposição, haja vista que é de praxe ficarem longas horas e diariamente no interior dos automóveis. Da mesma forma, é prejudicial para a saúde ficar utilizando fones nos ouvidos um tempo demasiado e com a música em alto volume, e isto fazem de tal maneira que os que estão em redor conseguem ouvir perfeitamente o que está tocando.

Ouço um som alto por algum tempo e fico nervoso, nossos nervos realmente se abalam mesmo se for um estilo de música suave. As pessoas então ficam no interior de seus automóveis submetidos diuturnamente a esse ruído e precocemente vão ficar com seu aparelho auditivo comprometido e igualmente os outros sistemas de seu organismo, não apenas o sistema nervoso. Observo essa tendência muito forte de ouvir músicas em alto volume entre os mais jovens, quer seja dentro dos veículos ou munidos de sofisticados fones de ouvido e isso por horas a fio. Ora, no médio e longo prazo haverão prejuízos irreversíveis para a saúde.  

Sempre que alguém ouve um som muito alto, acontece no organismo uma descarga no nível de adrenalina, esta sobe e gera stress instantâneo. Além disso, no longo prazo, gastrite, insônia, aumento no nível de colesterol, distúrbios psíquicos, irritabilidade, ansiedade, excitação, desconforto, medo e tensão são efeitos constatados para quem se expõe além do limite aceitável, juntamente com a perda de audição que mencionei.

Esta é decididamente uma sociedade que ama o barulho. É de fato uma sociedade insensata. O silêncio, ao contrário, é deveras reconfortante. Proporciona tranquilidade. Leva à reflexão. Ajuda a apaziguar temores da alma. Como cristãos, temos no silêncio acesso às fontes divinais da paz e do sossego interiores porque não é possível acalmar a alma em meio aos ruídos exteriores que alteram nossa fisiologia e espantam a possibilidade da ambiência adequada para a comunhão com o Senhor.

Tenho visto meio em meio à Igreja aqueles que nem oram mais se não tiverem um som ambiente. Uma canção suave no momento da oração, com o volume baixo, creio que até ajuda, inspira, em nosso momento particular de oração. Mas não pode se dar o mesmo com outro irmão que esteja orando conosco no mesmo ambiente, pois bem poderá ser que ele prefira o silêncio absoluto para falar com Deus. Pessoalmente eu prefiro o silêncio absoluto porque posso me concentrar melhor no que vou falar ao Senhor bem como terei toda a atenção para ouví-Lo. Muitas vezes o silêncio é tão importante em nossa devoção com nosso Deus que ficarmos silenciosos na presença do Pai sem nada dizermos é o de que realmente precisamos.

Nossos cultos também precisariam de cultivar algum momento silencioso durante a liturgia. Mas principalmente no meio pentecostal, ao qual pertenço, é muito difícil o silêncio, porque é até uma questão cultural, os pentecostais amam os cultos barulhentos, festivos. Sabemos que no livro de Salmos há passagens que exortam a adorar a Deus em altas vozes e com instrumentos sonoros, é barulho mesmo, mas é algo diferente, digamos, um barulho santo, que bem executado vai glorificar ao Senhor e não deixará ninguém agitado, nervoso, doente, porque as coisas de Deus, o culto bem ordenado, deve glorificar ao Senhor e certamente fará bem ao homem. Mas gostaria de ter em alguns cultos um momento silencioso juntamente com toda a congregação, afinal estamos reunidos para adorá-Lo e a solenidade silenciosa diante do Amado de nossa alma deveria ser algo desejável. 

Que fazer diante da tendência ensurdecedora dessa geração? Devemos em primeiro lugar, juntamente com a proclamação da mensagem do Evangelho, interceder pelas pessoas porque elas fazem o que fazem porque não conhecem a Deus. Precisam conhecer a Jesus Cristo, precisam nascer de novo. Além disso, deve-se orientar as pessoas em nossas igrejas ou como nos for viável acerca dos malefícios do excesso de ruído. Da insensatez em se manter um estilo de vida que prioriza os volumes de som muito alto que nada mais são do que barulho, ruído, algo desagradável e promotor de doenças.

Não estou aqui fazendo uma apologia do silêncio absoluto, até porque seria impossível nesta nossa presente civilização que tem em alta conta não só os volumes altos de áudio como também é fascinado pelas imagens, mas sim faço a defesa de um estilo de vida mais saudável, biblicamente falando, porque a intenção de Satanás é poluir o ambiente em que o homem vive (além da poluição em seu coração) porque tudo o que estraga e inviabiliza a vida humana não provém de Deus, mas é consequência do pecado e é potencializado pelo inimigo de nossas almas. Afinal, ele é o Príncipe deste mundo decaído, e não poderia ser de outra forma.

Lembremo-nos queridos e amados irmãos: Nossa luta é espiritual (Ef 6.10-20; 2Co 10.3-5). Os insensatos amantes do barulho são apenas uma das tantas aberrações que vemos todos os dias.

Pense nisso.