quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eu quero entrar no descanso de Deus


"TEMAMOS, portanto, que, sendo-nos, deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado." (Hebreus 4.1 - ARA)

Todo o cristão está em uma jornada para o céu. A comparação que o NT faz com a jornada do povo israelita no deserto, é bem pertinente. Eles foram libertos da escravidão no Egito. Atravessaram o Mar Vermelho a pé enxuto (Êx 14.15-25). Testemunharam como Faraó e seu exército foram derrotados pela ação divina (Êx 14.26-31). Foram providos de água, de alimento. (Êx 16.11-13; Nm 11.31-35). Durante o tempo da viagem pelo deserto, todos os dias recebiam o maná, o pão descido do céu. (Êx 15.22-27; 16.13-36). A roupa e o calçado em seus pés não envelheceram (Dt 8.3,4). De dia a coluna de nuvem guiava-os pelo caminho e à noite a coluna de fogo além de guiar-lhes protegia-os dos perigos de uma região tão inóspita (Dt 1.33). Receberam a lei de Deus. Grandes foram as maravilhas realizadas pelo Senhor em prol do povo que chamara e separara para ser Sua testemunha perante todos os povos da terra (Êx 19.5,6).

Porém, temos igualmente o testemunho das Escrituras no tocante à incredulidade da maioria daquele povo. De que quase todos morreram. Seus cadáveres ficaram expostos no deserto (1Co 10.5). Deus não se agradou da maioria deles.

Neste mesmo capítulo, o apóstolo Paulo nos ensina que estas coisas sobrevieram sobre os israelitas e servem para nós como exemplos. Foram exatamente escritas para advertência nossa (v.11).

Portanto, o crente corre riscos sim, de perder sua salvação. Aqueles que dizem que o cristão uma vez salvo, salvo para sempre está, precisa ler com mais atenção o que os textos neotestamentários dizem. A epístola aos Hebreus no capítulo 3 solenemente adverte de que a incredulidade pode afastar o crente de Deus e o engano do pecado pode endurecer seu coração (13, 14).

Todavia, a promessa de Deus é de nos conduzir pelo deserto dessa vida, assim como conduziu o povo israelita, até chegarmos à Canaã prometida. O céu é uma grande realidade que nos aguarda. Em tempos de relativismo religioso, modismos os mais variados, materialismo em alto grau, parece que os cristãos já não falam ou não mais aspiram chegar ao céu. Parece que o ambiente que nos envolve, o "presente século" (Tt 2.12) vem nos ofuscando de tal maneira que já estamos falando bem pouco entre nós sobre isso. Tudo o que se ouve nas pregações, quem sabe a maioria delas, é de vitória, conquista, bençãos, mas praticamente todas relacionadas à nossa vida aqui presente. Parece que os pregadores, ensinadores, palestrantes cristãos, esqueceram de nossa condição de peregrinos como disse o apóstolo Pedro (1 Pe 2.11).

O texto de Hebreus em epígrafe, fala que Deus nos prometeu de que entraríamos em Seu descanso, o céu. Claro que, quando aceitamos o Evangelho, quando entregamos nosso coração a Jesus Cristo, entramos espiritualmente no descanso de Deus porque Jesus disse que todos os cansados, sobrecarregados com o fardo dessa vida e oprimidos deveriam ir até Ele, porque haveria alívio da carga oriunda do pecado (Mt 11.28-30). Realmente o Senhor prometeu a Sua paz (Jo 14.27).

Mas é sobre nosso descanso eterno de que nos fala o texto em Hebreus. O autor da epístola estava temendo que os crentes hebreus falhassem assim como seus patrícios saídos do Egito e que por 40 anos foram conduzidos pelo Senhor pelo deserto, dando voltas e mais voltas, até que morressem, porque foram incrédulos principalmente no triste episódio dos 12 espias (Nm caps. 13 e 14). Esta preocupação chega até nós hoje porque estamos ainda mais perto do retorno do Senhor do aqueles nossos irmãos hebreus que foram os destinatários originais da epístola.

Ao final do cap. 3, versos 18e 19, está escrito: "E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade." Por tudo isso, todos nós deveremos vigiar, como disse o nosso Senhor, em face do aumento da iniquidade nestes dias antecedentes ao Seu retorno. Um grande e precioso exemplo para nós nesta hora da jornada provém de Josué e Calebe. Da geração que saíra do Egito com Moisés, eles dois foram os únicos a entrar em Canaã, algo que nem o grande Moisés conseguiu devido seu momento de vacilação diante da ordem divina de falar à rocha para que vertesse água (Nm 20.2-13).

Por isso, é algo terrível pensar de que alguém possa ter vivido toda sua vida supostamente na presença de Jesus Cristo, na igreja ser assíduo, atuante e entretanto não entrar no descanso de Deus. Solenemente a Bíblia nos adverte quanto a isso.

De fato, devemos como nunca viver pela fé, para podermos entrar no descanso de Deus. Paulo tinha uma forte convicção quanto a isso. Quase ao fim de sua jornada nessa terra, ele disse: "E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém" (2 Tm 4.18). Teremos nós esta mesma confiança? Almejamos tanto o céu que estamos dispostos para isso a perseverar até o fim?

Jesus disse ao final das cartas às sete igrejas no livro de Apocalipse (2.10,11; 17; 26-29; 3.4-6; 12,13; 21,22) palavras que nos encorajam diante dos grandes desafios à nossa fé nestes dias tão difíceis, nestes dias onde a fé cristã tem sido tristemente falseada, alijada em seus verdadeiros pressupostos e valorizada em face de lucros monetários. Muitos estão na igreja somente porque obtém alguma vantagem material. Raciocinam que a piedade cristã é fonte de lucro (1 Tm 6.5). Mas será sim fonte de lucro a piedade se estiver acompanhada de contentamento. Mas muitos não estão contentes com a porção que o Senhor lhes concedeu e por isso querem ficar ricos e isto à custa de seus irmãos. Você pode verificar isso olhando hoje para certos líderes e demais cristãos que vivem como "deitados em berço esplêndido" no que tange a dinheiro, carrões, viagens, roupas de grife, enquanto muitos de seus irmãos vivem como o pobre da parábola (Lc 16.19-31).

Diante desses abusos, devemos atentar para o que diz o apóstolo Tiago sobre a verdadeira religiosidade: "A religião pura e imaculada para com Deus Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo" (Tg 1.27).

Deus nos prometeu entrada no céu. Mas para entrarmos, na nossa jornada presente precisamos andar conforme Sua vontade. Há muitos dentre nós que não agradam ao Senhor enquanto peregrinam por aqui. Quem assim continuar a viver, corre o risco de não entrar na terra prometida. Há necessidade de esforço nesse sentido: "Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência" (Hb 4.11 - ARA).

Você quer entrar no descanso de Deus assim como eu. Então, considere, pondere, pense nem tudo o que acabou de ler para o seu bem. Que Deus abençoe a ti nessa jornada!

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