quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Deus, Mistério, Majestade e Glória

Nosso grande Deus a quem servimos, resolveu revelar-Se a Si mesmo por meio das Escrituras do Antigo e Novo Testamento e maiormente por intermédio do Verbo, Jesus Cristo. Tudo o que podemos saber sobre o Senhor Deus, está revelado, está escrito na Bíblia. Esta revelação é denominada de proposicional. E, pessoalmente, Ele veio até nós, revelando-se diretamente na Pessoa de Seu Filho.

As palavras humanas foram o veículo usado por Deus para se dar a conhecer em um nível compreensível a todos os homens. O homem pode agora utilizar suas faculdades mentais e tomar conhecimento da revelação escrita de seu Criador. Se Deus não houvesse decidido por esta revelação, nenhuma criatura humana conheceria a Pessoa por excelência. Deus falou através de instrumentos humanos, os profetas, que por sua vez registravam as elocuções divinas em forma de palavras, processo esse supervisionado também pelo Senhor, para que então todos tivessem acesso aos Seus oráculos. Portanto, o Deus que resolveu se revelar e a Quem servimos, é perfeitamente cognoscível.

Mas o fato de dar-se a conhecer por intermédio das Escrituras, aos seres humanos que criara esgota o conhecimento de Seu ser? Não. Isto porque existe uma dimensão em Deus que nos é oculta. Porque isto é assim? Porque o Infinito não pode ser alcançado e compreendido plenamente pelo finito. Porque criatura nenhuma em toda a vasta extensão do Reino de Deus, quer sejam anjos, querubins, serafins, homens, demônios, pode compreender perfeitamente aquele que é Inefável. O mistério sobre sua Pessoa é um fato a qual todos devemos aceitar. Sabemos que, segundo Sua Palavra, o que Deus resolveu revelar a nós está bem delineado conforme o texto conhecido de Dt 29.29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” Por coisas encobertas podemos entender aquilo que Ele resolveu, decidiu, em Sua Soberana vontade, ocultar-nos. As reveladas, referem-se ao conteúdo proposicional da Bíblia Sagrada. Aos 66 livros dos dois testamentos que perfeitamente trazem o selo da inspiração divina e expressam com magnitude a Sua boa, agradável e perfeita vontade (Rm 12.2).

Inquestionavelmente declara a Revelação escrita de Deus sobre um Ser que é Um. Sua unidade, sua exclusividade: “Eu sou o SENHOR, e não há outro; fora de mim não há Deus”; “Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro”; “Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não outro” (Is 45.5a,6; 21b,22). Mas declara de igual forma a mesma Revelação de um Deus que subsiste em Três Pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Toda a amplitude da Revelação divina dá testemunho cabal das triunidade de Deus.

Isto é complexo. É de difícil alcançe para a mente humana. Incompreensível. Foge aos pressupostos da lógica. É neste ponto que muitos abandonam a fé cristã, por não suportarem o desafio de aceitar a doutrina de Deus como referendada na Bíblia, e outros que permanecem numa zona obscura, doutrinariamente falando, porque aceitam a unidade de Deus somente no sentido absoluto que o termo hebraico yachid traz (como vertido no Sl 133.1). Entretanto, existe outro termo para único ou unidade, que é echad (visto em Dt 6.4). Com este termo, a inspiração do Espírito de Deus nos faz saber que há uma notável pluralidade na unidade. Fica a indagação: Como compreender plenamente isso? Como entender que Deus é Um mas também é Três Pessoas?

Amigos e irmãos, é isto que a doutrina bíblica sobre Deus nos ensina nas Escrituras. Isso é revelação de Deus para nós. Ainda que compreensivelmente não possamos aquilatar plenamente, todavia, é o que está registrado nos oráculos divinos. É este Mistério sobre a Pessoa Divina que precisamente constitui sua Majestade e Glória. Ele é um Ser totalmente distinto do restante de Sua criação. Ele é o Totalmente Outro, como assinalou Karl Barth. Totalmente separado em Sua infinitude e atributos incomunicáveis (Onipotência, Onisciência, Onipresença). Ele paira gloriosa e majestosamente fora e acima de Seu universo criado. Mas também de uma maneira que não podemos compreender, Ele está junto conosco: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15). Isto comprova a própria palavra do profeta Isaías (7.14) referendada em Mt 1.23, que refere-se ao Salvador, o Senhor Jesus Cristo: ”Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.”

Alegramo-nos sobremaneira pela forma como a Palavra de Deus foi preservada, tendo chegado até aos nossos dias. Pela maneira zelosa de Deus em cuidar para que no decorrer dos séculos, Seus oráculos estivessem preservados de forma escrita e disponíveis aos homens. Mas a compreensão cristã de Deus poderá empobrecer-se ao tentarmos racionalizar o que sabemos sobre Ele. A visão é de um Deus que criou todas as coisas. De um Deus do qual vemos Sua glória refletida nas maravilhas do mundo natural. Um Deus redentor, cuja bondade e amor pelo ser humano são vistos na amorável Pessoa de Jesus Cristo. Um Deus presente nas vidas daqueles que vivem e crêem n’Ele, na Pessoa do Espírito Santo. O Mistério, a Majestade e a Glória de Deus. Qual a atitude diante de tal grandeza?

Reverência. Como não ter outra atitude diante d’Aquele que é Supremo e Absoluto? Não é medo, o paralisante e castrador medo. Ao contrário, a Pessoa de Deus nos leva à alegria. Abrimos nosso coração e nossa mente ao Ser que em Sua excelência e perfeição cativa-nos de tal forma que até mesmo aquilo que d’Ele não conseguirmos compreender, nos admiramos, e encurvamos nossas frontes em profunda adoração, reconhecendo a Majestade e a Glória de tal Mistério.

Paulo, de forma admirável, traduziu esta rendição ao Ser Inefável por excelência: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” Rm 11.33-36).

Esperamos confiantes o dia em que Jesus Cristo, Deus Filho, se manifestar pela segunda e derradeira vez a este mundo. O plano de Deus para redenção do ser humano encontrará sua plenitude neste glorioso dia. E passaremos então a estar eternamente em sua Presença. Mas, mesmo em Sua eterna companhia, ainda por toda eternidade, em eras que tombarão sobre eras, não conseguiremos compreender plenamente a grandeza de nosso Deus. Seu Mistério, Sua Majestade e Sua Glória permanecerão: “Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. PORÉM TU ÉS O MESMO, E OS TEUS ANOS NUNCA TERÃO FIM” (Sl 102.25-27).

Escolha agora dobrar os seus joelhos em adoração ao Eterno.

Pense nisto!

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