sábado, 11 de setembro de 2010

O péssimo testemunho da intolerância “cristã”

Em 25 de agosto postei uma mensagem sob o título “A expansão do Islã diante de nossos olhos” onde fazia menção da atitude dos seguidores de Alá na Bienal do Livro em S.Paulo, distribuindo kits gratuitos com publicações sobre a fé islãmica. Pois bem, uma ação de “evangelismo” que eles faziam de forma ordeira, democrática e passiva. Até indaguei se porventura algo semelhante havia sido orquestrado pelos cristãos no referido evento. Até onde soube, nada semelhante havia sido feito mas eis que surge uma notícia que deixa a todos nós preocupados e envergonhados. Um “pastor” norteamericano disse que, se uma mesquita e um centro cultural islâmico fossem contruídos próximo ao local onde estavam as torres do WTC, o Marco Zero, ele queimaria em público exemplares do Alcorão.

Ora, tal ação é temerária por vários motivos. Primeiramente, se questiona que fé é essa que arbitrariamente acha que deve violar o que é tido por sagrado em outra religião. A intolerância e a violência, que invariavelmente lhe segue, não foi ensinada por Jesus a seus discípulos. João disse ao Senhor que ele e seus companheiros proibiram um homem de expulsar demônios em Seu Nome, porque o tal não lhes acompanhava, não fazia parte do mesmo grupo. Jesus então lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós, é por nós” (Lc 9.49,50).

Uma outra questão é que este “pastor” (entre aspas sim, pois o que ele pretende fazer não traduz o espírito de um verdadeiro pastor cristão), anuncia tal intenção num momento de tensão envolvendo o Islã e os Estados Unidos, já que um projeto para construir uma mesquita perto do local dos atentados de 11 de Setembro está sendo alvo de protestos. Ele declarou: Vamos mandar uma mensagem clara ao islã radical (...) de que a sharia (lei islâmica) não é bem-vinda na América”. Acrescentando, disse ainda: “Nossa queima do Corão é para ressaltar que algo está errado”, disse. “Há algo muito errado com nossas políticas quando nós observamos um prédio cheio de pessoas morrendo porque nossas políticas não nos permitem fazer nada. Como acontece agora. Nós não estamos convencidos de que recuar é a coisa certa. Assim, em 11 de setembro, nós vamos continuar com o evento que planejamos.”

Inacreditável. Como um líder de uma igreja que não tem mais de 50 membros, possa causar todo este rebuliço nas relações entre cristãos e muçulmanos? A secretária de estado Hillary Clinton declarou que a atitude de Terry Jones “não representa os americanos, o governo americano ou as lideranças políticas e religiosas do país”. Este senhor conseguiu (a nós nos parece que era o que exatamente queria) chamar a atenção sobre si e sobre sua cruzada ignóbil.

O momento seria de exatamente procurar uma conciliação entre as partes visando uma ambiência de paz entre cristãos, muçulmanos e todos os demais. Não se resolvem as coisas desta maneira, fomentando mais violências. Vários líderes, a começar do presidente Barack Obama, condenaram as intenções de Jones. Se tal fato se concretizar, podem-se esperar violentas retaliações dos muçulmanos em todo mundo, inclusive dentro do próprio território americano. Obama fez um apelo no sentido de que haja tolerãncia religiosa entre todos.

O radicalismo islâmico matou em torno de 2.752 pessoas nos atentados às torres do World Trade Center há nove anos. Parece que certas pessoas não conseguem conviver com isso e querem inflamar os sentimentos de todos com atitudes intolerantes e igualmente radicais. Radicalismo não se combate com outros radicalismos. Radicalismo se combate com amor. Amor verdadeiro de Deus. Amor demonstrado na morte de Seu Filho na cruz do Calvário.

Nenhum pretenso cristão como este senhor que se diz “pastor” deveria fomentar a vingança contra a violência sofrida. Está escrito: A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.17-21). Portanto, não atentemos para o péssimo testemunho deste “pastor”.

A passagem que acabamos de ler deve consistir-se na verdeira atitude do cristão. É assim que Deus quer que ajamos. Amor em ação.

Certamente, este amor prático não deve prescindir da pregação e do testemunho do verdadeiro Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os muçulmanos devem ser persuadidos a conhecer ao verdadeiro Deus. Todavia, isto deve ser feito (porque Jesus ordenou que assim o façamos conforme a Grande Comissão) com muito amor, com muita graça, com muita mansidão e discernimento, direcionados sempre pelo Espírito Santo.

Que neste 11 de setembro de 2010 possamos todos nós, seguidores de Cristo, lembrarmos e pensarmos muito sobre tudo isto. Repudiamos veementemente toda e qualquer espécie de retaliação, até porque os muçulmanos, homens e mulheres como todos nós, não consistem em nossos verdadeiros inimigos. JESUS OS AMOU E MORREU POR ELES, DEVEMOS LHES ANUNCIAR ESTA MENSAGEM. É o que este senhor (pastor?) deveria estar fazendo. Que Deus pelo Seu Espírito o convença de seu erro. Amém.

2 comentários:

  1. Excelente texto e bastante esclarecedor a respeito de um "incidente" que chama nossa atenção para os EUA neste 11 de setembro.
    Gostei da fundamentação feita na Palavra de Deus, pois ela deve ser luz para alumiar os nossos e também os caminhos das nações!
    Abraços.
    Sonia Costa

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  2. Obrigado mais uma vez por seu precioso comentário Sonia. E que o Senhor abençoe sua vida e ministério.

    Cicero Ramos

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