quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eu quero ser santo! (2)

O puritano inglês John Owen (1616-1683) dá a seguinte definição de santificação:Santificação é uma obra imediata do Espírito de Deus nas almas dos crentes, purificando e limpando a sua natureza da poluição e da impureza do pecado, renovando neles a imagem de Deus e, desta forma, capacitando-os, segundo um princípio de graça espiritual e habitual, a prestar obediência a Deus, de acordo com os termos da nova aliança, em virtude da vida e morte de Jesus Cristo. Daí segue-se que a nossa santidade, que é fruto e efetito desta obra, a obra já terminada em nós, no sentido de que ela compreende a renovação do princípio ou da imagem de Deus esculpida em nós, que consiste em uma obediência santa a Deus, mediante Jesus Cristo, de acordo com os termos da aliança de graça, segundo o princípio de uma nova natureza.”

Santidade é um termo bíblico de bastante peso. Sua raiz está na ideia de separar-se, em apartar-se. Em primeiro lugar, a palavra traz o significado de Deus como separado do homem, e em segundo lugar, tudo o que deveria caracterizar o cristão como separado para Deus. J.I. Packer apresenta sete princípios ou parâmetros comumente considerados a respeito de santidade que vamos transcrever aqui:

1- A natureza da santidade é transformação através de consagração;

2- O contexto da santidade é justificação através de Jesus Cristo;

3- A raiz da santidade é co-crucificação e co-ressurreição com Jesus Cristo;

4- O agente da santidade é o Espírito Santo;

5- A experiência de santidade é experiência de conflito;

6- A regra da santidade é a lei revelada de Deus;

7- O cerne da santidade é o espírito de amor.

(in, Na Dinâmica do Espírito, Vida Nova, 1984, p. 100-111)

Santidade é algo necessário. Devemos ter em altíssima consideração uma vida de santidade. Toda a Palavra de Deus exalta o princípio de santidade na vida dos que seguem ao Senhor. O povo de Israel, a começar da chamada individual de Abraão (Gn 12), até a libertação do Egito e consequente estabelecimento na terra de Canaã como uma nação, entende-se claramente como uma chamada para a santidade, no sentido de serem um povo separado para o Senhor, a fim de serem testemunhas para todas as demais nações na terra: Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardades a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.5,6).

A Igreja também cumpre esta tarefa peculiar de testemunho, vocacionada que é para uma vida de santidade ao Senhor. Tanto no aspecto individual, deve o cristão considerar sua vida de separação para Deus, vivendo plenamente uma vida de santidade (1 Pe 1.15,16), e também no aspecto coletivo, os cristãos enquanto Corpo de Cristo, a Igreja do Senhor, devem considerar as palavras ainda na primeira epístola de Pedro 2.9,10: Mas vós sois a geraão eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançaste misericórdia.”

Diante de Deus, ser santo tanto reúne a ideia de posição e instantaneidade, como também é algo prático e progressivo, que envolve crescimento, desenvolvimento. Posicionalmente, eu e você que aceitamos a graça de Deus no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, somos declarados santos. Paulo diz em 1 Co 1.30: Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria e justiça, e santificação e redenção.” Somos santos portanto diante de Deus por causa de Jesus, mas essa posição de santos, essa separação inicial é apenas o início de uma vida progressiva de santificação. Agora temos a responsabilidade de viver para Ele em noso cotidiano, sendo cada vez mais conformados à imagem de Cristo (Rm 8.29).

O que é maravilhoso é o fato de que Deus não somente ordena que sejamos santos, como proporcionou os meios para que esta santificação se traduza na prática diária. Para isso temos os meios estabelecidos que são o sangue de Cristo, o Espírito Santo e a Palavra de Deus. O sangue de Cristo tanto fala de nosso aspecto posicional de santidade diante de Deus, por causa da obra consumada na cruz do Calvário, como também no aspecto contínuo de nosso viver diário, isto está inferido em 1 Jo 1.7b: ….e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” O Espírito Santo envolve a nossa santificação interna, conforme o capítulo 8 de Romanos descreve, mostrando a ação do Espírito de Deus em nossa santificação, na abstenção das obras carnais: Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Rm 8.13). A Palavra de Deus, o terceiro meio á nossa disposição para um viver santo, leva-nos a compreender a insensatez e impiedade de nossas vidas. É necessária uma separação diária das impurezas e imperfeições conforme ocorrer a revelação pelas Escrituras, pois esta é espelho de nossa alma (Tg 1.22-25).

Creio que nesses dias que ora vivemos, como Igreja de Cristo, mais do que nunca, deverá haver uma consagração completa na vida de cada discípulo de Jesus, porque está explícita na Palavra de Deus de que o crente deverá andar em santidade. Como escrevi na primeira parte desta postagem, muitos dizem que os dias de hoje são mais difíceis para uma completa consagração e entrega a Deus de sua vida, procurando viver em padrões de santidade como preconizados nas Sagradas Escrituras. Reafirmo aqui o que disse, de que é sim, perfeitamente possível e viável a vida com Jesus e que podemos ser-Lhe agradáveis numa entrega constante e decidida.

Que o Senhor possa convencê-lo desta imperiosa necessidade de SANTIDADE AO SENHOR.

Pense nisso, para o seu bem, em Nome de Jesus!

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