A história do Haiti é deveras interessante. A parte ocidental da ilha de Hispaniola onde localiza-se o país, foi cedida à França pela Espanha em 1697. Tornou-se no século 18 a mais próspera colônia francesa na América por causa da exportação de cacau, açúcar de alta qualidade e café. Toussaint L’Ouverture, ex-escravo e líder do movimento de libertação, juntamente com a maioria da população contituída de escravos negros africanos, influenciados pela Revolução Francesa, rebelam-se em 1791. Foi a primeira nação americana a abolir escravatura em 1794. Toussaint foi designado governador vitalício em 1801 e promulga uma Constituição. É preso por uma expedição militar francesa enviada à ilha e mandado para a França onde morre em 1803. Jean-Jacques Dessalines, ex-escravo, continua a luta e o país conquista a independência da França em 01 de janeiro de 1804, passando então a chamar-se Haiti, a primeira república negra da América.
Após esta data, os franceses mantiveram o Haiti sob bloqueio comercial por 60 anos. Entre 1838 e 1883, a França exigiu o pagamento de enorme indenização monetária para suspender o bloqueio. Com isso, a antes pulsante economia que tinha tudo para tornar o novo país um dos mais prósperos da América, sofre um duro golpe. O bloqueio imposto ao Haiti, também teve a finalidade de impedir que os ideais libertários não se espalhassem pelas demais colonias americanas. A partir de 1915, os Estados Unidos ocupam o país, até a década de 50, quando vai para Cuba.
O plantio da cana-de-açúcar destruiu a capacidade de produção agrícola do solo haitiano. Os rios do país também foram prejudicados em virtude dessa agricultura intensiva e agressora. O solo não produzia mais como outrora e o açúcar, que no século 18 foi considerado o de melhor qualidade do mundo, já não tinha tanto valor.
Portanto, muita cautela antes de abrirmos nossos lábios para pronunciar a cruel sentença de que o Haiti é assim, miserável e paupérrimo, por causa da indolência de seus habitantes ou porque Deus simplesmente o castigou por causa de suas práticas de feitiçaria como o vodu. É certo que Deus abomina isto (Dt 18.9-14), e trará a julgamento todas estas práticas, mas o relato histórico feito há pouco, mostra como os próprios homens, pecadores como são, conseguem prosperar uma terra, muito embora à força de trabalho escravo, e depois impõem suas covardes condições, não dando a mínima ao povo. Acredito que se o Haiti fosse deixado em paz, poderia seguir o caminho de um país próspero e feliz. Sendo uma nação independente e pacificada, poderiam recuperar o solo, creio que teriam suficiente percepção e sabedoria para isto. Naturalmente, não estou subestimando a capacidade de que poderiam, por si próprios, desviarem-se de um bom propósito para sua pátria, mas o certo é que o bloqueio da França, a indenização cobrada e depois a dominação norte-americana, destituíram o pais de mínimas condições de desenvolvimento. O povo haitiano ficou então à margem do progresso que inicialmente tiveram. Seguiram-se, após a saída dos americanos, as infames ditaduras de Papa Doc e seu filho e sucessor, Baby Doc. A pobreza e a corrupção só fizeram aumentar. Pobre povo do Haiti.
O terremoto de 12 de janeiro arrebentou com a frágil esperança que os haitianos começavam a demonstrar sendo o Brasil um dos contribuintes no levantamento da esperança deste povo. A missão de paz da ONU constituída majoritariamente de soldados brasileiros, está no país desde abril de 2004 e tem sido bem aceita pela população civil, procurando pacificar as gangs que proliferavam livremente e ajudando de várias outras maneiras, com um caráter nitidamente humanitário.
Podemos falar então, que o terremoto devastou também com alma do povo haitiano? Não. Quero lembrar que Deus ama aquele povo. Como ama a todos os seres humanos e deseja salvá-los (Ez 18.32; 1Tm 2.4). A alma do povo do Haiti está sedenta por Aquele que verdadeiramente lhe dará a verdadeira prosperidade na vida: Cristo Jesus, o Senhor! O sofrimento deles certamente é permitido por Deus, não que o Senhor seja cruel e arbitrário, como pensam muitos ateus, mas porque Ele possui santos e sábios propósitos para alcançar a todas as nações. A Igreja de Jesus sobre a terra deve estar atenta a este S.O.S. Haiti! porque esta é uma hora propícia para ser Igreja de Jesus naquela terra e entre aquele povo. Gostaria de sugerir que todas as denominações cristãs evangélicas se unissem, conjugando esforços para atender a demanda espiritual daquela nação. Ajuda material é necessária e sempre será. E qualquer organização humana, qualquer pessoa física, qualquer país pode fazê-lo. Mas, o socorro espiritual, a água e o pão da vida, somente a verdadeira Igreja pode compartilhar. Somente genuínos e fiéis discípulos de Jesus Cristo poderão atender a alma sedenta daquele povo amado por Deus.
Esta é a nossa missão. Nossa obrigação. Podemos e devemos também levar o pão físico, mas é do Pão que desceu do céu que eles mais precisam. Não esqueçamos que as práticas idolátricas, a feitiçaria de origem africana (assim como no Brasil) continua a enganar e escravizar a muitos. O poder de Deus deve ser manifestado ali de maneira que muitas almas rendam-se ao Senhor.
Eu creio na reconstrução da nação haitiana. Mas antes de tudo, devemos crer e investir na regeneração espiritual de seus habitantes. Satanás encastelou-se ali, como em outros lugares do mundo, trazendo a miséria, a ruína, a dor e a morte. O Reino de Deus deve desembarcar naquela ilha, irrompendo e detonando a todas as fortalezas do diabo. O terremoto derrubou muitas edificações, mas as contruções de origem diabólica no seio daquele povo ainda estão de pé. Jesus, através de Sua Igreja, quer e pode arrasar a todas as fortalezas demoníacas (2 Co 10.4).
Eu creio no poder de Deus. E quanto a você? Pense nisto!
A nós cabe ajudarmos esse povo sofrido e esquecido pelas nações que outrora o espoliou. Julgamentos sobre povos, nações e pessoas pertencem tão somente ao altíssimo. Quem somos nós para fazê-los?
ResponderExcluirPor outro lado, como dever cristão, devemos orar fervorosamente para que Deus tenha misericórdia deles e monore o seu sofrimento.
Convido-o a fazer uma visita ao meu blog e comentar o meu último artigo.
Grande abraço no amor do Senhor,
Ricardo