quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo, até quando?


No Quênia, sudeste da África, está situado, quase na fronteira com a Somália, o campo de refugiados de Daadab. Ele é considerado hoje o maior campo de refugiados do mundo. Possui 380 mil pessoas morando hoje no local. Esse contigente, para fins de comparação, é semelhante à população da cidade de Olinda, Pernambuco, com quase 378 mil habitantes. O lugar foi criado em 1991 para abrigar no máximo 90 mil pessoas.

O que leva essa multidão de pessoas a se deslocar de seu local de nascimento, caminhar dias e semanas, sob sol inclemente e frio à noite, subnutridas, doentes, correndo o risco de morrerem pelo caminho até mesmo por causa de animais selvagens? A guerra. A Somália, país de origem dessas pessoas está numa situação deplorável de guerra civil há décadas e não se vislumbra ainda no horizonte uma solução que faça parar o êxodo de seres humanos. Segundo o governo do Quênia, de 1.000 a 1.500 pessoas chegam ao campo de Daadab todos os dias. Antes disso, o país já recebia muitos refugiados também de outros países vizinhos como a Etiópia por exemplo, que vinham por causa de longos períodos de seca e fome.

Ao chegarem ao campo de refugiados, as pessoas são cadastradas, passam por uma avaliação médica e recebem uma cesta básica que é suficiente para 21 dias, podendo ser renovada. Devido à superlotação do campo, não se faz mais distribuição oficial de barracas, as pessoas fazem sua moradia com o que encontrarem, de gravetos a sacos plásticos. De cada 10 famílias que chegam ao campo, 6 estão com alguma doença. 80% das mulheres grávidas estão anêmicas. De 7 a 10% das crianças estão severamente desnutridas. Existe uma latrina para cada 25 a 30 pessoas. Segundo os Médicos Sem Fronteiras, o consumo de água é outro problema grave, são necessários 20 litros por pessoa diariamente, mas o consumo fica entre 3 e 4 litros.

O que era para ser uma situação temporária, tornou-se permanente. O governo queniano já não está mais permitindo o afluxo de pessoas por causa da superpopulação. A solução para esses refugiados somalis seria a paz duradoura em seu próprio país. Para que pudessem retornar e reiniciar suas vidas. A crise aumentou porque existe uma grande seca na região além da fome e isso fez quase dobrar o número de levas de refugiados a solicitarem permissão para estabelecerem-se em Dadaab.

Na verdade, Dadaab constitui-se de um complexo de três campos: Ifo, Dagahaley e Hagadera que originalmente abrigariam 30 mil pessoas cada um. Seriam locais provisórios até que a situação na Somália melhorasse. Mas, passados 20 anos, a guerra continua intensa nesse país e não se antevê uma saída pacífica para o conflito. O país está dividido em facções tribais na disputa do poder. O principal deles é o al-Shabaab ligado a rede terrorista al-Qaeda e deseja impor um regime islâmico no país. Atuando no controle da parte sul da Somália, proíbem a entrada de agências humanitárias na região.

Até o mês de agosto, em torno de 24 milhões de dólares foram arrecadados junto a países europeus, os Estados Unidos e do setor privado para a ajuda aos refugiados. No campo existem escolas primárias mas sem vagas para todas as crianças. O governo queniano se recusa a conceder cidadania aos refugiados e com isso ficam impedidos de trabalhar. Dentro do próprio campo existe porém uma economia informal, sendo o comércio a principal fonte de renda de quem ali vive. Comercializam de tudo, do básico como comida e roupa, até perfumes e brinquedos.

A região em foco é conhecida como "Chifre da África". Vive em guerras, secas e fome há décadas. Dos quatro países dessa região (Somália, Etiópia, Djibuti e Eritréia) a pior situação reputamos como a da Somália. Não posso suportar como a igreja brasileira, em alguns de seus segmentos, está tão preocupada com coisas supérfluas, como usos e costumes, cultura gospel, teologia da prosperidade, projetos faraônicos, enfim, uma igreja que olha para seu próprio umbigo, ensimesmada e que ainda não despertou para a dura realidade de milhares e milhares nessa região do mundo.

Podemos fazer muito, como Igreja que ama a Jesus, que deseja assim como Nosso Senhor, alcançar essas vidas com o Evangelho e com ministração às suas tão grandes necessidades. Gostaria de elencar motivos de oração nesse sentido:

* Orar para que Deus levante pessoas e igrejas com condições, amor e disposição para ajudar materialmente aqueles refugiados;
* Orar pelas vidas dos refugiados. Para que o Senhor encha seus corações de esperança;
* Orar por missionários. Para que Deus levante um verdadeiro exército de vocacionados, homens e mulheres que renunciem aos prazeres e a comodidade e recebam treinamento adequado para irem e ministrarem àquelas vidas tão carentes.

A Missão Para o Interior da África (MIAF) é uma agência missionária brasileira que disponibiliza muitas informações a respeito do problema na região. Você pode acessar o site www.miaf.org.br e assim ajudar, orando mais especificamente, contribuindo e, quem sabe, indo. A obra de Deus precisa de todos nós de uma forma ou de outra.

É o Evangelho Integral que precisamos pregar e praticar. A grande verdade é que muitos de nós vivemos em nossos guetos evangélicos satisfeitos com "as bençãos de Deus" e não atentamos para a seriedade da Grande Comissão. Este Evangelho é para o homem todo. Que ministre cura, restauração e salvação para o homem em sua totalidade. O maior campo de refugiados do mundo, com suas quase 400 mil pessoas, precisa de um Evangelho assim. Que pregue à alma mas atenda às necessidades do corpo. Poderia alguma igreja em sã consciência pensar em enviar um missionário, para que este pregue o Evangelho, mas não haja mobilização no sentido de atendimento médico, provisão de alimentação, água, habitação, enfim, o que for necessário para aquelas pessoas (Tg 2.14-17)?

Se as igrejas brasileiras se unirem em propósitos dessa natureza, não só Dadaab mas o mundo verá o poder do Evangelho que pregamos (Rm 1.16).

As trevas que se abatem sobre os povos da região serão iluminadas, demônios serão expulsos, pelo poder do Evangelho pregado e praticado.

Se você concorda com isso, pense a respeito como eu e se proponha a sair do comodismo de uma vez por todas como também eu mesmo. Que Deus nos abençoe e também ao povo sofrido de Dadaab e de toda região.




4 comentários:

  1. Cicero,só o Senhor mesmo pra ter misericórdia de minha alma comoda!
    Mas glorifico a Deus por que o Espirito Santo ainda me toca e gera indignação pela falta de justiça e amor dentro do povo ''ditos de Deus'',me deixa pasma a grande movimentação das ''igrejas empresas'' dentro desse país.
    Cada uma lutando para ver quem possuí um templo maior e mais rico e com mais membros do que o outro, enquanto tem gente aí que tem sede e fome e anda nu,no sentindo espiritual mas também no físico.
    Que o Senhor Deus faça brotar amor no coração dessa geração,e no meu coração também.
    Para que não gastem seu dinheiro com aquilo que não é ''pão'', com grandes mobilizações para construir templos imperiais ,pois esses como o Próprio Jesus disse, - ''não ficara pedra sobre pedra que não seja derrubada'',mas que Lutem por templos espirituais,que são nossos irmãos,os quais a vida não se paga com dinheiro nem com status!

    Jesus nos abençoe!
    E que o Clamor desse povo seja ouvido por nós!

    C.Bandim

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  2. Sim, isso incomoda muito quando realmente vemos o contraste entre o que deveria estar sendo feito e o que é feito e não era para ser feito pelas igrejas brasileiras. Mas, louvemos a Deus por Sua misericórdia e pela oportunidade que todos ainda temos de consertar essa situação pela graça do próprio Senhor, um abraço!

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  3. Ótima postagem. A descrição de Dadaab nos desconcerta. Fomos salvos para servir, este é o evangelho. Quando houve o terromoto no Haiti postei algo s/ como deveríamos enxergar aquela situação (http://igrejabatistadoverbo.blogspot.com/2010/01/nos-e-o-haiti.html). A igreja deve sair de dentro de seus muros e sarar o mundo. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, se assim não o fizermos.

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  4. Certamente George, é uma situação deveras desconcertante para nós, ficamos como que reféns diante das necessidades deste contingente enorme de pessoas, todavia podemos fazer pouco e esse pouco fará a diferença para muitos, não é verdade? Obrigado pelo comentário, acessei seu blog, e como disse outra vez, ele é excelente, Deus abençoe você.

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