Estamos diante de uma das maiores catástrofes naturais de nossa história. Que eu tenha notícia, não consigo lembrar de nenhum outro evento natural que tenha trazido tanta destruição, tanta miséria e tanta tristeza aos brasileiros. Estamos estarrecidos com o poder de destruição que os elementos naturais podem trazer sobre a terra. O volume de chuvas que se abateu sobre o estado do Rio de Janeiro, foi tão grande que contribuiu para um enorme deslocamento de terra por meio das avalanches e soterrou casas e trechos das cidades, além dos rios que aumentaram sua vazão, saindo de seus leitos e também matando, ferindo e desabrigando muitas pessoas.
A Região Serrana do Rio de Janeiro com suas três principais e maiores cidades, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo foi castigada de forma intensa pelos temporais. Dessas três cidades, reputo como a mais atingida, a que mais teve sua região urbana desfigurada, a cidade de Nova Friburgo. A lama tomou conta de tudo. A cidade, de colonização suíça e alemã, atraente e bonita, com um clima agradável, está irreconhecível. A população de Nova Friburgo em sua maior concentração, não está no centro da cidade, mas sim nos bairros. E muitas dessas pessoas estão isoladas devido à interrupção das estradas por deslizamentos de terra, árvores e detritos.
Comentamos em postagens anteriores sobre estes fenômenos catastróficos da natureza e que causam tantos prejuízos de vidas e materiais. Por falta de planejamento na ocupação da área urbana, muitos hoje estão sem suas casas, por conta dos deslizamentos que ocorreram. Não se tem feito um planejamento adequado para a ocupação de determinadas áreas, some-se a isso a dificuldade econômica que muitos possuem para adquirir um terreno e construir sua casa em local seguro, além dos custos da construção, e temos aí uma situação que se perpetua em muitos lugares do Brasil.
Ano passado ocorreram as calamidades de Angra dos Reis, em Niterói e na região metropolitana de São Paulo. Em todas elas está evidenciada a falta de planejamento urbano. A falta de compromisso das autoridades em fazer com que o perímetro urbano seja ocupado de forma racional e sustentável.
É fácil dizer aos quatro ventos, como muitos cristãos fazem, de que tudo isto é castigo de Deus, por causa da pecaminosidade humana. Concordo em parte. Senão vejamos: Jesus mesmo disse sobre os acontecimentos que antecederiam sua segunda vinda e nestes estão inclusos catástrofes naturais (Mt 24; Lc 21). Porém, não se pode esquecer que estas catástrofes podem acontecer pela irresponsabilidade humana, pela falta de planejamento como dissemos acima. Mas dizer que Deus está simplesmente punindo, está mandando chuva para arrebentar com todo mundo, é desconhecer o amor daquele que disse, "eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10.10).
Logicamente que o Juiz de toda a terra punirá o pecador. A Bíblia deixa clara esta verdade. E para alguns, a punição para o pecado pode de fato vir antecipadamente como lemos em 1Tm 5.24, ou, como diz este mesmo texto, pode vir depois. Em Eclesiastes, Salomão escreveu assim: "Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal. Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temem diante dele. Porém o ímpio não irá bem, e ele não prolongará seus dias, que são como a sombra; porque ele não teme diante de Deus" (Ec 8.11-13).
Estou neste momento ponderando sobre este tema, a punição dos pecadores, porque a primeira coisa que vem à nossa cabeça é sobre o juízo de Deus sobre os ímpios. Claro está que o pecado não ficará impune. Mas evidente está igualmente de que Deus tem prazer na misericórdia. Neste exato instante, todos os filhos de Deus, todos os que Lhe servem, que tem um compromisso com a verdade do Evangelho, podem exercitar a misericórdia de várias maneiras para os flagelados dessa calamidade.
A grande verdade é que, para esta hora, a ênfase é esta: tempo de exercitar misericórdia! Este é o ideal. Este é o foco. Ficar cogitando, como muitos fazem, "mas porque Deus permitiu que tal coisa acontecesse?" esta pergunta é indevida para nós. A pergunta certa é "de que forma posso contribuir para minorar o sofrimento de tantos? Como posso ajudar?" Este deve ser o nosso alvo supremo.
Mantenho outro blog, o Blog do Discípulo, e estou escrevendo um estudo semanal sobre o discípulo e a aplicação diária da cruz. E hoje falei o segundo aspecto que é exatamente a misericórdia. Esta é a senha do cristão para estes dias. Misericórdia. Pelos órfãos, pelos feridos, pelos desabrigados, pelos famintos. Misericórdia, misericórdia.
Pelo volume de chuvas, pela intensidade de avalanches de terra e lama na região e pela destruição consequente, realmente estes acontecimentos desta semana estão reputados como o maior desastre natural já ocorrido em nosso país. Prejuízos em vidas humanas perdidas, em feridos, desabrigados, órfãos e famintos. O QUE EU E VOCÊ PODEMOS FAZER PARA EXERCITAR A MISERICÓRDIA NESTA HORA?
A Deus seja dada toda honra e toda a glória. Nosso Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo é digno de toda nossa adoração. Ele sabe todas as coisas. Tudo lhe está sujeito. Nada foge ao seu domínio. Todas as coisas estão debaixo de Seu soberano controle. Sendo assim, devemos ter a atitude corretíssima do patriarca Jó, que diante da calamidade que acabara de se abater sobre ele, morte de filhos e perdas materiais, disse: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21). E ainda depois, quando Deus permitiu que Satanás tocasse nele, ainda assim, embora instigado por sua mulher para que amaldiçoasse a Deus, Jó não pecou e disse sem titubear: "Como qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberemos o mal?" (Jó 2.10). E o texto ainda diz que em tudo isso, Jó não pecou com os seu lábios.
Portanto, convencido estou pela Palavra de Deus, que tudo acontece segundo os desígnios divinos. A nós não cabe questionar o que Deus faz ou deixa de fazer. Mas sim, detectar o que se passa diante de nós e agir de maneira adequada. Como crentes em Jesus precisamos ter este discernimento. Senão, sempre estaremos a cogitar qual será a próxima calamidade que Deus enviará sobre a terra para punir este bando de gente que não quer ouvir a mensagem do Evangelho que todos os dias pregamos de várias formas.
Se você lê a Bíblia, deve saber que haverá um período futuro na história humana onde o Senhor enviará de forma intensa e contínua vários juízos sobre a terra. Será no período da Grande Tribulação onde a terra estará sob o governo do Anticristo. E o que é interessante, é que os textos em Apocalipse que demonstram estes acontecimentos futuros, falam igualmente que, mesmo assim, no dia da ira de Deus (Ap 6.17) o homem, se quiser, poderá arrepender-se de seus pecados e converter-se ao Senhor. Ou seja, mesmo em meio ao juízo, Deus exercerá sua inigualável e inexplicável misericórdia (Ap 9.20,21; 16.9,11,21). E haverá também, o dia do Juízo Final, onde, ali sim, a sentença já estará lavrada, não haverá então mais espaço para arrependimento, para considerações sobre uma vida vivida sob o signo do pecado. Ali o Senhor, infalivelmente, condenará todos os ímpios de todas as épocas e lugares e todas as classes sociais ao Lago de Fogo, preparado para o diabo e seus anjos (Ap 20.11-15).
Deus então nesta hora, nos convida para que vivamos de maneira sábia e de acordo com Sua vontade. Deixemos então de lado tolas especulações e nos concentremos no que é realmente importante. Fazer as obras que Deus preparou para nós realizarmos conforme Ef 2.10: "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas."
Amado irmão e servo de Cristo, pense nisto!
Muito bom seu artigo Cicero, realmente Deus não tem culpa da irresponsabilidade das autoridades que não cuida, o ser humano sempre culpa Deus por seus erros. Paz querido.
ResponderExcluirHouve um desastre que foi, de longe, o maior do Brasil: http://www.brazilia.jor.br/content/deslizamento-maior-tragedia-brasil-foi-serra-araras
ResponderExcluirÉ verdade Rô, e tem muitos que continuam afirmando que Deus é o culpado, cada um de nós assumamos nossos erros, pois o Senhor está assentado em Seu trono, Glórias pois a Ele, AMÉM!!!
ResponderExcluirMarco André, estou reverberando o que está sendo afirmado todos os dias nos noticiários, de que esta é a maior tragédia natural do Brasil. Acredito que esta se destaca pela intensidade e pela situação em que deixou as cidades, especialmente, como escrevi no texto, a cidade de Nova Friburgo. Juntando as três cidades maiores (sem contar as outras da mesma região) teríamos aí um quadro extremamente calamitoso que pela extensão de prejuízos materiais sem falar nas vidas perdidas, bem poderemos atribuir como a maior. Obrigado amigo pelo link, desconhecia este fato de 1967 e quero ler com interesse, Paz!
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