segunda-feira, 3 de maio de 2010

Esta violência nossa de cada dia

Violência urbana é a expressão que designa o fenômeno social de comportamento deliberadamente transgressor e agressivo ocorrido em função do convívio urbano. Este tipo de violência produz números alarmantes a cada dia e tem sido objeto de análises no intuito de tentar soluções a curto e médio prazo, mas que tem se mostrado de pouco efeito. Sabemos todos os dias pela mídia o quanto esta violência têm se alastrado atingindo pessoas de todas as classes sociais e faixas etárias.

O Brasil, país de instituições frágeis, profundas desigualdades econômicas e uma tradição cultural de violência, a realidade do cotidiano das grandes cidades é violenta. Os instrumentos aplicados até agora para a solução deste mal tem se mostrado realmente ineficientes. E para complicar ainda mais, o crime tem se mostrado altamente lucrativo, quer sejam os crimes de colarinho branco ou o tráfico de drogas e de armas, a espiral de violência é crescente. A impunidade é descarada, estimulando velhos ou novos partícipes da transgressão das leis.

Há uma ruptura contínua das normas jurídicas e o desrespeito à noção de cidadania. As leis que eram para ser obedecidas, suscitando assim um nível de equanimidade na sociedade, são fragorosamente violadas. E o cidadão cumpridor de seus deveres, cumpridor fiel da lei, é visto cada vez como um elemento estranho e é exposto ao ridículo.

O estado encontra-se fragilizado diante do banditismo. Muito embora investimentos tenham sido feitos nos últimos anos em equipamentos e treinamento, permanece sempre o fato do crescimento de ações criminosas, como assaltos a bancos, sequestrose congêneres. A corrupção da polícia é notória e é uma instituição que está em quase total descrédito perante os cidadãos.

O brasileiro vive recluso em muitas de nossas cidades. Já não pode usufruir da alegria de um passeio nas ruas e nas praças com sua família porque corre o risco de ser vitimizado. Não pode confiar inteiramente naqueles que estariam em tese encarregados de sua segurança, porque estes mesmos podem ser os agentes que lhe trarão a desgraça da violação de sua incolumidade física. Isto é profundamente lamentável.

Quero citar como exemplo de como esta violência está arrebentando a vida de tantos que poderiam ser úteis à sociedade, contribuindo para seu progresso e desenvolvimento e trazendo para si mesmo a paz de uma vida honrosa são os dados de uma reportagem da revista Veja de janeiro de 2002 sobre o tráfico de drogas:

Se a presença de traficantes numa comunidade é nefasta, pode ter potencial explosivo quando entra em contato com alguns indicadores sociais brasileiros. Uma pesquisa da Secretaria Municipal de Trabalho do Rio de Janeiro e da Escola Nacional de Estatísticas, do IBGE, revela que 55% dos jovens entre 15 e 24 anos que moram nas favelas cariocas estão fora da escola. E, mais grave, 24% não estudam nem trabalham e já desistiram de procurar emprego. É um contingente fabuloso de mão-de-obra de reserva para o tráfico. O menino logo descobre que ficar em cima de uma laje prestando atenção à chegada da polícia pode render o dobro do que o pai ganha com o trabalho assalariado. Adicione-se a essa equação um poderio bélico cada vez maior. "Os bandidos estão armados com fuzis de guerra. Ninguém precisa disso para vender drogas. O objetivo deles é a defesa de seu território", afirma o coronel Romeu Ferreira, que durante quatro anos comandou o centro de inteligência da polícia do Rio. A combinação é letal: armas sofisticadas, financiamento com o dinheiro de um mercado em que os lucros são crescentes e mão-de-obra farta. Ou o Brasil acorda para o problema, ou cada vez mais brasileiros serão jogados na estrada.

Ou seja, entende-se perfeitamente de que a condição social de muitos pode levá-los, por falta de opções adequadas, para os braços do crime. O tráfico de drogas, por exemplo, sempre tem procurado recrutar jovens das camadas mais baixas da população que, sem quaisquer outras opções de sobrevivência, fazem “carreira” no banditismo e morrem muito cedo, quer em confrontos com a polícia ou assassinados por bandos rivais.

O que a Palavra de Deus pode falar-nos diante de tão lastimável quadro? Para muitos parece que Deus deixou de se importar com o que têm acontecido. E se Ele se importa, não parece realmente, porque a violência está aumentando como dissemos. Todavia, o Senhor têm sempre uma Palavra para as agruras humanas. O profeta Habacuque disse: Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar.” E completa:Porque olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13). Deus abomina toda a violência que é praticada pelos homens. E Ele certamente julgará os que transgridem as leis. Quando parece estar calado, na verdade o Senhor está continuando a cumprir Seus propósitos que nos fogem à compreensão. Não podemos entender a mente de Deus, não podemos entrar em Seu conselho (Rm 11.33,34; 1 Co 2.14). Por isso, é necessário ter cautela, é preciso entender que, de uma maneira incompreensível a nós no momento, é fato de que Deus está no controle. O Senhor Jesus em seu sermão profético e também o apóstolo Paulo, falaram do que ocorreria nestes últimos dias (Mc 13.8; Lc 21.9; 2 Tm 3.1-4), no que tange à violência urbana.

Para o crente, está disponível a esperança de que Deus irá subverter a ordem presente das coisas quando do retorno pessoal de Jesus em poder e glória (Mt 24.30). Presentemente, a Igreja, em seu testemunho do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, está plenamente atuante, por exemplo, nas favelas do Rio de Janeiro, locais tristemente conhecidos nacional e internacionalmente como um bastião da violência urbana. Há trabalhos sociais, de fundamentação evangélica, que tem trazido muitos benefícios para crianças e adultos. Principalmente para as crianças, são oferecidos, de acordo com a capacidade da entidade, opções seguras para que tenham não só pelo menos três refeições/dia como também o precioso ensino da Palavra de Deus. E muitas destas crianças, são filhos de traficantes de drogas e alguns deles também têm sido alcançados pelo Evangelho, pela graça de Deus.

A Igreja é a comunidade da esperança, em meio ao caos da violência das cidades. Urge que tenhamos uma vida nos mais altos padrões da Palavra de Deus e possamos consolar com a consolação com que somos consolados, é o que diz 2 Co 1.3,4: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.”

A Bíblia categoricamente fala sobre o aumento da iniquidade em geral em nossos dias. A violência urbana é só um aspecto desta maldade crescente. Mas Deus, através de Seus filhos, deseja alcançar muitos com a mensagem de amor encarnada pelo Seu Único Filho.

Quantos de nós estaria disposto a ser o portador destas boas novas de salvação (Rm 10.14,15)? A sociedade pode estar com cheiro de morte, mas nós somos o bom perfume de Cristo (2 Co 2.15). Devemos manifestar a fragãncia de Seu conhecimento em todo lugar, porque temos o cheiro de vida para a vida (2.14,16).

Pense nisto.

2 comentários:

  1. Graça e paz amado!

    Excelente artigo. A decadência da sociedade, torna-se maior e visível a todos. O problema é que se faz vistas-grossas por parte das autoridades, e desinteresses dos que professam sua fé em Cristo. Se cada crente pensasse que poderia mudar o quadro da sua vila, bairro, rua ou até cidade, iriamos ter uma sociedade mais pacífica e menos violenta. muitos de nós esquecemos umas das bem aventuranças, que é ser pacificador.

    As autoridades são como aquele pai de família que passa por necessidades, mais continuando comprando coisas supérfluas, e destruindo a sua família. Em vez de buscar resolver os problemas sociais econômicos, busca dar brechas e liberdades a grupos(que são minoria),que buscam a destruição da família e dos princípios éticos cristãos, como a plc 122 e adoção de crianças por casais homossexuais.

    Em Cristo,

    Luciano Vieira

    ResponderExcluir
  2. Caro Luciano, todos nós lamentamos igualmente este estado de coisas e ainda bem que podemos aqui (pelo menos por enquanto) manifestar nossa opinião livremente. Acredito no poder da palavra impressa e queira Deus, você, eu e todos que são comprometidos com Cristo possam trazer à lume reflexões que suscitem transformações em posturas pecaminosas e viciadas. Deus abençoe sua vida, obrigado mesmo pelo comentário.

    Cicero Ramos

    ResponderExcluir