Somente o apego denodado a algo estabelecido há séculos justifica uma instituição antibíblica como o papado. Do ponto de vista de sua tradição eclesiástica, a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), afirma sem rodeios que os papas são sucessores do trono de São Pedro que teria sido o primeiro papa. Mas isto é algo que não se sustenta historicamente. Pode ser aceito dentro do âmbito da tradição católico-romana, com seus seguidores no mundo inteiro. Mas nós, cristãos evangélicos protestamos contra esta instituição humana que não encontra respaldo histórico e muito menos bíblico.
Para começar, não existe prova substancial de que o apóstolo Pedro teria estado em Roma. Sabemos que o apóstolo Paulo sim, esteve e está registrado no livro de Atos (28.14-31). Mas as histórias que se levantaram sobre Pedro, de que esteve em Roma, não se tem certeza nem prova histórica substancial, muito embora, nem tudo que aconteceu na época foi registrado no livro histórico de Atos por Lucas, seu autor, sob inspiração do Espírito Santo. E mais ainda, e é o que quero destacar, não se sustenta de forma alguma de que Pedro (mesmo que estivesse passado ou morado em Roma, como efetivamente aconteceu com o apóstolo Paulo) teria sido o primeiro bispo de Roma ou, como o catolicismo afirma com todas as letras, o primeiro papa.
Declarar durante séculos este suposto fato é o que dá sustentabilidade à instituição papal. Quando se diz que o Papa é sucessor de Pedro, que teria sido então o primeiro deles, isto por si só, na ótica católica, garante uma linha direta que chega até Jesus Cristo, pois do Papa é dito que é o Vigário de Cristo sobre a terra. O peso dos séculos e da tradição solidificou esta suposta verdade de que o papado seria algo divinamente ordenado.
Desde o Edito de Constantino em 313, foi crescendo a pretensão dos bispos da cidade de Roma para alcançarem posição de preeminência sobre toda a igreja cristã. A igreja de então, estava abandonando a simplicidade e pureza dos ensinos do NT quanto a ser real igreja de Cristo e ficava cada vez mais parecida com o Império Romano como organização. Crescia a tendência para que tivesse um chefe, um cabeça. O Império Romano era governado por um homem com poderes absolutos. Em toda parte, bispos governavam as igrejas nas cidades do império, mas uma pergunta começou a surgir: Quem governará os bispos? Qual bispo deve exercer na igreja a autoridade que o imperador romano exerce em todo o império? A história da Igreja demonstra que os bispos que dirigiam igrejas em certas cidades eram chamados de "metropolitanos" e mais tarde seriam chamados de "patriarcas", que estavam em Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma.
Entre estes cinco patriarcados havia disputas constantes pela supremacia sobre toda a igreja. Mais tarde, esta disputa se limitou aos bispos de Roma e de Constantinopla. O bispo de Roma tomou sobre si o título de "pai" que logo depois foi modificado para "papa". Então, ficou estabelecida a disputa pelo poder sobre toda a cristandade de então, à moda do império romano, pelo patriarca de Constantinopla e o papa de Roma.
Roma reclamava esta posição única de autoridade porque logo surgiu a lenda de que Pedro teria sido o primeiro bispo da cidade. Entendiam que, se ele fora bispo, logo, teria sido o primeiro papa. Citavam dois textos dos evangelhos para legitimar a posição do apóstolo Pedro: Mateus 16.18: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" e também João 21.15-17, onde por três vezes Jesus Cristo ressurreto diz a Pedro: "Apascenta as minhas ovelhas".
Infelizmente os dois textos foram muito mal interpretados pelo catolicismo romano para justificar o suposto primado de Pedro. Na verdade, quando Jesus diz "tu és Pedro" nesse caso, o nome do apóstolo é Kephas (no grego, Petros) que significa o fragmento de uma rocha. Na expressão "sobre esta pedra" estava Cristo referindo a Si mesmo como "petra" uma rocha inabalável, irremovível, para diferenciar de petros. Verdadeiramente aqui aprendemos que Cristo é a única fundação da Igreja, aliás, como o próprio apóstolo Paulo referiu em 1 Coríntios 3.11: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." O apóstolo Pedro, assim como o apóstolo Paulo eram apenas alguns dos construtores. Pedro escreveu: "E, chegando-se para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." E no verso seguinte, Pedro diz ainda: "Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina (ou seja, Cristo), eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido."
Dentro deste contexto, cito também Efésios 2.20-22: "Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina. No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para de Deus no Espírito." Podem os católicos querer argumentar no verso 19 do cap. 16 de Mateus de que Jesus deu as chaves da Sua Igreja para Pedro, ou seja, conferindo-lhe toda autoridade. Mas à luz do contexto geral do NT, "dar as chaves do reino dos céus" significa autoridade e poder conferidos não somente a Pedro mas a todos os crentes por extensão, é só lembrar do dia de Pentecostes e o que o próprio Pedro disse em Atos 2.39 sobre a promessa do Espírito Santo e o respectivo poder que seria conferido a todos os verdadeiros crentes em Jesus Cristo.
Em João 21.15-17 quando o Senhor Jesus ressurreto restaurava a Pedro, perdoando-o de seu pecado em negar ao Mestre e mandando pastorear Suas ovelhas, tratava-se de um comissionamento individual, ou seja, Pedro deveria cuidar de vidas, ser um pastor, segundo a vontade de Deus para ele. Esta passagem nada tem a ver com a instituição papal, que é uma invencionice humana sem base alguma na Bíblia Sagrada.
Os cristãos na época da história da Igreja que conhecemos como a época da Igreja Imperial, que vai do Edito de Constantino em 313 até a Queda do Império Romano em 476, viram surgir o embrião da ICAR de hoje que está espalhada no mundo inteiro e tem sua sede no Vaticano, considerado um país, um estado pontifício (palavra derivada de Sumo Pontífice, ou seja, o Papa), dentro da cidade de Roma. No período a que nos reportamos e principalmente no período seguinte, a época da Igreja Medieval, de 476 até 1453, com a queda de Constantinopla, os argumentos sobre o papado de Pedro fortaleceram-se e entenderam portanto que, se Pedro fora o chefe da igreja, seus sucessores, os papas romanos, deveriam continuar a exercer a mesma autoridade.
A partir da ascensão de Leão I em 440, o bispo romano passou a reivindicar a supremacia e poderio sobre os outros bispos. Este bispo declarou que "o cuidado da Igreja universal deve convergir para a cadeira de Pedro (ou seja, para o bispo romano) e nada deve ser separado de sua cabeça." Esta doutrina foi reafirmada no Concílio de Calcedônia em 451 por Leão I, através de seus emissários. Compreendia-se pois, que Pedro havia recebido de Cristo "a primogenitura eclesiástica" sobre os demais companheiros de apostolado e então essa posição de superioridade passaria aos seus sucessores, os bispos de Roma, por sucessão apostólica. Estava criada, conforme os raciocínios e sutilezas dos homens, a instituição papal. Obra humana. Nada tem de divina.
O que acho interessante é que o apóstolo Pedro, em sua humildade conforme 1Pe 5.1-4 assim se expressou quanto ao ministério pastoral: "Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória."
Sabemos pela história da Igreja cristã, que os papas governaram a igreja romana e a cristandade com mão de ferro, muito contrariamente ao que o apóstolo Pedro ensinou na passagem citada. Usaram a força, a ganância, eram dominadores (assim como os imperadores romanos), e muitos deles não foram exemplo algum de santidade para o rebanho, mas foram fonte de muitos escândalos e confusões. Não foi à toa que Martinho Lutero divulgou suas 95 teses, protestando veementemente contra uma instituição falida e que pilhava o povo simples apregoando heresias (como as indulgências, por ex.) e afastando cada vez mais as pessoas do verdadeiro Evangelho.
Muito mais poderia ser falado, mas creio que o que está descrito aqui servirá para uma reflexão mais aprofundada da parte de todos aqueles que amam a verdade da Palavra de Deus e não se dobram a ensinamentos e tradições de homens. Ajudará a você, verdadeiro homem e mulher de Deus a evangelizar mais adequadamente a pessoas que se dizem cristãs e católicas, mas que não sabem discernir o joio do trigo, que são ensinados pela ICAR (e pelo papa, pois, dizem, sua palavra seria infalível), por exemplo, a colocarem Maria numa posição extremamente elevada (posição elevada na Bíblia somente Cristo) a ponto de ser adorada como se fora uma deusa, e muitas outras doutrinas sem base nas Escrituras que não comentaremos por falta de espaço, mas que você mesmo, servo de Deus, ou você, católico-romano que estiver lendo essas linhas, poderá conferir e cremos que o Espírito Santo mesmo Lhe mostrará a verdade do Evangelho como está realmente escrito e não como homens falíveis como o papa pretendem que seja.
Em o Nome de Jesus, pense nisso.
Muito esclarecedor, Cícero. Cheguei a compartilhar no meu Face. Que o Senhor continue te instruindo e te usando pra abençoar pessoas (como eu!).
ResponderExcluirFico feliz Robertinha em ter te levado a compreender melhor o tema e também ser abençoada, obrigado pelo seu comentário e incentivo, Deus abençoe você!
ExcluirParabéns por divulgar as palavras do nosso Mestre Jesus. Ele deve ser sempre o nosso modelo e guia. Um abraço fraterno. Levy
ResponderExcluirObrigado por sua visita Levy, grande abraço !!!
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