domingo, 19 de outubro de 2014

Da poesia, da alegria e da ternura entre os cristãos


Está faltando poesia em meio ao povo de Deus. Está faltando alegria entre os eleitos do Eterno.  Estão carentes os discípulos de uma ternura que seja divina e essencialmente constante. Que produza leveza de vida em meio às inevitáveis agruras do cotidiano.

Se toda minha prática como crente em Jesus se resume a uma forma de religiosidade que descarta o amor,  o carinho, a convivência pacífica e cordial, então creio que ainda não consegui compreender o que significa a vida na comunidade dos eleitos.

Essa vida pressupõe uma transformação de caráter tal, que absorverá continuamente das inesgotáveis fontes da Palavra de Deus todos os nutrientes espirituais necessários para vivermos em uma comunidade ideal, ou seja, conforme o propósito divino. E isso em meio a um mundo hostil às virtudes e riquezas do Reino de Deus.

Por isso no primeiro parágrafo me referia à falta de poesia, da alegria e da ternura. Não quero crer que a sublimidade das coisas as quais temos recebido gratuitamente da parte do Eterno, estejam esvaindo-se entre os nossos dedos. Que estejamos perdendo nossa identidade divina por causa da pressão constante do mundo, de nossa natureza decaída e Satanás e os demônios. Na verdade vejo a comunidade dos santos, o Corpo de Cristo, a Igreja, sendo fragilizada a cada dia em vista dos ataques incessantes e variados desses inimigos.

Temos vivido como Igreja do Senhor vidas extremamente marcadas pela religiosidade estéril e paralisante, pelo formalismo em nossas relações, pelo individualismo alienante, pela imitação dos costumes do mundo. Temos diariamente sucumbido à inversão dos valores divinos como se encontram no presente século, temos aceitado de forma passiva algumas das  práticas dos ímpios.

Por isso temos vivido um estranhamento nas nossas relações. Já não procuramos cultivar (se é que já fizemos isso seriamente em alguma oportunidade) a afeição por nossos irmãos. Não procuramos a face de nosso irmão, não nos importamos com seus problemas existenciais. Incorremos naquilo que está registrado em Fp 2.21: "Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus." Quando nos importamos com nosso próximo, a ponto de procurá-lo, desejando sincera e ardentemente seu bem-estar, estamos cuidando do que é pertinente a Cristo Jesus. Você já refletiu seriamente em algum momento sobre essa verdade?

Sei por experiência pessoal que somos naturalmente tendentes ao erro. De que mesmo contemplados com a presença santa e abençoadora do Deus Trino em nossas vidas, podemos errar, falhar, escorregar, vacilar, tantas e tantas vezes. Mas não poderemos nunca, embora imersos nessa ausência de plenitude da virtude, olvidar de nossos corações a poesia todo-existente que repousa em um viver autenticamente imitador de Cristo. Não podemos deixar de manifestar a alegria que é mesmo inexplicável aos olhos do mundo, em que pesem todas as lutas e os problemas, por causa da presença do Espírito Santo em nosso coração. Não deveremos nunca negar a ternura amorosa uns aos outros pois a prova maior de que somos discípulos dEle está registrada em Jo 13.34,35: "Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros."

Disse anteriormente que temos vivido um estranhamento em nossas relações. A Bíblia fala de que deveríamos cultivar um entranhamento ou seja, um profundo afeto nas relações fraternais, demonstrando terna compaixão pelo outro, amando a meu irmão e isso sem nenhum tipo de pré-condicionamento. Também diria que deveríamos abominar o individualismo em nossa vivência fraternal, reduzir consideravelmente o formalismo em nossas reuniões de adoração cristã e sermos buscadores de uma imitação tal de Jesus Cristo que a religiosidade ficasse definitivamente fora de nosso estilo cristão de viver.

O que escrevi é uma reflexão sobre as palavras do apóstolo Pedro: "E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis" (1Pe 3.8) e também igualmente as palavras de Paulo: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos" (Cl 3.12-15).

Creio, finalmente, que somos, cada um de nós, os maiores responsáveis pela ausência de um viver pleno de poesia existencial. Em que vejamos em cada momento a mão do Senhor amorosamente cuidando de nós, mesmo que de maneira imperceptível. Quando considero isto, até mesmo a erva inútil que teimosamente cresce entre as plantas comestíveis de minha horta é vista como dádiva divina, como sinal da presença divina, ainda que ele, o capim, não me seja útil como alimento.

Quero de hoje em diante também considerar as possibilidades imensas que existem em viver com autêntica alegria em meu cotidiano. Já não suporto mais a esterilidade do presente século, carente de uma verdadeira alegria que é nossa força no Senhor (Ne 8.10), alegria essa que é oriunda da verdadeira paz que só Jesus pode nos conceder (Jo 16.33).

Cuidarei finalmente para expressar em todo tempo a devida ternura a todos, especialmente aos da família da fé. Confesso que gostaria de ser reconhecido muito mais pela minha expressão de amor ao próximo do que por meus conhecimentos intelectuais. O apóstolo das gentes têm uma palavra bem a propósito: "O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica" (1Co 8.1b). Assim, quero edificar meus relacionamentos no amor e que isso seja extensivo à Noiva de Cristo em sua inteireza.

Que seja assim, até que Ele venha.

Pense nisso.

    







domingo, 7 de setembro de 2014

Necessita-se de uma igreja que não abandone seus pobres .....


ESTÁ REGISTRADO em Atos 4.34,35, conforme a Nova Versão Internacional: "Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um."
PESSOALMENTE EU CREIO que esse registro inspirado pelo Espírito Santo que Lucas fez acerca do proceder da primitiva igreja, expressa a vontade do Deus Trino no tocante à questão dos pobres, desvalidos ou necessitados que haveriam em seu meio. O Senhor Jesus mesmo declarou esta verdade aos Seus discípulos (Mt 26.11; Jo 12.8) e é óbvio que, tanto na época do começo da igreja cristã como presentemente, a questão dos pobres e necessitados é premente e mui relevante.

COMO PODEREMOS entender e praticar em nossa realidade, aquilo que eles, cristãos primitivos, fizeram com naturalidade e fervor? Entre eles, o amor de Cristo transbordava de todas as formas e maneiras (At 2.42-47). Acaso não poderia ocorrer isso na igreja atual?

LAMENTAVELMENTE constata-se hoje uma prática de vida cristã que, com honrosas exceções, distancia-se do ideal registrado no livro de Atos. Como foi mencionado, creio piamente que, se está ali escrito que todos os pobres entre eles eram supridos em suas necessidades, demonstra que isto pode ser perfeitamente realizável nas comunidades cristãs em nossos dias.

ALGUÉM PODERÁ QUESTIONAR e discordar quanto a eficácia disso. Ou seja, é irrealizável para hoje porque, alguém argumentaria, a ambiência espiritual era diferente ... pode-se concordar com isto em parte, mas devemos refletir um pouco: se está registrado, se aprouve ao Espírito Santo orientar o escritor Lucas para que relatasse a maneira como aqueles crentes viviam sua fé em Cristo, argumento pois a favor da possibilidade de exatamente as comunidades cristãs hodiernas procederem da mesma maneira - imitativamente.

HÁ PRECEDENTES naquilo que Jesus mesmo ensinou. Além dos textos de Mateus e João que reportamos, lemos acerca das palavras do Senhor dirigidas a certo jovem rico, para que distribuísse seus bens aos pobres e O seguisse (Lc 18.22 com Mt 19.21 e Mc 10.21). Além disso, podemos recordar as palavras do Senhor em Lucas 12.15: "E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui." Jesus se opôs fortemente à tendência egoísta do coração humano de acúmulo de bens e focou na importância de sermos ricos para com Deus (v.21) e a Igreja deve se lembrar de forma constante desse ensino crucial.  

SE COMO SERVOS DE DEUS e como Igreja do Senhor, devemos ser imitadores de Jesus em todo nosso viver, assim como o apóstolo Paulo ensinou: "Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo" (1Co 11.1), é especialmente digno de nota percebermos tudo o que o Novo Testamento menciona sobre o cuidado aos pobres. Em verdade, os judeus dos dias de Jesus eram conscientes daquilo que era concernente aos pobres e necessitados conforme estipulava a Torah. Deus sempre devotou atenção e cuidados a eles e determinava que os israelitas fizessem da mesma forma. Notemos alguns fatos sobre isso: 1) A cada três anos, todos os dízimos dos produtos colhidos nesse terceiros ano deveriam ser distribuídos também entre os pobres (Dt 14.28,29); 2) A cada sete anos, os credores tinham que perdoar as dívidas, para que os devedores pudessem recomeçar a vida (Dt 15.1,4); 3) Por ocasião da colheita, os pobres poderiam apanhar o que houvesse no canto dos campos e das videiras (Lv 19.9,10). Os agricultores não poderiam colher o cereal dos cantos, nem rebuscar as plantações. As sobras e os cantos das plantações deviam ficar para os pobres; 4) Se um israelita se tornasse escravo, tinha que ser liberto após seis anos de serviço (Dt 15.12-18); 5) Se alguém emprestasse dinheiro a um necessitado, não poderia cobrar juros dele (Êx 22.25) - Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, William L. Coleman, Editora Betânia. 

ERAM LEIS QUE TINHAM a finalidade de garantir que todos tivessem acesso à riqueza, que houvesse uma justa distribuição da mesma a todos os israelitas. Haviam muitos pobres na igreja de Jerusalém assim como há em nossos dias em nossas igrejas igualmente. Mas as igrejas retratadas no NT tinham como características a ajuda aos necessitados. Há um texto em Gálatas 2.10 onde Paulo afirma que se esforçou para lembrar dos pobres em seu ministério conforme a recomendação de Tiago, Pedro e João, líderes da igreja fizeram a ele e seu companheiro, Barnabé.

É SIMPLESMENTE INACEITÁVEL o que ocorre hoje em muitas igrejas e ministérios, ou seja, a indiferença, a omissão em relação aos necessitados. O exemplo que vem de Jesus, dos apóstolos e da igreja primitiva aponta claramente para praticarmos o amor e a sensibilidade para com as necessidades de forma mútua e constante.

NESSE SENTIDO há duas passagens que citarei aqui que são categóricas nesse aspecto. Em 1 João 3.17,18 (NVI) está escrito: "Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade." Portanto, como aceitar uma igreja ou comunidade cristã em que, a começar da liderança, não há um direcionamento a favor dos necessitados? Como compreender que de fato o amor de Deus está ali? De que maneira o testemunho sobre Jesus Cristo pode ser encontrado em um grupo de pessoas que não se importam umas com as outras, mas praticam meramente uma religiosidade de aparências?

A OUTRA PASSAGEM está em Tiago 2.14-17: "Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma." Aqui fica bem enfática a verdade de uma fé que não se limita ao campo teórico, não é uma fé teórica, não é uma fé que não desemboca em uma prática de vida cristã sensível ao necessitado, ao pobre, ao endividado, ao desempregado, ao faminto, ao carente de roupas e calçados. Não, o apóstolo Tiago fala de uma fé viva, fé que sai do comodismo, da mesmice, da cegueira e indiferença para com o irmão carente, é também uma fé que sai do gueto e que se esparrama entre todas as gentes, para além mesmo das divisões denominacionais e indo mais além, para alcançar a todas as pessoas com a mensagem de amor do Evangelho, mensagem essa que se traduz em prática, pois essa prática para com o próximo é o próprio amor em ação, que não se reduz a uma mera palavra ou conceito.

É CERTO QUE pobres e ricos estarão convivendo na Igreja até a volta de Jesus. Mas,, excetuando a preguiça, a falta de vontade de trabalhar, a malandragem em querer se aproveitar do próximo (e a Bíblia condena taxativamente tudo isso, leia 2 Ts 3.6-15), é notória a falta de sensibilidade entre os membros abastados do Corpo de Cristo para com seus irmãos menos afortunados. Também percebo o quanto muitos que são pastores e líderes não ensinam ou pregam (e mais do que isso, não praticam) no que tange à generosidade de que todos deveríamos ser possuidores. Um levantamento em qualquer congregação revelaria a quantidade enorme de necessitados. Será que os pastores tem receio, como tiveram os apóstolos de Cristo, quando este disse: "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt 14.16; Mc 6.37; Lc 9.13) de que se tentarem ajudar aos irmãos de sua igreja, não poderão atender a todos? Sabemos pelas passagens acima que Jesus operou um milagre tal que, não somente Ele saciou a todos como sobrou muita comida. Nosso Deus é o Deus dos impossíveis, realmente (Gn 18.14).

NECESSITA-SE DE UMA IGREJA pois que não abandone seus pobres. Que não os deixe à míngua. Que não desonre a Cristo com tal atitude infame. Já é tempo de todos nós pensarmos muito bem sobre isso. Que o Senhor te ilumine e te abençoe.

sábado, 6 de setembro de 2014

O ser humano e sua vocação para inferiorizar o próximo ....

AQUI E ALI lemos, vemos ou ouvimos sobre a atitude de um ser humano que inferioriza e ofende a seu próximo com declarações ofensivas sobre sua cor de pele, condição social ou sobre seu local de origem, seu local de nascimento.

NO BRASIL, um país reconhecidamente multiétnico, isso incrivelmente tem ocorrido. Não se compreende, à primeira vista, porque tais coisas acontecem. Mas o fato é que em nosso cotidiano, há pessoas que inferiorizam, ofendem e até agridem a seus semelhantes por causa de suas convicções racistas.

ESSA VELHA TENDÊNCIA do coração humano é recorrente em todos os povos e nações. Nenhum grupamento humano está livre dessa inclinação maligna que só denuncia a verdade bíblica que diz: "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Rm 3.10-18).

TODOS OS SERES HUMANOS poderão demonstrar preconceitos contra seus semelhantes. Parece que isto é muito comum e é universal. E o racismo é uma forma de preconceito que têm sido a causa da morte de milhões de pessoas. Mas, exatamente, em que consiste esse que é um dos mais odiosos pecados da humanidade?

PODE-SE DEFINIR o racismo como a convicção sobre a superioridade de determinadas raças, com base em diferentes motivações, em especial as características físicas e outros traços do comportamento humano. Consiste em uma atitude depreciativa não baseada em critérios científicos em relação a algum grupo social ou étnico. 

NESSE SENTIDO o Nazismo alemão e o Apartheid na África do Sul marcaram época visto que representaram com sua violência, expurgos e assassinatos, toda a hediondez de suas respectivas ideologias nefandas.

NÃO PODERÍAMOS deixar de mencionar também a  xenofobia que é também um tipo de preconceito, que indica uma repugnância relativa a pessoas estrangeiras, mesmo que elas sejam da mesma raça ou etnia. Ela têm aumentado em nossos dias nos países do continente europeu por grupos intolerantes que usam a violência para tentar manter fora de suas fronteiras todos os estrangeiros. Não somente pessoas ou grupos, mas igualmente governos também podem ser xenófobos.

NÃO É PRECISO ser um especialista para concluir que é altamente questionável o conceito de "raça". Ora, biblicamente falando, a raça humana é uma só (Atos 17.26) além de ter se originado de um único casal, Adão e Eva. As variações existentes entre os seres humanos (cor da pele, tipo de cabelo, cor dos olhos, etc) testemunham na verdade em como o Criador ama a variedade em toda Sua criação e notadamente no ser humano, criado à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26).   

EM NOSSO PAÍS é recorrente a atitude racista. São grupos da cidade de São Paulo que repudiam fortemente os nordestinos que para esta cidade migram visando ter uma vida melhor, por exemplo.  São torcidas de times de futebol que xingam aos jogadores do time adversário com termos racistas. São vendedores e gerentes de lojas negando atendimento a afrodescendentes ou pessoas de aparência humilde ou com problemas físicos. São policiais ou autoridades outras que veem as pessoas de pele negra como bandidos em potencial. Enfim, são várias as facetas do problema racial no Brasil.

E NA IGREJA SERÁ que ocorrem essas coisas? Os crentes em Jesus Cristo não devem ser ingênuos em achar de que no âmbito do Corpo de Cristo a atitude de inferiorização do outro, ou o racismo puro e simples não ocorra. Desnecessário comentar profundamente sobre isso mas fiquemos somente com a palavra do apóstolo Tiago que diz: "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores" (Tg 2.9). A Nova Versão Internacional verteu o versículo 1 deste mesmo capítulo da epístola de Tiago da seguinte maneira: "Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com favoritismo." Portanto, a Bíblia condena toda e qualquer diferenciação entre pessoas e repudia quem faça acepção do próximo por causa de questões como a cor da pele, condição física, intelectual ou social.

NESSE ÍNTERIM muitos querem incluir os homossexuais. O cristão também não rejeitará o homossexual, mas isto não significa de que está implicitamente aceitando sua conduta, seu modo de viver pecaminoso. Nenhum ser humano deve ser objeto de preconceitos. Mas todo ser humano deve ser confrontado com a verdade do Evangelho que determina que o pecador se converta, que deixe seu mau caminho, que repudie suas más obras, que aceite o fato de que está separado de Deus, portanto, numa situação desesperadora e que deve crer na mensagem das Escrituras que desde seus primórdios, aponta para a miséria e alienação do ser humano em relação a si mesmo, em relação a Deus e ao seu próximo.

JESUS CRISTO jamais rejeitou a alguém. Ele veio para resgatar o homem perdido (Lc 19.10). O crente deve ter isto bem definido em sua mentalidade e cuidar para não ser tomado pelo espírito dessa época que influencia a cultivarmos preconceitos. Por outro lado, de forma ambígua e paradoxal, o espírito de nosso tempo leva-nos a uma direção oposta quando diz para não sermos preconceituosos e com isso tenta nos influenciar a aceitarmos como algo normal, o aborto, a prostituição, o homossexualismo, o lesbianismo, a pedofilia, o uso de drogas ou qualquer outra coisa que Deus condene em Sua Palavra.

VALE AQUI o conselho de sempre: pense muito bem sobre tudo isto que você acabou de ler e imite a Cristo em sua postura de amor para com os semelhantes. Que Deus o abençoe!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Você consegue ver Deus em sua história pessoal?

PARE E PENSE por um instante e arrazoe comigo: De fato, você têm conseguido ver Deus na história  de sua vida?

SERIA BOM se todos nós pudéssemos separar um tempo para que, sem pressa e sem interrupções, pudéssemos fazer um balanço, uma conferência, uma introspecção e verificar os sinais da presença divina em nossa vida.

PERDEMOS ALGUNS DE NÓS, e outros nem mesmo conseguem fazer essa averiguação do mover divino em sua própria existência. Carecemos de nutrir uma capacidade averiguadora da presença do Senhor em cada momento da vida. É algo extremamente necessário. E serve-nos de alento diante das lutas pelas quais inevitavelmente todos passamos.

O SER HUMANO tem a capacidade de recordar fatos passados. Obviamente, tendemos a evitar em nossas lembranças aquilo que nos aconteceu de mau e optamos em nos concentrar nas coisas boas, naquelas que nos dão prazer e alegria. Ocorre que pensamos erroneamente de que o Senhor Deus estaria somente nessas coisas boas e nas coisas más ele passaria bem longe e estivesse totalmente ausente. Ledo engano.

JESUS AFIRMOU algo um pouco antes de ser assunto aos céus que deveria levar-nos a pensar e reconsiderar continuamente, leia: "E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém" (Mt 28.20b). Não é possível pois imaginar de que Ele não esteve conosco nos momentos sombrios de nossa vida. Não é adequado declinar sobre a possibilidade de que Ele não se importou conosco naqueles momentos cruciais de nossa história pessoal onde somente parecia que Ele se encontrava ausente.

AMADOS, SE HÁ ALGO do qual não deveremos nunca duvidar nem esquecer é a fidelidade divina para conosco. Nós sim, somos infiéis. Não é característica plena em nossa identidade cristã. Erramos, pecamos, falhamos. Em muitos momentos de nossa caminhada com Jesus, estamos sujeitos a traí-Lo. Todavia, isso não acontece com Ele. Paulo escreveu: "Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo" (2Tm 2.13). Como pois duvidaremos que Ele esteve ausente nos momentos difíceis e angustiosos de nossa jornada nesse mundo?

FAREMOS MUITO BEM se aceitarmos o fato que o Deus Trino está presente de forma concreta e salutar na nossa vida pessoal. Não será difícil dessa forma enxergarmos as marcas dEle em nossa história de vida. Pensemos um pouco: Você pode ter certeza absoluta ou aproximada de quantos livramentos Ele te proporcionou? Há um texto em Hebreus referente aos anjos que gosto muito e é este: Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?" (Hb 1.14). Quem poderá duvidar da presença divina em nosso labor diário, através do anjo que o Senhor dispensou para servir a nosso favor, visto que somos sim herdeiros de uma "tão grande salvação" (Hb 2.3)? E quando falamos em livramentos, não dá para deixar de pensar em um texto tal como esse: "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra" (Sl 34.7).

MARCAS DE DEUS em nossa história de vida. Recordações em nossa vida e a convicção da presença divina conosco. De Jesus Cristo foi profetizado de que Ele permaneceria em nós: "E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, Que traduzido é: Deus conosco" (Mt 1.23 com Isaías 7.14). 

PELA GRAÇA DE DEUS eu consigo detectar a presença dEle de forma autêntica e fiel em toda minha vida. Muitos foram meus momentos de rebeldia. Muitos foram os desvios, erros e pecados praticados. Mas Ele em sua grandiosíssima misericórdia jamais me deixou só. Sei que Ele esteve comigo e continua a estar pois a Bíblia testifica que, mesmo em face da rebeldia do povo de Israel, o Senhor não o abandonou. Castigou sim em justa medida Seu povo, enviou inimigos sobre ele, deixou que fossem para o cativeiro em Babilônia, mas o profeta Isaías escreve: "Exultai, ó céus, e alegra-te, ó terra, e vós, montes, estalai com júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e dos seus aflitos se compadecerá. Porém Sião diz: Já me desamparou o Senhor, e o meu Senhor se esqueceu de mim. Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim" (Is 49.13-16).

NÃO TENHO DÚVIDA dessa doce presença comigo. Eu olho para a história da minha vida e vejo a presença dEle ali, mesmo que não tenha sido perceptível naquele instante passado. Mas hoje consigo ver claramente e isso é glorioso. Poderia eu até mesmo falar como profeta acima descreveu "...o meu Senhor se esqueceu de mim." De forma alguma! A indagação que Isaías faz em seguida sobre a mãe que porventura, poderia esquecer de seu próprio filho, não combina com o caráter do nosso Deus, pois Ele mesmo diz: "Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei" aleluia, glória a Deus por este cuidado tão terno e tão maravilhoso, pois Ele cuida de nós verdadeiramente.

ESSE CUIDADO DIVINO é presente desde nossa concepção no ventre materno e disso dá testemunho o salmista no Salmo 139, leiamos os versos 14 a 16: "Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia." Preciso indagar: Como eu poderia duvidar de tal cuidado da parte do Senhor em minha história pessoal, visto que Ele se fez presente quando ainda me encontrava, em estágio embrionário e fetal no ventre de minha mãe? 

O ESCRITOR E PENSADOR cristão Francis Schaeffer escreveu um livro com o título: "He is There and He is Not Silent" - "Ele está presente e não está em silêncio". Ele foi bem feliz na escolha desse título pois declara com precisão aquilo que a doutrina bíblica afiança: De que o Senhor está de fato presente na vida de todo ser humano, mesmo naqueles que ainda não O conhecem (pois Ele quer levá-los ao arrependimento para a salvação - Ez 18.23; 33.11; Rm 10.13; 2Pe 3.9) e não está em silêncio. Veja a maravilha daquilo que Jesus disse em João 14.16,17 de que o Espírito Santo ficaria na vida do crente para sempre: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós." A presença real do Espírito Santo autentica de maneira claríssima o terno cuidado de Deus Pai para conosco pois o Espírito Santo, no qual fomos selados para além do que declarou Jesus no Evangelho de João, "é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória" (Ef 1.14).   

QUE ALEGRIA E CONSOLO saber que o Senhor cuida e está  mim no presente, visto que cuidou de mim no passado e isso é a certeza de que Ele estará comigo no futuro até o grande dia em que O verei face a face.  A consideração desse cuidado e dessa presença do Senhor comigo, me conduzirá a uma atitude de contínua gratidão conforme escreveu o salmista: "Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor" (Sl 116.12,13).

SUPLICO POIS A TI em todo o tempo: Pense sobre isso. Veja Deus em sua história. Que o Senhor muito te abençoe.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Uma breve reflexão cinquentenária......

HOJE, 26 de junho de 2014, fiz questão de madrugar para observar o alvorecer e a beleza da solitária estrela da manhã. Contemplei extasiado o céu da porta de casa em seus primeiros sinais de um dia pleno em sua força. Conversava com Deus sobre como desejo ser-Lhe fiel.

PUDE LEMBRAR com clareza, enquanto contemplava como lentamente se dissipavam as trevas da noite e o céu ia adquirindo cores magníficas, com matizes violetas refletindo nas nuvens no horizonte, do texto de Provérbios 4.18: "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." Pensei juntamente com o SENHOR em como é glorioso permanecer firme em Seus caminhos, em como o justo é bem-aventurado como diz o Salmo 1. A Bíblia deixa claro de que a prosperidade de cada homem e de cada mulher está intrinsecamente relacionada com o seu caminhar na vereda da vontade divina.  

CORES, LUZES E TREVAS se misturavam nestas primeiras horas matinais. Isso pode ser comparado com nossas vidas, pois todos nós temos momentos de ascensão, quando parece que tudo vai de vento em popa, quando brilha fortemente a luz do SENHOR em nós, para logo em seguida surgirem as brumas envolventes da apreensão, do medo, um manto de desesperança que tenta nos sufocar. Foi o que notei contemplando o céu neste alvorecer. Solitariamente estava ali a estrela d'alva, que em realidade não se constitui em uma estrela, mas é o planeta Vênus. Ele se destaca nas primeiras horas logo antes de nascer o sol pois seu brilho é fixo, forte e sem cintilações, como comumente ocorre com uma verdadeira estrela. Vênus reflete precisamente a luz do astro-rei que surge esplendoroso no horizonte.

COMPAREI ESTA CENA exatamente com o que ocorre na vida de todo aquele que serve ao Senhor com fidelidade. O brilho do Senhor Jesus precisa nos envolver de forma crescente e acolhedora até que sejamos inteiramente tomados pela luz dEle em todo nosso viver, não deixando espaço para nenhuma espécie de pecado, nenhuma treva moral, nenhuma obscuridade existencial. À medida que vai aumentando no horizonte a intensidade do brilho solar, a estrela d'alva, Vênus, vai aos poucos minguando em seu brilho. A certa altura, ao cabo de alguns minutos quando se nota a virada da noite para o dia de forma iniludível, aquele que brilhara de forma absoluta no céu da madrugada, vai se tornando nitidamente menor em tamanho e em brilho devido à absoluta e gloriosa radiância do astro-rei no horizonte......e que espetáculo formidável !!!

CONTEMPLANDO TUDO ISSO, orei então com gratidão a Deus pelo fato de precisamente hoje, Ele ter permitido que chegasse a meio século de vida. Completo 50 anos de idade com o renovado desejo de ser fiel ao SENHOR em tudo e por tudo. 

A RADIÂNCIA E A BELEZA dessas primeiras horas do dia de hoje, reforçaram em mim o desejo de ser ainda mais forjado pelo SENHOR com o intuito de melhor servir-LHE, de empregar os dons que Ele mesmo me concedeu em prol de Seu Reino. Não há outro desejo em mim que não seja o de servir a Deus no âmbito de Sua amada Igreja, contribuindo para a edificação dos membros do Corpo de Cristo, conforme as inspiradas palavras do apóstolo Paulo em Efésios 4.11-16.

DE TODO MEU CORAÇÃO eu desejo trilhar a vereda do justo (Pv 4.18; Sl 1). Abomino os procedimentos próprios daqueles que a Bíblia chama de ímpios, posto que escolhem sempre viver de acordo com os pensamentos de seu enganoso coração (Jr 17.9; Is 55.7,8). Rechaço em o Nome de Jesus toda trama do inferno e do diabo para me fazer desviar do caminho estreito proposto por Jesus e de tentar me impedir de entrar pela estreita porta (Mt 7.13,14). Recuso-me a ser contado com os ímpios, pois claramente nas Sagradas Escrituras, o Senhor Deus faz distinção entre os que O servem e aqueles que servem a si mesmos (Ml 3.18).

TENDO VIVIDO já por meia centena de anos pois, espero que a misericórdia do SENHOR se confirme a cada dia sobre mim. Quero ser melhor servo, melhor filho, melhor esposo, melhor pai, melhor discípulo. Alegra-me saber que o SENHOR se deleita em observar-nos e que Ele não terá problema algum em dar-nos o selo de sua divina aprovação assim como fez com Jó (1.8; 2.3) se porventura perseverarmos em prosseguir na vereda da justiça. E é neste caminho que Ele prometeu nos guiar (Sl 23.3; 32.8).

ATÉ A VINDA DE JESUS ou quando Ele me chamar à Sua bendita e augusta presença quero ser encontrado fiel. E ser luz em meio às trevas deste mundo como Jesus disse que deveríamos ser (Mt 5.13-16) assim como a bela estrela d'alva brilhava nas primeiras e escuras horas do dia de hoje. Reflita comigo que este brilho da estrela da manhã foi bonito, mas provisório, visto que o sol já começava a refulgir no horizonte. À medida que ele foi nascendo, aquela estrela foi sucumbindo em brilho. Quando tornou-se "dia perfeito" (Pv 4.18), já não dava mais para ver a matinal estrela ou melhor, o planeta Vênus. Ele continuava lá, mas oculto e abrigado sob o poderoso e magnífico resplendor do astro maior. É assim que de forma semelhante ocorre conosco, quando a glória de Deus cobre nossa vida e podemos perseverar escondidos e abrigados no poder e à sombra do Todo-Poderoso (Sl 91).
 
DESEJO EM DEUS que você pense, reflita um pouquinho neste dia o que abreviadamente escrevi e que o Espírito Santo lhe fale ao coração assim como falou ao meu.

GRAÇA, PAZ e suficiência em Cristo a todos !!!

sábado, 3 de maio de 2014

O exemplo trágico de Esaú: o menosprezo pelas coisas espirituais



EM NOSSA REFLEXÃO MATINAL hoje, eu e minha esposa meditamos juntos no texto de Hebreus 12.16,17: ”E ninguém seja fornicário, ou profano, como Esaú, que por um manjar vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a benção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.”

CREIO QUE TODA QUESTÃO se encerra no quanto cada um de nós valoriza as coisas de Deus mais do que as coisas do mundo. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Uma fala de coisas temporais, efêmeras, passageiras, a outra fala de coisas eternas, permanentes e celestiais. Os cristãos estão diante de uma escolha que deve ser feita todos os dias e em todos os momentos de suas vidas: se vai ser escolhida a vontade de Deus em todas as coisas ou se haverão de  permanecer alheios a esta vontade escolhendo atender os apelos de suas naturezas decaídas e inclinarem-se para os “manjares” mundanos.

A HISTÓRIA DE ESAÚ E JACÓ é contada em Gênesis 25.19-34; 27.1-46. Isaque gerou no ventre de Rebeca dois filhos gêmeos. Esaú nasceu em primeiro lugar e isto por si só lhe garantia direitos inalienáveis da parte de seu pai. A lei da primogenitura segundo nota da Bíblia de Estudo NVI em Gn 25.5 “estipulava que pelo menos uma porção dupla das posses dos pais fosse deixada ao primogênito (Dt 21.15-17)”. Outra coisa interessante que desta feita nos advém dos termos originais em hebraico - “primogenitura” é בכורה “bekorah” e “benção” é ברכה “berakah”. Claramente se constata que a questão de ser primogênito estava ligada a ser abençoado. Jacó obteve tanto a primogenitura de Esaú como a consequente benção de seu pai Isaque. 

ESAÚ TINHA, POIS ESTES DIREITOS garantidos por nascimento. Ele herdaria de seu pai os bens materiais de forma dobrada em relação a Jacó, seu irmão.  Ele tinha consciência plena destes fatos. Mas, a primogenitura no caso da família do patriarca Abraão, envolvia mais do que meros bens materiais. Algo de valor muito mais profundo e eterno estava em questão. E é aqui que queremos centrar a presente reflexão.  

TENHO POR CERTO que Isaque contou a seus dois filhos, ainda pequenos, acerca da herança espiritual de que eles eram portadores. Ele recebera a benção de seu pai Abraão e o Senhor por sua vez aparecera a Isaque (Gn 26.1-5) e confirma a promessa (Gn 12.1-3) e a aliança ((Gn 15.1-21; 17.1-27) que estabelecera com seu pai. Sendo assim, ambos, Esaú e Jacó estavam plenamente conscientes dessa abençoada herança espiritual.

A BÍBLIA É MUITO CLARA ao demonstrar o pecado de suas personagens. O texto em Hebreus fala do caráter de Esaú, totalmente desprovido de respeito pelas coisas eternas e, portanto duradouras. A satisfação de seu apetite natural (no caso, a fome) era tudo o que lhe importava naquele instante de cansaço ao voltar do campo (Gn 25.29). Por isso, imediatamente aceitou a proposta de Jacó (que também tinha um caráter dúbio) e assim jogou fora a benção da primogenitura que reservada lhe estava. E depois, quando procurou seu pai para obter a benção da primogenitura de maneira oficial, não pôde obtê-la visto já tê-la vendido a seu irmão. Tentou buscar com lágrimas tentando mesmo mudar a decisão de seu pai, porém, uma vez concedida a benção, esta era irrevogável (Nm 23.20; Rm 11.29).

O PARALELO COM NOSSA VIDA enquanto seguidores de Jesus Cristo é muito notório. Todos nós somos igualmente herdeiros das bênçãos de Deus por meio de seu Unigênito Filho. Temos consciência de nossa herança espiritual. Sabemos das bênçãos que nos reserva o Evangelho e delas já somos participantes. Somos participantes da santidade de Deus (Hb 12.10), somos participantes do Espírito Santo (Hb 6.4), somos participantes de sua natureza divina (2Pe 1.4) e enfim, somos participantes dos inúmeros bens espirituais do Evangelho (Rm 15.27).  

INFELIZMENTE EXISTEM MUITOS que mesmo diante de tantas e maravilhosas bênçãos, vivem vidas mundanas assim como Esaú. Ele sabia perfeitamente que a benção da primogenitura não estava limitada a bênçãos materiais. Sabia ele que o “pacote” era muito, mas muito mais completo. Mas assim procedeu o profano Esaú, em seu declarado mundanismo ao preferir vender aquilo que por direito era seu. Trocou a benção certa e imperecível pelas veleidades da vida ao satisfazer um desejo passageiro. Quanta futilidade!

O ESPÍRITO SANTO ANELA que todos nós observemos com bastante zelo as recomendações em Sua Palavra. Deus começou em nós uma boa obra, e Ele vai continuar e aperfeiçoar essa obra em nós até o dia de Cristo Jesus (Fp 1.6).

A VIDA PIEDOSA que deveremos viver é diametralmente oposta à vida vivida com base em valores mundanos e passageiros. Esaú mesmo sabedor de que seria depositário das alianças e promessas divinas, optou em viver o presente com intensidade e apego. Por isso ele não hesitou em aceitar a proposta de seu irmão para que vendesse sua primogenitura pelo guisado de lentilhas. O apóstolo Paulo fala de forma consistente acerca daqueles que vivem conjugados com os valores terrenos em Filipenses 3.18,19 ele diz: Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas”.   

A BÍBLIA DISCORRE acerca de homens impiedosos, homens sem zelo por Deus ou das coisas celestiais. Homens cujo único interesse está nas coisas pertinentes a esta vida. Mais uma vez é o apóstolo Paulo quem declara em 2Timóteo 3.1-5 dando uma descrição fiel desse tipo de pessoas, inclusive falando de que muitas delas têm aparência de piedade, ou seja, são cristãos na aparência, leiam: “Sabe porém, isto que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos: Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes aos pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. Tendo aparência de piedade mas negando a eficácia dela”. E na sequência, a recomendação de Deus quanto a este tipo de gente é:  ”Destes afasta-te.”  


O TEXTO BÍBLICO em que nos baseamos diz: ”E ninguém seja fornicário... .” Este termo “fornicário” em outra versão está como “devasso” e em outra como “imoral.” O termo grego usado é πόρνος “pornos.” Este termo conforme Strong significa aquele que é um libertino, que se relaciona sexualmente com prostitutas. O outro termo que nos chama a atenção no seu significado original na língua grega é “profano.” No grego, este termo é βέβηλος “bebelos” e é interessante que esta palavra é derivada de outra que significa a soleira de uma porta que num sentido mais específico refere-se a um lugar acessível a todos, comum, ou seja, profano. O termo “bebelos é antônimo de ἅγιος “hagios”, santo, separado. Assim, os termos fornicário e profano conjugam-se para nos trazer a ideia de uma pessoa ímpia, libertina sexualmente, escarnecedora, sem zelo por Deus e pelas coisas concernentes ao Seu Reino. Assim era Esaú, o primogênito de Isaque. Demonstração de completo menosprezo pelas coisas espirituais

POSSAMOS COM A AJUDA do Espírito Santo identificar em nós mesmos a cada dia se acaso permanecemos com o coração puro, livre de toda nódoa do pecado pois os versículos 14 e 15 deste mesmo capítulo 12 de Hebreus falam acerca da importância de vivermos em paz com todos e de não ficarmos privados da graça de Deus e também do cuidado para que nenhuma raiz de amargura brote em nosso coração, nos perturbando e, pior, contaminando também a outros.

TUDO ISSO PROCLAMA em alto e bom som sobre a necessidade de vivermos perto do Senhor a cada dia. Ainda que tenhamos algumas identificações com as atitudes de Esaú ou mesmo de Jacó que foi um enganador como sabemos, ainda assim o Senhor deseja continuar a trabalhar em nosso ser mais profundo para que tenhamos um caráter igual ao caráter de Jesus Cristo, pois o Espírito Santo trabalha em nós para que tenhamos a imagem do Filho de Deus conforme Romanos 8.29: "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos."

E É NESSE PRIMOGÊNITO santo, benigno, verdadeiro, puro, divino e que cumpriu toda a vontade de Deus Pai que estamos firmados. É Ele nosso modelo. Pense nisso.  



 


 

 



terça-feira, 18 de março de 2014

Insustentáveis e falidas ideologias humanas !!!


NÃO ACREDITO no ateísmo dos ateus. Não dou crédito às ideologias céticas. Não compartilho da dúvida de alguns intelectuais. Não me rendo às reflexões dos humanistas de ontem ou de nossos dias.

REPUDIO a descrença ateológica típica dos que creem somente na eternidade da matéria.

ABOMINO o ceticismo dos que se ufanam em seus estudos doutorais e que concluem que o Criador é uma criação das fantasias de algumas abobalhadas, ignorantes e desiludidas criaturas.

NEGO a utopia humanista de que o homem é essencialmente bom. E que por isso ainda construirá a sociedade perfeita por si só. 

RECUSO-ME a cortejar o niilismo da tantos que concluem pelo imoral e infeliz veredicto nietzschiano de que "Deus está morto". Ou, igualmente a sandice marxista de que "a religião é o ópio do povo" e ainda, "a religião é o futuro de uma ilusão" como torpemente concluiu a mente freudiana.

TODAS as filosofias e ideologias concentram-se em seus próprios pressupostos para demandarem a resposta adequada ao drama humano. Otimismo e pessimismo em um trânsito ideológico pesado e contínuo, se alternam na avenida existencial da humanidade. O homem não sabe que direção tomar. E nunca descobrirá para onde ir pois todo o pensamento humano acerca de sua origem, condição presente e o seu futuro, é incompleto em si mesmo e insatisfatório. Nenhuma resposta há, nenhuma direção segura para onde possa o homem ir, nenhuma ajuda substancial oriunda das ideologias e filosofias humanas.

SOMENTE o que vem de fora do homem, que lhe é externo, que está para além dele mesmo satisfará sua sede de conhecimento: sua origem, sua vida no que concerne a era presente e seu porvir.

SOMENTE o que for REVELADO. E esta revelação está disponível a todo o que quiser: A Bíblia Sagrada.

REPELEM os assim chamados ateus, céticos, agnósticos, livres-pensadores de todo tipo e época histórica, qualquer referência e deferência às reivindicações cristãs. Dão as costas para a exclusividade de Jesus Cristo conforme Ele mesmo declarou no evangelho de João, 14.6: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." Acham mais plausível aceitar as reflexões e especulações humanas do que a revelação proposicional exarada nos 66 livros que compõem as Escrituras do Antigo e Novo Testamento.

DESTA FORMA eles ficam com aquilo que se constitui objeto de pura reflexão da mente humana. Preferem acreditar naquilo que é fruto de especulações vãs posto que firmadas somente no frágil, ambíguo e finito pensamento humano.

A TEOLOGIA, segundo H.C. Thiessen, parte da crença da existência de Deus e da ideia de que Ele é a causa de todas as coisas, com exceção do pecado. Diferentemente, a Filosofia que chega às suas conclusões partindo da coisa dada e com a ideia de que esta é suficiente para explicar a existência de todas as outras coisas. Para os antigos filósofos gregos, esta coisa dada, ou poderíamos dizer,  a arché ou arqué (ἀρχή; origem), seria um princípio que deveria estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo, princípio pelo qual tudo vem a ser era ou a água (Tales de Mileto), ou o ar (Anaxímenes de Mileto), ou o fogo (Heráclito de Éfeso), ou átomos em movimento (Demócrito), ou números (Pitágoras). Para os filósofos modernos, é a natureza, ou a mente, ou a personalidade, ou a vida, ou alguma outra coisa.

A TEOLOGIA, ainda segundo Thiessen, não apenas parte da crença na existência de Deus, mas também afirma que Ele graciosamente Se revelou. A Filosofia nega estes fatos. Baseado na ideia de Deus e no estudo da revelação divina, as Escrituras do Antigo e Novo Testamento, todo cristão pode desenvolver sua reflexão a respeito do mundo e da vida. Em contrapartida, baseado na coisa dada e nos supostos poderes a ela inerentes, os pensadores humanistas desenvolverão suas especulações a respeito do mundo e da vida.

HÁ UMA DIFERENÇA fundamental nestas cosmovisões. Na cosmovisão teísta existe uma base sólida e objetiva, firmemente ancorada no Deus que se revelou proposicionalmente, ou seja, de forma escrita e inteligível. Na cosmovisão ateísta/naturalista o alicerce está nas suposições e especulações vãs do filósofo ou humanista. Não se pode comparar as ilusões e fantasias das especulações humanistas com a revelação do Deus que nos criou. Ele se revelou e declarou que sua revelação está disponível, podemos nos apropriar dela, podemos ler e reler tantas vezes quanto forem necessárias pois foi patrimônio, inicialmente dos israelitas, mas agora é de todos os filhos de Deus  (Dt 29.29; Jo 5.39).

É INTEIRAMENTE insustentável o discurso ateísta/humanista/naturalista/materialista. De vãs esperanças se veste, mas a nudez é visível pois tal vestidura não são mais do que imundos farrapos.   

AO HOMEM que sinceramente deseja, o Senhor Deus amorosamente o convida a examinar Sua Revelação. Despojado de qualquer pensamento preconcebido. E ele perceberá a falência irreparável de todos as ideologias humanas diante da eterna e incomparável PALAVRA DE DEUS!

EM ASSIM fazendo, Cristo Jesus vai se apresentar como a razão de ser da vida humana em Sua encarnação, vida, paixão, morte, sepultamento e ressurreição.

CONCLAMO POIS você que ampara-se em frágeis referenciais ideológicos humanos. Examine o Evangelho de Jesus Cristo, examine a Bíblia, detenha-se nos pressupostos cristãos.

O SENHOR DEUS o convida a assim fazer. Pense nisso.