domingo, 7 de setembro de 2014

Necessita-se de uma igreja que não abandone seus pobres .....


ESTÁ REGISTRADO em Atos 4.34,35, conforme a Nova Versão Internacional: "Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um."
PESSOALMENTE EU CREIO que esse registro inspirado pelo Espírito Santo que Lucas fez acerca do proceder da primitiva igreja, expressa a vontade do Deus Trino no tocante à questão dos pobres, desvalidos ou necessitados que haveriam em seu meio. O Senhor Jesus mesmo declarou esta verdade aos Seus discípulos (Mt 26.11; Jo 12.8) e é óbvio que, tanto na época do começo da igreja cristã como presentemente, a questão dos pobres e necessitados é premente e mui relevante.

COMO PODEREMOS entender e praticar em nossa realidade, aquilo que eles, cristãos primitivos, fizeram com naturalidade e fervor? Entre eles, o amor de Cristo transbordava de todas as formas e maneiras (At 2.42-47). Acaso não poderia ocorrer isso na igreja atual?

LAMENTAVELMENTE constata-se hoje uma prática de vida cristã que, com honrosas exceções, distancia-se do ideal registrado no livro de Atos. Como foi mencionado, creio piamente que, se está ali escrito que todos os pobres entre eles eram supridos em suas necessidades, demonstra que isto pode ser perfeitamente realizável nas comunidades cristãs em nossos dias.

ALGUÉM PODERÁ QUESTIONAR e discordar quanto a eficácia disso. Ou seja, é irrealizável para hoje porque, alguém argumentaria, a ambiência espiritual era diferente ... pode-se concordar com isto em parte, mas devemos refletir um pouco: se está registrado, se aprouve ao Espírito Santo orientar o escritor Lucas para que relatasse a maneira como aqueles crentes viviam sua fé em Cristo, argumento pois a favor da possibilidade de exatamente as comunidades cristãs hodiernas procederem da mesma maneira - imitativamente.

HÁ PRECEDENTES naquilo que Jesus mesmo ensinou. Além dos textos de Mateus e João que reportamos, lemos acerca das palavras do Senhor dirigidas a certo jovem rico, para que distribuísse seus bens aos pobres e O seguisse (Lc 18.22 com Mt 19.21 e Mc 10.21). Além disso, podemos recordar as palavras do Senhor em Lucas 12.15: "E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui." Jesus se opôs fortemente à tendência egoísta do coração humano de acúmulo de bens e focou na importância de sermos ricos para com Deus (v.21) e a Igreja deve se lembrar de forma constante desse ensino crucial.  

SE COMO SERVOS DE DEUS e como Igreja do Senhor, devemos ser imitadores de Jesus em todo nosso viver, assim como o apóstolo Paulo ensinou: "Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo" (1Co 11.1), é especialmente digno de nota percebermos tudo o que o Novo Testamento menciona sobre o cuidado aos pobres. Em verdade, os judeus dos dias de Jesus eram conscientes daquilo que era concernente aos pobres e necessitados conforme estipulava a Torah. Deus sempre devotou atenção e cuidados a eles e determinava que os israelitas fizessem da mesma forma. Notemos alguns fatos sobre isso: 1) A cada três anos, todos os dízimos dos produtos colhidos nesse terceiros ano deveriam ser distribuídos também entre os pobres (Dt 14.28,29); 2) A cada sete anos, os credores tinham que perdoar as dívidas, para que os devedores pudessem recomeçar a vida (Dt 15.1,4); 3) Por ocasião da colheita, os pobres poderiam apanhar o que houvesse no canto dos campos e das videiras (Lv 19.9,10). Os agricultores não poderiam colher o cereal dos cantos, nem rebuscar as plantações. As sobras e os cantos das plantações deviam ficar para os pobres; 4) Se um israelita se tornasse escravo, tinha que ser liberto após seis anos de serviço (Dt 15.12-18); 5) Se alguém emprestasse dinheiro a um necessitado, não poderia cobrar juros dele (Êx 22.25) - Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, William L. Coleman, Editora Betânia. 

ERAM LEIS QUE TINHAM a finalidade de garantir que todos tivessem acesso à riqueza, que houvesse uma justa distribuição da mesma a todos os israelitas. Haviam muitos pobres na igreja de Jerusalém assim como há em nossos dias em nossas igrejas igualmente. Mas as igrejas retratadas no NT tinham como características a ajuda aos necessitados. Há um texto em Gálatas 2.10 onde Paulo afirma que se esforçou para lembrar dos pobres em seu ministério conforme a recomendação de Tiago, Pedro e João, líderes da igreja fizeram a ele e seu companheiro, Barnabé.

É SIMPLESMENTE INACEITÁVEL o que ocorre hoje em muitas igrejas e ministérios, ou seja, a indiferença, a omissão em relação aos necessitados. O exemplo que vem de Jesus, dos apóstolos e da igreja primitiva aponta claramente para praticarmos o amor e a sensibilidade para com as necessidades de forma mútua e constante.

NESSE SENTIDO há duas passagens que citarei aqui que são categóricas nesse aspecto. Em 1 João 3.17,18 (NVI) está escrito: "Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade." Portanto, como aceitar uma igreja ou comunidade cristã em que, a começar da liderança, não há um direcionamento a favor dos necessitados? Como compreender que de fato o amor de Deus está ali? De que maneira o testemunho sobre Jesus Cristo pode ser encontrado em um grupo de pessoas que não se importam umas com as outras, mas praticam meramente uma religiosidade de aparências?

A OUTRA PASSAGEM está em Tiago 2.14-17: "Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma." Aqui fica bem enfática a verdade de uma fé que não se limita ao campo teórico, não é uma fé teórica, não é uma fé que não desemboca em uma prática de vida cristã sensível ao necessitado, ao pobre, ao endividado, ao desempregado, ao faminto, ao carente de roupas e calçados. Não, o apóstolo Tiago fala de uma fé viva, fé que sai do comodismo, da mesmice, da cegueira e indiferença para com o irmão carente, é também uma fé que sai do gueto e que se esparrama entre todas as gentes, para além mesmo das divisões denominacionais e indo mais além, para alcançar a todas as pessoas com a mensagem de amor do Evangelho, mensagem essa que se traduz em prática, pois essa prática para com o próximo é o próprio amor em ação, que não se reduz a uma mera palavra ou conceito.

É CERTO QUE pobres e ricos estarão convivendo na Igreja até a volta de Jesus. Mas,, excetuando a preguiça, a falta de vontade de trabalhar, a malandragem em querer se aproveitar do próximo (e a Bíblia condena taxativamente tudo isso, leia 2 Ts 3.6-15), é notória a falta de sensibilidade entre os membros abastados do Corpo de Cristo para com seus irmãos menos afortunados. Também percebo o quanto muitos que são pastores e líderes não ensinam ou pregam (e mais do que isso, não praticam) no que tange à generosidade de que todos deveríamos ser possuidores. Um levantamento em qualquer congregação revelaria a quantidade enorme de necessitados. Será que os pastores tem receio, como tiveram os apóstolos de Cristo, quando este disse: "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt 14.16; Mc 6.37; Lc 9.13) de que se tentarem ajudar aos irmãos de sua igreja, não poderão atender a todos? Sabemos pelas passagens acima que Jesus operou um milagre tal que, não somente Ele saciou a todos como sobrou muita comida. Nosso Deus é o Deus dos impossíveis, realmente (Gn 18.14).

NECESSITA-SE DE UMA IGREJA pois que não abandone seus pobres. Que não os deixe à míngua. Que não desonre a Cristo com tal atitude infame. Já é tempo de todos nós pensarmos muito bem sobre isso. Que o Senhor te ilumine e te abençoe.

sábado, 6 de setembro de 2014

O ser humano e sua vocação para inferiorizar o próximo ....

AQUI E ALI lemos, vemos ou ouvimos sobre a atitude de um ser humano que inferioriza e ofende a seu próximo com declarações ofensivas sobre sua cor de pele, condição social ou sobre seu local de origem, seu local de nascimento.

NO BRASIL, um país reconhecidamente multiétnico, isso incrivelmente tem ocorrido. Não se compreende, à primeira vista, porque tais coisas acontecem. Mas o fato é que em nosso cotidiano, há pessoas que inferiorizam, ofendem e até agridem a seus semelhantes por causa de suas convicções racistas.

ESSA VELHA TENDÊNCIA do coração humano é recorrente em todos os povos e nações. Nenhum grupamento humano está livre dessa inclinação maligna que só denuncia a verdade bíblica que diz: "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Rm 3.10-18).

TODOS OS SERES HUMANOS poderão demonstrar preconceitos contra seus semelhantes. Parece que isto é muito comum e é universal. E o racismo é uma forma de preconceito que têm sido a causa da morte de milhões de pessoas. Mas, exatamente, em que consiste esse que é um dos mais odiosos pecados da humanidade?

PODE-SE DEFINIR o racismo como a convicção sobre a superioridade de determinadas raças, com base em diferentes motivações, em especial as características físicas e outros traços do comportamento humano. Consiste em uma atitude depreciativa não baseada em critérios científicos em relação a algum grupo social ou étnico. 

NESSE SENTIDO o Nazismo alemão e o Apartheid na África do Sul marcaram época visto que representaram com sua violência, expurgos e assassinatos, toda a hediondez de suas respectivas ideologias nefandas.

NÃO PODERÍAMOS deixar de mencionar também a  xenofobia que é também um tipo de preconceito, que indica uma repugnância relativa a pessoas estrangeiras, mesmo que elas sejam da mesma raça ou etnia. Ela têm aumentado em nossos dias nos países do continente europeu por grupos intolerantes que usam a violência para tentar manter fora de suas fronteiras todos os estrangeiros. Não somente pessoas ou grupos, mas igualmente governos também podem ser xenófobos.

NÃO É PRECISO ser um especialista para concluir que é altamente questionável o conceito de "raça". Ora, biblicamente falando, a raça humana é uma só (Atos 17.26) além de ter se originado de um único casal, Adão e Eva. As variações existentes entre os seres humanos (cor da pele, tipo de cabelo, cor dos olhos, etc) testemunham na verdade em como o Criador ama a variedade em toda Sua criação e notadamente no ser humano, criado à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26).   

EM NOSSO PAÍS é recorrente a atitude racista. São grupos da cidade de São Paulo que repudiam fortemente os nordestinos que para esta cidade migram visando ter uma vida melhor, por exemplo.  São torcidas de times de futebol que xingam aos jogadores do time adversário com termos racistas. São vendedores e gerentes de lojas negando atendimento a afrodescendentes ou pessoas de aparência humilde ou com problemas físicos. São policiais ou autoridades outras que veem as pessoas de pele negra como bandidos em potencial. Enfim, são várias as facetas do problema racial no Brasil.

E NA IGREJA SERÁ que ocorrem essas coisas? Os crentes em Jesus Cristo não devem ser ingênuos em achar de que no âmbito do Corpo de Cristo a atitude de inferiorização do outro, ou o racismo puro e simples não ocorra. Desnecessário comentar profundamente sobre isso mas fiquemos somente com a palavra do apóstolo Tiago que diz: "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores" (Tg 2.9). A Nova Versão Internacional verteu o versículo 1 deste mesmo capítulo da epístola de Tiago da seguinte maneira: "Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com favoritismo." Portanto, a Bíblia condena toda e qualquer diferenciação entre pessoas e repudia quem faça acepção do próximo por causa de questões como a cor da pele, condição física, intelectual ou social.

NESSE ÍNTERIM muitos querem incluir os homossexuais. O cristão também não rejeitará o homossexual, mas isto não significa de que está implicitamente aceitando sua conduta, seu modo de viver pecaminoso. Nenhum ser humano deve ser objeto de preconceitos. Mas todo ser humano deve ser confrontado com a verdade do Evangelho que determina que o pecador se converta, que deixe seu mau caminho, que repudie suas más obras, que aceite o fato de que está separado de Deus, portanto, numa situação desesperadora e que deve crer na mensagem das Escrituras que desde seus primórdios, aponta para a miséria e alienação do ser humano em relação a si mesmo, em relação a Deus e ao seu próximo.

JESUS CRISTO jamais rejeitou a alguém. Ele veio para resgatar o homem perdido (Lc 19.10). O crente deve ter isto bem definido em sua mentalidade e cuidar para não ser tomado pelo espírito dessa época que influencia a cultivarmos preconceitos. Por outro lado, de forma ambígua e paradoxal, o espírito de nosso tempo leva-nos a uma direção oposta quando diz para não sermos preconceituosos e com isso tenta nos influenciar a aceitarmos como algo normal, o aborto, a prostituição, o homossexualismo, o lesbianismo, a pedofilia, o uso de drogas ou qualquer outra coisa que Deus condene em Sua Palavra.

VALE AQUI o conselho de sempre: pense muito bem sobre tudo isto que você acabou de ler e imite a Cristo em sua postura de amor para com os semelhantes. Que Deus o abençoe!