quinta-feira, 14 de março de 2013

Papado, uma equivocada tradição de séculos....

Somente o apego denodado a algo estabelecido há séculos justifica uma instituição antibíblica como o papado. Do ponto de vista de sua tradição eclesiástica, a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), afirma sem rodeios que os papas são sucessores do trono de São Pedro que teria sido o primeiro papa. Mas isto é algo que não se sustenta historicamente. Pode ser aceito dentro do âmbito da tradição católico-romana, com seus seguidores no mundo inteiro. Mas nós, cristãos evangélicos protestamos contra esta instituição humana que não encontra respaldo histórico e muito menos bíblico.

Para começar, não existe prova substancial de que o apóstolo Pedro teria estado em Roma. Sabemos que o apóstolo Paulo sim, esteve e está registrado no livro de Atos (28.14-31). Mas as histórias que se levantaram  sobre Pedro, de que esteve em Roma, não se tem certeza nem prova histórica substancial, muito embora, nem tudo que aconteceu na época foi registrado no livro histórico de Atos por Lucas, seu autor, sob inspiração do Espírito Santo. E mais ainda, e é o que quero destacar, não se sustenta de forma alguma de que Pedro (mesmo que estivesse passado ou morado em Roma, como efetivamente aconteceu com o apóstolo Paulo) teria sido o primeiro bispo de Roma ou, como o catolicismo afirma com todas as letras, o primeiro papa.

Declarar durante séculos este suposto fato é o que dá sustentabilidade à instituição papal. Quando se diz que o Papa é sucessor de Pedro, que teria sido então o primeiro deles, isto por si só, na ótica católica, garante uma linha direta que chega até Jesus Cristo, pois do Papa é dito que é o Vigário de Cristo sobre a terra. O peso dos séculos e da tradição solidificou esta suposta verdade de que o papado seria algo divinamente ordenado. 

Desde o Edito de Constantino em 313, foi crescendo a pretensão dos bispos da cidade de Roma para alcançarem posição de preeminência sobre toda a igreja cristã. A igreja de então, estava abandonando a simplicidade e pureza dos ensinos do NT quanto a ser real igreja de Cristo e ficava cada vez mais parecida com o Império Romano como organização. Crescia a tendência para que tivesse um chefe, um cabeça. O Império Romano era governado por um homem com poderes absolutos. Em toda parte, bispos governavam  as igrejas nas cidades do império, mas uma pergunta começou a surgir: Quem governará os bispos? Qual bispo deve exercer na igreja a autoridade que o imperador romano exerce em todo o império? A história da Igreja demonstra que os bispos que dirigiam igrejas em certas cidades eram chamados de "metropolitanos" e mais tarde seriam chamados de "patriarcas", que estavam em Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. 

Entre estes cinco patriarcados havia disputas constantes pela supremacia sobre toda a igreja. Mais tarde, esta disputa se limitou aos bispos de Roma e de Constantinopla. O bispo de Roma tomou sobre si o título de "pai" que logo depois foi modificado para "papa". Então, ficou estabelecida a disputa pelo poder sobre toda a cristandade de então, à moda do império romano, pelo patriarca de Constantinopla e o papa de Roma.

Roma reclamava esta posição única de autoridade porque logo surgiu a lenda de que Pedro teria sido o primeiro bispo da cidade. Entendiam que, se ele fora bispo, logo, teria sido o primeiro papa. Citavam dois textos dos evangelhos para legitimar a posição do apóstolo Pedro: Mateus 16.18: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" e também João 21.15-17, onde por três vezes Jesus Cristo ressurreto diz a Pedro: "Apascenta as minhas ovelhas". 

Infelizmente os dois textos foram muito mal interpretados pelo catolicismo romano para justificar o suposto primado de Pedro. Na verdade, quando Jesus diz "tu és Pedro" nesse caso, o nome do apóstolo é Kephas (no grego, Petros) que significa o fragmento de uma rocha. Na expressão "sobre esta pedra" estava Cristo referindo a Si mesmo como "petra" uma rocha inabalável, irremovível, para diferenciar de petros. Verdadeiramente aqui aprendemos que Cristo é a única fundação da Igreja, aliás, como o próprio apóstolo Paulo referiu em 1 Coríntios 3.11: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." O apóstolo Pedro, assim como o apóstolo Paulo eram apenas alguns dos construtores. Pedro escreveu: "E, chegando-se para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." E no verso seguinte, Pedro diz ainda: "Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina (ou seja, Cristo), eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido." 

Dentro deste contexto, cito também Efésios 2.20-22: "Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina. No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para de Deus no Espírito." Podem os católicos querer argumentar no verso 19 do cap. 16 de Mateus de que Jesus deu as chaves da Sua Igreja para Pedro, ou seja, conferindo-lhe toda autoridade. Mas à luz do contexto geral do NT, "dar as chaves do reino dos céus" significa autoridade e poder conferidos não somente a Pedro mas a todos os crentes por extensão, é só lembrar do dia de Pentecostes e o que o próprio Pedro disse em Atos 2.39 sobre a promessa do Espírito Santo e o respectivo poder que seria conferido a todos os verdadeiros crentes em Jesus Cristo.

Em João 21.15-17 quando o Senhor Jesus ressurreto restaurava a Pedro, perdoando-o de seu pecado em negar ao Mestre e mandando pastorear Suas ovelhas, tratava-se de um comissionamento individual, ou seja, Pedro deveria cuidar de vidas, ser um pastor, segundo a vontade de Deus para ele. Esta passagem nada tem a ver com a instituição papal, que é uma invencionice humana sem base alguma na Bíblia Sagrada.

Os cristãos na época da história da Igreja que conhecemos como a época da Igreja Imperial, que vai do Edito de Constantino em 313 até a Queda do Império Romano em 476, viram surgir o embrião da ICAR de hoje que está espalhada no mundo inteiro e tem sua sede no Vaticano, considerado um país, um estado pontifício (palavra derivada de Sumo Pontífice, ou seja, o Papa), dentro da cidade de Roma. No período a que nos reportamos e principalmente no período seguinte, a época da Igreja Medieval, de 476 até 1453, com a queda de Constantinopla, os argumentos sobre o papado de Pedro fortaleceram-se e entenderam portanto que, se Pedro fora o chefe da igreja, seus sucessores, os papas romanos, deveriam continuar a exercer a mesma autoridade.

A partir da ascensão de Leão I em 440, o bispo romano passou a reivindicar a supremacia e poderio sobre os outros bispos. Este bispo declarou que "o cuidado da Igreja universal deve convergir para a cadeira de Pedro (ou seja, para o bispo romano) e nada deve ser separado de sua cabeça." Esta doutrina foi reafirmada no Concílio de Calcedônia em 451 por Leão I, através de seus emissários. Compreendia-se pois, que Pedro havia recebido de Cristo "a primogenitura eclesiástica" sobre os demais companheiros de apostolado e então essa posição de superioridade passaria aos seus sucessores, os bispos de Roma, por sucessão apostólica. Estava criada, conforme os raciocínios e sutilezas dos homens, a instituição papal. Obra humana. Nada tem de divina.  

O que acho interessante é que o apóstolo Pedro, em sua humildade conforme 1Pe 5.1-4 assim se expressou quanto ao ministério pastoral: "Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória."

Sabemos pela história da Igreja cristã, que os papas governaram a igreja romana e a cristandade com mão de ferro, muito contrariamente ao que o apóstolo Pedro ensinou na passagem citada. Usaram a força, a ganância, eram dominadores (assim como os imperadores romanos), e muitos deles não foram exemplo algum de santidade para o rebanho, mas foram fonte de muitos escândalos e confusões. Não foi à toa que Martinho Lutero divulgou suas 95 teses, protestando veementemente contra uma instituição falida e que pilhava o povo simples apregoando heresias (como as indulgências, por ex.) e afastando cada vez mais as pessoas do verdadeiro Evangelho.

Muito mais poderia ser falado, mas creio que o que está descrito aqui servirá para uma reflexão mais aprofundada da parte de todos aqueles que amam a verdade da Palavra de Deus e não se dobram a ensinamentos e tradições de homens. Ajudará a você, verdadeiro homem e mulher de Deus a evangelizar mais adequadamente a pessoas que se dizem cristãs e católicas, mas que não sabem discernir o joio do trigo, que são ensinados pela ICAR (e pelo papa, pois, dizem, sua palavra seria infalível), por exemplo, a colocarem Maria numa posição extremamente elevada (posição elevada na Bíblia somente Cristo) a ponto de ser adorada como se fora uma deusa, e muitas outras doutrinas sem base nas Escrituras que não comentaremos por falta de espaço, mas que você mesmo, servo de Deus, ou você, católico-romano que estiver lendo essas linhas, poderá conferir e cremos que o Espírito Santo mesmo Lhe mostrará a verdade do Evangelho como está realmente escrito e não como homens falíveis como o papa pretendem que seja.

Em o Nome de Jesus, pense nisso.

  

quinta-feira, 7 de março de 2013

Igrejas-empresas, projeção, prosperidade e poder

Conversava com minha esposa nessa manhã, à hora do café e falávamos sobre uma questão que gera muita polêmica: o fato de que certas igrejas são abertas em cidades e em bairros destas cidades onde o poder aquisitivo é maior e isto muitas vezes perto de outros ministérios, bem perto, na mesma rua ou quarteirão e em alguns casos até mesmo ao lado de outro templo já estabelecido há mais tempo no local.

O que me pergunto é o seguinte: Porque essas igrejas ou ministérios, chegando em determinada cidade, não procuram antes um bairro mais pobre e humilde para ali iniciarem o trabalho? Porque não procuram erigir uma igreja, ou mesmo, alugar um salão na parte pobre do município, visto que o trabalho da Igreja do Senhor não é "anunciar aos pobres o Evangelho?" ( Mt 11.5; Lc 7.22).

Sendo assim, não posso concordar com certas igrejas atuais que insistem na prática de estabelecerem-se em locais onde o poder aquisitivo das pessoas é alto. O que isto vem a significar? De que, antes de tudo, o que realmente interessa, não é ganhar as pessoas para o Senhor Jesus, em primeiro lugar, mas sim, conquistar em primeiro lugar seus bolsos, ou, suas carteiras. Sim, porque com a mentalidade empresarial que certos pastores de hoje possuem, mentalidade pragmática, de negócios, as "business churches" multiplicam-se a cada dia, porque o capital, o monetário, o lucro, é o que realmente atrai. Se no processo, alguns realmente se converterem ao Evangelho, tanto melhor. Mas, os dízimos e as ofertas devem ter a prioridade, e não a conversão, o discipulado, o ensino, a renúncia pessoal pelo bem do Reino de Deus.

E não adianta dizer que "o mundo" não está na Igreja. Sim, ele está mais do que podemos imaginar. Quando vejo igrejas evangélicas que priorizam o capital em detrimento da visão de como ser uma igreja bíblica, quando tudo o que pregam é uma prosperidade segundo parâmetros humanos e não segundo as ordenanças divinas, gera uma igreja de interesses monetários, que arrecada muito dinheiro, mas não arranca muitas almas das mãos de Satanás. 

Quero ver as igrejas brasileiras que se baseiam na arrecadação financeira (dízimos e ofertas) abrirem uma congregação em bairros pobres, mas muito pobres mesmo, sabendo que a entrada monetária será sempre fraca, em comparação às suas grandes igrejas em locais mais abastados, quero saber se eles tem interesse real em pregar o Evangelho aos pobres, como disse Jesus que deveríamos fazer, ou, se entendem que não é vantajoso, porque não é lucrativo, não gera recursos, mas, ao contrário, vai gerar muitas despesas para a igreja-matriz. Sei que algumas igrejas brasileiras que pregam o discurso herético da teologia da prosperidade, tem alguns templos em áreas pobres, mas de que adianta se a mensagem que pregam é diluída, é insossa, é deficiente, ou seja, não é saudável espiritualmente?     

Enquanto isso, olho com admiração e respeito para outro tipo de igreja no Brasil que está sim nas áreas pobres das grandes cidades com grande sacrifício de recursos materiais e humanos e que não se furta de pregar a sã doutrina, que ganha almas de fato, que discipula, ensina, igrejas que não medem esforços de anunciar o Evangelho aos pobres, igrejas que não querem arrancar o suado dinheiro dos crentes em Cristo, mas que ensinam uma saudável mordomia dos recursos. Crentes que vão dizimar e ofertar pelos motivos certos, pelo correto ensino bíblico que recebem e não por imposições anti-bíblicas de líderes ambiciosos e mal intencionados, que pregam uma esperança vazia de sentido bíblico. É isto que as igrejas que apregoam o evangelho da prosperidade material tem feito e quantos desiludidos estão hoje longe de Cristo por causa desse discurso falso.

O maior desejo dos pastores dessas igrejas capitalizadas é ver sempre seus templos abarrotados de pessoas, porque isto é sinônimo de boas entradas financeiras. Só focam neste aspecto. Quando falam em "ganhar almas para Jesus" é no sentido de encher os bancos ou cadeiras da igreja, tornando dia após dia estas pessoas contribuintes fiéis da "obra de Deus" e fazendo com que entendam que a vida com Cristo se resume a dizimar e ofertar com fidelidade e então, somente então, as bençãos estarão disponíveis, "as janelas do céus se abrirão" sobre a vida do contribuinte (cristão?) fiel. 

E com isso estes pastores capitalistas aumentam seu exército de seguidores fieis, geram obreiros à sua imagem e semelhança e estes são enviados para irem a uma localidade (claro, preferencialmente com pessoas de bom poder aquisitivo) para gerarem uma nova igreja nos mesmos moldes. E enquanto isso, onde estarão as igrejas que pregam e vivem o autêntico Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo?  

Conheço igrejas assim. Que claramente definiram sua visão pela estratégia capitalista. Não estão dentro da visão do Senhor Jesus "que sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis" (2 Co 8.9b). Na verdade, os 'ministérios monetários" são ricos, não se fazem pobres em favor dos pobres, e em sua riqueza, empobrecem ainda mais os pobres, tanto materialmente como espiritualmente.  

Mas louvo ao Senhor pelas igrejas sérias e responsáveis que ainda pregam o verdadeiro Evangelho, sem invencionices humanas e sem interesses escusos. Não são perfeitas, é claro, mas também não se entregam aos modismos que todo dia aparece na mídia, e por aparecerem na mídia, escandalizam cada vez mais as pessoas quanto à verdade do Evangelho de Cristo. Porque entendem que ser cristão, ser crente, é ser mantenedor financeiro da igreja, com falsas promessas de prosperidade, e nada mais. Triste constatação, mas é a realidade para muitos hoje em dia.

Que o Senhor possa abençoar ao Seu povo, que multipliquem as igrejas sérias, engajadas na pregação autêntica do Evangelho, tanto em áreas pobres, cidades ou bairros, como também nas localidades de maior riqueza de seus habitantes, porque o Evangelho de Cristo tem de ser pregado a todos, pobres e ricos, não há acepção de pessoas quanto a isto. Minha crítica neste texto, vai contra os pastores interesseiros, que imaginam tudo, dinheiro, posses, prosperidade, projeção e poder, e fazem da piedade causa de ganho (1Tm 6.5). Neste versículo, o apóstolo Paulo recomenda para que nos afastemos dos tais. 

Pense nisto.