Idealmente deveriam ser. Mas a vocação pastoral encontra-se bastante prejudicada devido aos desvios que ocorrem no que significa ser pastor nos dias de hoje. Muitos estão confundindo a vocação nobre do pastoreio de almas com gerenciamento, chefia, comando, administração. Não é este o quadro do pastor ideal que as Escrituras preconizam. O pastor de almas tem por primeiro e grande exemplo, a vida de seu Senhor e Salvador Jesus Cristo. É focando inteiramente seu ministério no exemplo do Mestre que exercerá adequadamente, como Deus quer, o nobre ministério de pastorear vidas que lhe foram confiadas.
A Palavra de Deus afirma que Jesus é o Supremo Pastor e Bispo de nossas almas (1 Pe 2.25). Portanto, é somente d’Ele que o pastor deverá auferir o ensinamento e a direção para que seja um pastor como Deus quer que ele seja. Deixaram muitos pastores de serem médicos de almas (se é que algum dia o foram), simplesmente porque optaram em exercer o pastorado de acordo com fundamentos humanos. Ao ser chamado por Deus para exercer o dom pastoral (Ef 4.11), deve o cristão estar inteiramente consciente que não pode ser pastor conforme as expectativas de outros, somente será um legítimo pastor se entender o que a Bíblia manda a este respeito.
As necessidades do rebanho de Deus são grandes. Os problemas para os quais ele é enviado a ministrar são, muitas vezes, de grande complexidade. Se vai pastorear de fato, deverá fazê-lo inteiramente sob a égide divina. Devem os pastores guardar seus rebanhos para que não se percam, conduzí-los até os verdes pastos da Palavra de Deus e defendê-los com coragem contra os lobos sevalgens (At 20.29).
A alimentação de seu rebanho deve ser alvo de suprema preocupação. Se o não fizer adequadamente, suas ovelhas ou fugirão para outros pastos, ou morrerão de fome. Acima de qualquer outra coisa, é ordenado por Deus que seus pastores alimentem os rebanhos. É uma das exigências para o candidato ao pastorado de que saiba ensinar (1 Tm 3.2; Tt 1.9). Quem conhece sobre criação de ovelhas, sabe que estes animais não conseguem por si mesmos alimentar-se ou beber. Com efeito, precisam ser conduzidos à água e ao pasto. Tudo depende que recebam alimentação adequada. Se o alimento não for fornecido com sabedoria, tornar-se-ão ovelhas magras e fracas. Ao pregar, o pastor deve ter a consciência de está, na verdade, fornecendo alimentação ao seu rebanho. E este alimento deve ser unicamente a Palavra de Deus (1 Tm 4.12-16; 5.17; 2 Tm 1.13,14; 2.24,25; 4.1-5).
Há que se dizer que além da alimentação, o pastor tem o sublime encargo de supervisionar o rebanho, fazendo-o pelo exemplo de sua vida. O apóstolo Pedro disse que o pastor deve “cuidar” do rebanho (1 Pe 5.2). Foi Deus quem lhe confiou a autoridade e responsabilidade de liderar. Esta autoridade, todavia, nunca deverá ser confundida com autoritarismo. Nunca, em tempo algum, o pastor deve ter a atitude de um déspota, porque lhé é vedado ter domínio sobre o rebanho (1 Pe 5.3) mesmo porque este não lhe pertence, é de Deus.
Vezes sem conta, aqui e ali, vemos um mau pastoreio sendo exercido. Ora é um pastor que prega ensinamentos que não se conformam com o que está escrito na Palavra de Deus (At 20.30; 2 Pe 2.1-3), ora é aquele que pouco caso faz da ovelha, posto que não a visita, não procura saber de seu estado (Pv 27.23; Ez 34.4), ora são aqueles pastores que exploram a ovelha, querem alimentar-se da gordura da mesma e se vestir de sua lã (Ez 34.1-3), ou seja, enfatizam a arrecadação monetária, seu ministério gira em torno do discurso da prosperidade e com isso efetivamente, despojam os crentes de seus recursos, insuflam o medo em seus corações, de que se não cooperarem com Deus, Ele não cooperará com elas. Que engano escabroso.
O verdadeiro pastor faz sua obra de boa vontade (1 Pe 5.2,3). Não engana as ovelhas, mas procura lhes ministrar como a um pai que cuida de seus filhos (1 Ts 2.11,12). Prega-lhes todo o conselho de Deus (At 20.27), zela pela preciosa herança de Deus, admoestando-lhes cada dia e sofrendo até que Cristo seja formado nelas (At 20.31; Gl 4.19). Há muitas atribuições que poderia discorrer sobre o trabalho do pastor como um verdadeiro médico de almas, mas quero aqui citar o livro de John MacArthur Jr. Redescobrindo o Ministério Pastoral (CPAD, 1998) na p. 51 um resumo do que o pastor deve ser e fazer: “Para resumir em cinco categorias, Paulo ordenou que Timóteo fosse: (1) fiel na pregação da verdade bíblica, (2) firme ao expor e refutar os erros, (3) um exemplo de piedade diante do rebanho, (4) diligente e esforçado no ministério e (5) disposto a sofrer dificuldades e perseguições pelo Senhor.”
Com efeito, este é o retrato fiel de um pastor. Nos dias de hoje, há um aviltamento da vocação pastoral. Mas Deus continua a chamar de volta seus pastores para que exerçam seu ministério como Ele quer e não como desejariam que fosse. Um ministério que não se conforma com este mundo, que não troca a orientação bíblica para que seja um pastor de almas, visando resultados que se verificarão com plenitude na eternidade, por uma orientação mundana, num esforço para que seja um ministério pastoral preocupado com a relevância. O pastor tem de estar sob a orientação de Cristo Jesus. Se não for assim, sucumbirá diante de crises que lhe sobrevirão com soluções políticas e metodológicas e não segundo o padrão único e insubstituível da Palavra revelada de Deus.
Que o Senhor tenha misericórdia de todos os Seus pastores. Estes devem ser verdadeiros homens de Deus e pastorearem visando a cura das almas. Foram chamados e constituídos para cuidarem do rebanho. Diante daquelas multidões enganadas pela religiosidade e legalismo farisaicos, Jesus disse em Mt 9.36: “E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não tem pastor”. Lançados fora sejam aqueles que desejam se locupletar no ministério pastoral às custas das ovelhas. Antes, que honrem seu chamado e façam o que lhes é ordenado conforme o exemplo do Senhor (Ez 34.11-16). Ele disse: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11).
Pastor de Deus, pense nisso.
Graça e Paz irmão,
ResponderExcluirExcelente reflexão! É constante a reclamação de irmãos quanto a falta de preocupação dos pastores com suas ovelhas. O que vejo é uma preocupação exacerbada em construir igrejas e cumprir metas, enquanto as ovelhas estão sendo postas de lado (essa é a realidade que estamos vivendo aqui). Oro ao Senhor para que os pastores tenham em Jesus o Grande Pastor, seu referencial de pastoreio. Obrigado irmão pela visita ao Meu Cantinho. Quanto a postagem, pode usar. Abraços
Obrigado pelo comentário, que o Senhor continue a abençoá-la, fique na Paz!
ResponderExcluirRealmente o pastor nos moldes bíblicos é uma espécie em extinção. A visão empresarial substituiu a visão dada por jesus que ensinou claramente que o pastor dá a vida pelas suas ovelhas e não pela instituição.
ResponderExcluirA religião evangélica se institucionalizou e, nela, é preciso pensar corporativamente, administrando os interesses, a visão, o modo de apresentação, a comunicação visual e os objetivos vindos da sede. A Igreja local, por isto mesmo está na UTI.
Ubirajara Crespo
Sem dúvida e isto ocorre de maneira acelerada em todos os quadrantes de nosso país. Por isso é que devemos e podemos através da palavra escrita, demonstrar que é possível uma igreja segundo o padrão bíblico. Obrigado por seu comentário, Deus abençoe sua vida e ministério.
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