As redes sociais são um fenômeno hodierno onde as pessoas podem se conhecer e/ou encontrar-se umas com as outras, proporcionando um tipo de interação que sem dúvida, num certo sentido, tem revolucionado a vida da humanidade no âmbito dos relacionamentos. A virtualidade dessas relações, a meu ver, não desmerece estas ferramentas, mas elas devem ser vistas naquilo que realmente são: apenas meios da tecnologia da informação que são utilizados para a comunicação e disseminação de informações e conhecimentos variados entre os seres humanos.
Há que se considerar alguns aspectos relacionados a fé cristã, porque podem ser para os mais desavisados, fator de desagregação para sua vida espiritual. Isto porque, a Palavra de Deus ensina o valor dos relacionamentos entre os membros do Corpo de Cristo. Relacionamentos que pressupõe presença física, palavra, toque (abraços, apertos de mãos, ósculo santo, por exemplo). Esta real interação entre os discípulos de Cristo está clara no NT. Mas então, como deveremos lidar com a revolução das redes sociais? Pela sua característica e da maneira como tem crescido e sido estimulado seu uso, poderiam se constituir em uma espécie de ameaça ao projeto de Deus, na implantação do Reino de Deus nas vidas e nos corações das pessoas?
Nem tanto. A grande utilidade destes atuais meios de comunicação demonstra-se diuturnamente. São essenciais para uma comunicação rápida e eficaz. Encurtam-se distâncias e economizam-se tempo e recursos. Mas, e é preciso ressaltar, necessário se faz ter discernimento, porque esta comunicação gera um falso sentimento de intimidade com outrem, contribui para gerar um comodismo no sentido de irmos ao encontro das pessoas, estimula a superficialidade e entroniza a virtualidade em nosso cotidiano e em nossas relações.
Conspira contra a verdadeira fé em Cristo algo que substitua os relacionamentos autênticos e saudáveis que todos nós aspiramos ter. E a pergunta: É relevante para o cristão, a utilização das redes sociais? Sim, se entendidos pelo discípulo de Jesus como ferramentas úteis, que proporcionam uma comunicabilidade mais ágil. Contrariamente, tornar-se-á irrelevante se a compreensão de que esse ferramental à nossa disposição seja de que constitui-se em nossa principal via de comunicação e comunhão com nossos semelhantes. Ou seja, se miseravelmente substituir a realidade pela virtualidade nos relacionamentos.
Mas, porque houve este extraordinário crescimento e propagação das redes sociais? A resposta bem pode estar nas características da sociedade em que vivemos hoje. A secularização é a primeira destas características, secularização entendida como fruto de um projeto dessacralizador do mundo. Outra característica é o individualismo, onde o sentido da vida se encontra na busca individual da felicidade, muitas vezes a qualquer custo. Também o superficialismo com a banalização dos relacionamentos e das experiências e, finalmente, a pluralização, posto que há de tudo e para todos os gostos. Inúmeras opções estão há disposição do indivíduo em praticamente todas as áreas da sociedade. Não gostei? Posso trocar, não há problema algum. E isto se dá inclusive nos relacionamentos entre as pessoas!
Estes característicos já estavam aí quando houve o boom das redes sociais e é exatamente por causa desta ambiência (pós-moderna, bem entendido), cresceu tão rapidamente. As pessoas estão mais solitárias. Estão muito mais individualistas. Estão também mais superficiais, pois não há o interesse em aprofundamento nos relacionamentos, muitas vezes. E têm à sua disposição uma enorme variedade de opções nesta sociedade supermercado como denominada por Jean Baudrillard. Foi este filósofo e sociólogo de origem francesa que entendeu que a pós-modernidade é constituída de simulações, novas formas de tecnologia e de organização cultural e social. Exatamente como são as redes sociais. Elas simulam um ambiente onde se dá a pretensa “amizade” entre pessoas, são uma nova forma de tecnologia e que sempre está inovando e suscitaram uma nova organização cultural e social, “a cultura das redes sociais” e que se torna cada vez mais indispensável nos dias em que vivemos.
Desta forma, o cristão precisa realmente discernir o fenõmeno destas redes (orkut, facebook, msn, myspace, etc) para que sua utilização não venha a comprometer sua missão como embaixador de Cristo. Os relacionamentos na Igreja devem ser caracterizados pelo amor. E é óbvio que não podemos menosprezar o valor das redes para aproximar as pessoas, mas a Igreja deve ter o máximo cuidado para que esta utilidade esteja dentro de limites bíblicos. Afirmamos que a desnecessidade das redes sociais será notória para o cristão, se este não atentar para o que tão claramente afirmam as Escrituras sobre a necessidade de termos relacionamentos profundos e significativos.
O mundo sem Deus é um lugar de solitários. Uma atmosfera espiritual lúgubre permeia a todos que não conhecem a Jesus Cristo. Desta forma, buscam encontrar nas redes sociais um espaço para “matar” a sua solidão. Todavia, sabemos que jamais preencherão seu vazio existencial. Podem ter perfis em vários sites de relacionamentos, podem frequentar salas de bate-papo (os chats) mas continuarão carentes de relacionamentos significativos. Em Jesus, encontrarão as respostas aos seus anseios e em uma saudável igreja cristã experimentarão a alegria de relacionarem-se de maneira adequada, amorosa e sincera.
Meu amado irmão, não perca de vista, o calor, a afetividade, a emoção, a profundidade e a possibilidade de verdadeira comunhão. Nas redes sociais, isto não é encontrado. Mas há crentes que já estão trocando a realidade pela virtualidade. Sem perceberem, estão sucumbindo ao espírito desta época, tornando-se individualistas, superficiais e irrelevantes em sua vida cristã. A Palavra de Deus diz: ”Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4.15,16).
Delimite o uso das redes sociais. Faça delas um instrumento para alcançar a outros, mas não para enterrar ali o seu tempo em detrimento de uma autêntica e real comunhão com os membros do Corpo de Cristo. Anseie por ver o rosto de seu irmão, em tocá-lo, em falar-lhe palavras para edificação de sua alma. Logicamente que também o uso das outras ferramentas da web como os sites e blogs servem para edificação, ou eu mesmo não estaria por aqui. Mas mal vai para o crente que substituir o real pelo virtual.
Pense nisto.