quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma cultura que começa a prevalecer na Igreja....


A Igreja de Jesus em nossos dias tem sucumbido ao apelo marqueteiro para que mantenha seu público fidelizado, principalmente o público jovem. Sem nenhum parâmetro bíblico-teológico, procuram a cada dias os líderes destas igrejas, reunirem um catálogo cada vez maior e variado de "produtos" a fim de que possam manter seus fiéis frequentadores. E para aqueles que acham que o mundo não têm penetrado na igreja, que isso é discurso de crente legalista, fundamentalista e caretão, o que têm acontecido neste nosso tempo em algumas igrejas demonstra com propriedade a veracidade do que afirmamos.

Se não vejamos: o jornal "The New York Times" em sua edição online de 15 de setembro, publicou reportagem sob o título "Noites de luta e reggae enchem as igrejas brasileiras". Reportagem esta que descreve a evasão de fiéis da Igreja Católica e o crescimento das Igrejas Evangélicas no Brasil.

Uma das igrejas citadas na reportagem, a Igreja Renascer em Cristo, têm adotado, segundo o texto, noites de lutas e reggae, vídeo games e tatuadores no local dos cultos (questiono se podemos denominar tais reuniões de "culto de adoração a Deus"). Segundo o jornal norteamericano, competições de jiu-jitsu, eram o grande atrativo daquelas reuniões, além de dezenas de jovens fazerem fila para adquirir tatuagens com temáticas cristãs.

Fundar e manter igrejas fundamentadas em genuína e sã doutrina bíblica é uma coisa. Outra bastante diversa são igrejas fundamentadas em pressupostos de marketing, "novidades" que precisam ser criadas e estimuladas para fidelizar os jovens a estas comunidades.

Naturalmente, tenho a lamentar que certas igrejas de perfil mais tradicional, quer sejam pentecostais ou não, também erram em manter uma rigidez inexplicável no trato com a juventude. Em minha experiência verifiquei que certos líderes de jovens nestas igrejas só sabem reproduzir o que viram e aprenderam com outros líderes de pensamento retrógrado, que se preocupam em demasia com os "usos" e os "costumes". Vi e continuo vendo, jovens deixarem estas igrejas e irem para o "mundão" porque na igreja em que tentavam servir a Deus, eram exigências e mais exigências, cobranças e mais cobranças sobre sua maneira de portar-se, de vestir-se, enfim, entretanto, muitos outros destes jovens optam por encontrar acolhida em outras comunidades de perfil mais liberal, com uma liturgia mais atraente, que os discipulam, ajudando-os a crescerem em Cristo.

O que repudio são as igrejas que querem fazer de tudo para manter estes jovens e acabam descambando para um extremo liberalismo, algo o qual Francis Schaeffer denominou de "supercontextualização" do Evangelho.

O Evangelho liberta o homem. Liberta-o do pecado, dos vícios, da escravidão espiritual promovida por Satanás. A Igreja no decorrer de seus primeiros 300 anos, permanecia mais ligada aos seus pressupostos neotestamentários e, sofrendo as agruras da perseguição, crescia continuamente.

A partir da ascenção de Constantino, aquela pureza de vida e de mensagem começou lentamente a declinar. E chegou ao século XVI onde um certo monge agostiniano Martinho Lutero, evoca novamente a verdade libertadora da mensagem genuinamente cristã. A igreja faz um retorno aos seus pressupostos fundamentais.

Porém, chegamos agora ao século XXI onde a igreja luta para manter-se em conformidade com a herança apostólica e original. O que poderá ser feito? Será que estes jovens nestas igrejas supercontextualizadas poderão levar avante o sagrado depósito tal como nos foi confiado? Eu pessoalmente tenho dúvidas. Gostaria que a igreja voltasse a parâmetros verdadeiramente bíblicos e piedosos. Sem legalismos. Mas também sem liberalidades que facilmente se tornam libertinagens. Onde está a geração que estará lendo e conhecendo mais a Deus através da leitura e meditação nas Escrituras? Onde estão os jovens que enfatizam muito mais lutar com Deus em oração do que assistir lutas de jiu-jitsu?

Você que me lê, não pense de que eu não seja a favor de uma abordagem contemporânea do Evangelho. Mas que esteja fundamentada em sólida teologia bíblica e evangélica. A mensagem deve ser relevante, deve de fato falar aos corações de hoje, jovens ou não. A fé transformadora para o homem contemporâneo ainda é pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm 10.17).

Acredito firmemente que Deus deseja verdadeiros adoradores que O adorem em espírito e em verdade e também com entendimento. Há uma cultura que começa a prevalecer nas igrejas. Esta é uma palavra de cautela diante do que temos visto e também ouvido por aí.

Se você, seguidor de Jesus, aceita esta reflexão, não deixe de pensar e orar também sobre isto e que o Senhor da Igreja O abençoe muitíssimo.

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