NÃO CONSIGO entender aqueles
que, dizendo-se servos de Deus e conhecedores das Escrituras, neguem o fato
incontestável de que o ser humano é possuidor de certa medida de liberdade. Ou,
o livre-arbítrio, livre agência, liberdade para escolher entre praticar o bem
ou praticar o mal.
TUDO ISSO é realidade porque
o homem é um ser moral. E é como um ser moral que ele foi criado à imagem e à
semelhança de um supremo Ser moral, seu Criador, o Deus trino (Gn 1.26).
EM VÁRIAS OPORTUNIDADES me
deparei na rede social mais concorrida do planeta, o Facebook, afirmações
contundentes acerca da suposta ausência de livre-arbítrio no ser humano. E pela
insistência e veemência dos protagonistas de tamanha inverdade, não dá para
deixar de pensar, refletir e escrever algo a esse respeito como faço agora
nessas poucas linhas (e isso por si mesmo já demonstra de como tenho essa
liberdade, dada pelo Senhor Deus de assim o fazer).
É UM ENGANO imaginar de que
nenhuma liberdade temos em escolhermos nossos caminhos. E aqui não serei
extensivo, prolixo, pródigo, em declinar vários versículos bíblicos para apoiar
o fator decisivamente bíblico de que temos sim livre-arbítrio e de que é algo
concedido por Deus às suas criaturas morais (anjos e seres humanos). Convém
notarmos que, quando falamos no livre-arbítrio humano, na liberdade do homem em
fazer escolhas morais, não se pode esquecer que o único ser verdadeiramente
livre é Deus, por ser Eterno, Auto-existente, Criador, Todo-Poderoso. Diante
disso, entendemos que, naturalmente, a liberdade humana tem um limite, o limite
de um Ser absoluto embora amoroso e benigno em conceder aos seres morais que Ele
mesmo criou a liberdade de fazer escolhas conscientes de suas conseqüências (Ec
11.9).
ME REPORTAREI SOMENTE a
quatro passagens bíblicas: Gênesis 4.6,7; Josué 24.15; Eclesiastes 11.9 e
Mateus 26.39. Em todas essas passagens, há uma descrição clara e insofismável
da realidade do arbítrio humano. A realidade de que temos liberdade para fazer
escolhas e isto com consciência das conseqüências, quer sejam boas, ou más. Podemos
escolher entre servir a Deus ou servir às nossas paixões e desejos. Não confere
com o testemunho das Escrituras de que sejamos tais como marionetes, aqueles
bonecos que somente executam seus movimentos porque alguém os tem controlados
por cordas. Não é assim que o Senhor Deus agem com as criaturas inteligentes e
morais que Ele criou.
VAMOS LER na íntegra as
quatro passagens sugeridas, Gênesis 4.7,8: “E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu
o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não
fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele
deves dominar.” Josué
24.15: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei
hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam
além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a
minha casa serviremos ao Senhor.” Eclesiastes 11.9: “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração
nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista
dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Mateus 26.39: “E, indo um pouco mais para
diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é
possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como
tu queres.”
LEMOS NESSAS
QUATRO PASSAGENS bíblicas acerca de indivíduos e grupos. Três passagens, em
Gênesis, Eclesiastes e Mateus, declinam sobre vontades individuais e em uma
passagem, no livro de Josué, lemos sobre a vontade de um grupo. Em Gênesis o
Senhor Deus fala a Caim para que ele praticasse o bem. Caso assim não o
fizesse, o pecado e o mal estariam à porta de seu coração, ou seja, sua vida,
para entrar e tomar posse dele. Deus apela, portanto à vontade livre ao qual
Ele dotara Caim para que obedecesse ao chamamento para o bem, ou seja, não consumar
o que estava propondo em seu coração contra seu irmão Abel, e deixasse ir de si
toda a ira assassina que estava a alimentar.
NO LIVRO de
Eclesiastes vamos ler acerca do
jovem para que se alegre e ande pelos caminhos de seu coração e pela vista de seus olhos,
ou seja, conforme à sua própria vontade, usando sua liberdade. Mas, em seguida,
o Senhor adverte que este mesmo jovem comparecerá diante dEle para a devida
prestação de contas. O que notamos aqui é um apelo ao bom senso para que a
pessoa reflita sobre seus próprios caminhos à luz do vindouro juízo, pois todos
haveremos de prestar contar ao Senhor de nossos atos (Ec 12.14). A liberdade
humana não deveria ser usada para fazer o que é errado aos olhos do Senhor.
A PASSAGEM do
livro de Josué demonstra como o Senhor através de Seu servo Josué indaga o povo
de Israel para que ele escolhesse com toda liberdade sobre a quem ele, o povo,
queria servir, se a Ele, o Senhor que os tirara do Egito e lhes introduzira na
terra de Canaã, ou se eles queriam servir aos deuses de seus antepassados. O
povo sabiamente faz a escolha que Josué mesmo fizera, ou seja, de que ele e sua
casa serviriam ao Senhor (vv. 15-18).
O VERSÍCULO em
Mateus que citamos demonstra como o próprio Filho de Deus, o Senhor Jesus
Cristo, em oração, pergunta ao Pai se era possível passar dEle o cálice do
sofrimento, agonia e morte, mas em seguida Ele declara que não desejava fazer a
própria vontade, mas vontade perfeita do Pai. Humanamente falando, Jesus, como
todos nós, sentiu as agruras da morte que se aproximava, mas Ele sabia
perfeitamente, estava plenamente cônscio de que viera ao mundo para morrer
pelos nossos pecados (Jo 12.27-33). Portanto, voluntariamente, Ele se submeteu
ao Senhor Deus e Pai, porque sabia que isto era o correto a se fazer. A Bíblia
diz que a vontade Deus é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2).
COMO ENTÃO
poderemos em sã consciência aceitar opiniões humanas de a graça de Deus é
irresistível, de que não podemos resistir a ela, de que, mesmo que não
queiramos, deveremos servir a Deus contra nossa própria vontade, de que Deus
predestinou à revelia da vontade humana, sem considerar a liberdade de que Ele
mesmo nos dotou, predestinar alguns para salvação eterna e outros para a
perdição eterna?
A SALVAÇÃO
ETERNA do homem é obra inteiramente divina. Mas a partir disto julgarmos que,
Deus nos obrigará a aceitar a obra consumada do Calvário sem que disso sejamos
persuadidos pelo Espírito Santo (Jo 16.8-11) é por demais contraditório à luz
não só das passagens que mencionei mas de todo o contexto das Sagradas
Escrituras.
A BÍBLIA DIZ: “O que cedo busca o bem, busca favor, mas o que procura o mal, esse lhe sobrevirá"(Pv 11.27). Também podemos ler no Salmo 119.59: “Considerei os meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos." Os verbos “buscar”, “considerar” e “voltar”
falam de uma voluntariedade que conspira contra toda opinião contrária que
afirma que Deus força as pessoas a servi-Lo contra a própria vontade. Iguais a
essas passagens existem inúmeras outras que você mesmo pode conferir, aqui vão
algumas, Dt 26.17; 2Cr 34.2; Sl 18.21; Sl 119.15; Pv 4.26; 7.25; 10.9; 16.7, 25
e inúmeras outros versículos que demonstram a voluntariedade da submissão
humana aos caminhos de Deus, sem constrangimento algum da parte dEle em nos
obrigar a servi-Lo, muito embora Ele mesmo nos advirta das conseqüências eternas
e desagradáveis para a alma que optar em viver de si para si mesmo.
O HOMEM CEIFA O QUE SEMEIA (Gl 6.7,8). Sendo
assim, de forma amorosa e benigna, a exortação divina nas Escrituras é no
sentido de apelar ao homem para que seja inteligente, para que reflita, pense,
pondere muito bem seus próprios caminhos e se volte para o Senhor. Para que
considere a obra de Cristo em seu favor. Para que compreenda que deverá deixar
as obras infrutíferas de sua natureza corrompida pelo pecado e, de forma absolutamente
consciente, submeta-se ao senhorio divino em sua vida.
DEUS DESEJA que o homem faça o bem. Se ele
assim o fizer, isso resultará em seu próprio benefício. Mas, se ele se recusar,
e teimar em andar conforme sua própria vontade má, desagradável a Deus e
imperfeita, sofrerá com isso, efeitos já na vida presente e, no porvir, eterna
separação de Deus e de Seu Reino (2Ts 1.6-9).
PORTANTO, a presente reflexão é no sentido de refutar
os defensores da inexistência do livre-arbítrio humano. E para advertir a você
que nos dá a honra de ler estas breves linhas, para que compreenda de que você
é um ser moral, detentor de vontade própria, mas que em nenhum momento será coagido
pelo Eterno a obedecer-Lhe Sua vontade. Saiba que em amor, Ele continuará a
atraí-lo. O profeta Oséias escreve: “Atraí-os
com cordas humanas, com laços de amor...” (11.4).
CONVIDO POIS você
para que pense sobre tudo isso que acabou de ler. Que o Senhor Eterno e
Salvador lhe abençoe !!!
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