Pastor de almas. Acaso existe função mais nobre do que essa? Pode ser até que outras funções tenham igual nobreza. Mas a legítima função pastoral está um degrau acima das outras porque ela se refere ao cuidado com vidas que deverão herdar a vida eterna prometida por Jesus Cristo (Jo 5.24; 6.47; 6.54; 10.28).
Diante disso, há que se refletir acuradamente com base na Bíblia, sobre a excelência do ser pastor. Não é um ofício fácil. Não se espera que o pastor desfrute de comodidades enquanto suas ovelhas padecem por falta de alimento espiritual, a Palavra de Deus. Não é aceitável um pastor contaminado pelo vírus da avareza e do orgulho. Também não se aceita um pastor que tenha perfil de empresário, fazendo somente a gestão da igreja ou dos "negócios" eclesiais enquanto deixa de lado aquilo para o qual foi chamado conforme Atos 6.4: "Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra."
Ser pastor é um dom de Deus (Ef 4.11; 2Tm 1.6). É lícito desejar, aspirar ao ministério pastoral, porque é obra excelente (1Tm 3.1), desde que o candidato tenha os indispensáveis requisitos (1Tm 3.2-7; Tt 1.5-9). É uma vocação espiritual (1Tm 4.14). O pastor, o verdadeiro pastor chamado por Deus, demonstra várias outras qualidades no exercício de seu ministério tais como: Fidelidade e diligência (1Co 4.1,2; 1Tm 4.6-16); zelo na pregação da verdade bíblica (2Tm 4.1-5); humildade (1Pe 5.1).
Tanto as epístolas de 1 e 2 Timóteo e Tito como também 1 e 2 Tessalonicenses denotam muito bem sobre o que o pastor deve ser e fazer. Em 1Ts 2.1-6, Paulo descreve a natureza da liderança pastoral. Ele usa as figuras da mãe (1Ts 2.7,8), do trabalhador (2.9), do membro de uma família (2.10) e do pai (2.11,12).
Certamente a influência do secularismo se faz muito forte na igreja hodierna. E isto naturalmente afetou a essência do ministério pastoral. Muitos pastores hoje, em praticamente qualquer nação do mundo, não exercem seu ministério (se é que muitos efetivamente possuem tal dom) como a Bíblia ordena de forma clara e iniludível.
Tomemos o exemplo da visitação pastoral. Está quase que totalmente raro, salvo honrosas exceções, encontrar um pastor que dedique-se a visitar suas ovelhas. Muitos estabeleceram que, se o crente vai aos cultos e ouve a pregação da Palavra, é o que basta. Esse pastor tem em conta de que essa ovelha já está devidamente alimentada e pastoreada. Mas a Bíblia claramente ensina: "Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos." A Nova Versão Internacional (NVI) verte esta passagem assim: "Esforce-se para saber bem como suas ovelhas estão, dê cuidadosa atenção aos seus rebanhos." Entendo este versículo como uma recomendação clara do Espírito Santo para que o pastor não negligencie o cuidado pastoral devido. Visitar o crente em sua residência proporciona ao pastor da congregação, a oportunidade de ouvir sem distrações aquela ovelha (algo difícil de acontecer antes ou depois de um culto, por exemplo) e ministrar diretamente sobre a vida. Muitos cristãos por essa razão, procuram um outro ministério onde o pastor seja realmente interessado em efetivamente pastorear, aconselhar, ministrar, conduzir, porque não se pode admitir que isso seja feito somente pela palavra pregada de púlpito domingo após domingo. O contato pessoal do pastor com suas ovelhas de forma individualizada é muito importante no ministério pastoral.
Além de alimentar ao rebanho com a Palavra de Deus, pregando e ensinando a mesma (desnecessário dizer que o pastor é um homem de leitura e que estuda diariamente as Escrituras, 1Tm 4.13; 2Tm 2.15) o pastor deve supervisionar o rebanho, liderando-o por meio de seu exemplo de vida. É por isso que torna-se inaceitável e porque não dizer, insuportável, homens assim chamados pastores que exercitam-se diariamente na avareza, fazendo do ministério um cabide de emprego e fonte de lucro, porque só visam o enriquecimento pessoal às custas do rebanho. Como podem ser exemplo desta maneira? Como podem ser um referencial seguro, visto que a Bíblia manda imitar a fé deles e atentar para a forma como vivem (Hb 13.7)?
Os profetas Jeremias e Ezequiel tem palavras duras contra este tipo de pastor, leiamos: "Portanto, assim diz o Senhor Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor"; "Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram; esqueceram-se do lugar de seu repouso"; "As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem perguntasse por elas, nem quem as buscasse";"Vivo eu, diz o Senhor Deus, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas" (Jr 23.2; 50.6; Ez 34.6,8).
Eu tenho por certo que Deus é incansável em Sua tarefa de levantar pastores segundo Seu coração, o profeta Jeremias escreve: "E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência" (Jr 3.15). A excelência do ministério pastoral não pode ser aviltada por causa da visão humana falível e secularizada. Os pastores e aspirantes ao ministério não podem se render à entrada do humanismo na Igreja, de tal forma que o ministério pastoral se renda à satisfação das necessidades humanas, o homem tornado consumidor de produtos eclesiásticos, ministério antropocêntrico, ministério definido pela cultura, ministério que exalta sobremaneira a psicologia ou sociologia mudando de acordo com elas. Será sim um ministério aprovado cientificamente e relevante para o atual ambiente cultural que é regido pelos meios de comunicação e pela informática. Mas será ao mesmo tempo, um ministério desprovido de poder, de graça, descaracterizado pelo homem em seu afã pragmatista de produzir resultados palpáveis sem a chancela das Escrituras.
O ministério pastoral contemporâneo que, contrariamente, deixa-se definir pela Bíblia, tem a suficiência das Escrituras e é claramente um ministério cristocêntrico, obterá a total aprovação de Deus e terá a relevância espiritual e ministerial como sua constante. É tempo de a Igreja acordar para a diferença que existe para o pastor moldado segundo princípios humanos e o pastor forjado segundo as claras orientações das Escrituras.
Precisa-se de pastores que conduzam com excelência bíblica o rebanho de Deus. Cristo é o Supremo Pastor e Bispo de nossas almas e todos os outros são co-pastores (1Pe 2.25). Portanto, o rebanho é de Cristo e nada além do que o modelo de Cristo e as orientações das Escrituras devem reger o ministério dos co-pastores, os pastores humanos do rebanho de Jesus Cristo. Ele quer que Suas ovelhas sejam apascentadas (Jo 21.15-17) mas esse ofício é revestido de tal nobreza que somente se validará debaixo inteiramente da vontade divina. O amor que Cristo devota a nós, suas ovelhas, deve ser almejado por todos aqueles que desejam cuidar de vidas.
A todo pastor que leu essas linhas, convido a pensar seriamente sobre tudo isso. Deus abençoe sua vida e seu ministério, sendo ele conforme a vontade expressa de Deus!
Prezado Cícero,
ResponderExcluirExcelente reflexão! Muito oportuna, aliás.
Sou grata a Deus que tenho pastores cujo interesse por suas ovelhas em muito extrapola a pregação da Palavra aos domingos. Quando me operei , em julho de 2010, e tive uma séria complicação no dia seguinte, que me levou a sofrer novo procedimento cirúrgico, tive total apoio de ambos - Pr. Fabrini e Pr. José. Ainda no CTI, onde fiquei por 3 dias apenas, Pr. José esteve presente para me consolar e orar comigo. E fez o mesmo quando fui pro quarto. Pr. Fabrini em todos os cultos levantava clamores a Deus pelo meu rápido restabelecimento. Sua mãe - Marcélia- líder do Ministério Feminino, também fazia o mesmo em todas as reuniões de oração do grupo. Enfim, isso não tem preço! Quando a gente precisa é que dá valor e vê o real e necessário papel de um pastor em nossas vidas.
É verdade Cláudia, você teve essa felicidade e espero que Deus levante mais homens como seus pastores, que não amem a avareza, não amem seus egos, mas façam aquilo para o qual foram chamados, pastorear as ovelhas do rebanho do Supremo Pastor, Jesus Cristo. Deus te abençoe muitíssimo!
ResponderExcluirAmado irmão muito bom seu artigo . Acredito que em meio a tantos escândalos envolvendo pastores evangélicos Deus tem os seus remanescentes , não muitos mas Deus ainda tem pastores verdadeiramente comprometidos com almas , mas a grande maioria hoje em dia abrem ministério , estão na frente de grandes Igrejas visando o dinheiro .
ResponderExcluirAo ler este artigo na revista cristianismo hoje as notícias não são nada boas relacionado aos pastores http://cristianismohoje.com.br/materia.php?k=854
Infelizmente muitos pastores já perderam a visão de Reino de Deus , o Pastor Jorge Linhares da Igreja Batista diz em uma de suas mensagens chamada "Porque as pessoas saem da Igreja" que um dos motivos de que as pessoas abandona a Igreja é justamente o abandono dos pastores, ovelhas que se sentem abandonadas pelo seu próprio pastor .
Mas como eu disse : Deus ainda tem os remanescentes ainda!
grande abraço!
Você colocou muito bem sobre os pastores que abandonam suas ovelhas e isso aconteceu comigo. Todavia, eu sei que o Supremo Pastor e Bispo de minha alma continua a me apascentar. Por isso não desisto, apesar das falibilidades humanas. Deus te abençoe meu amado fique na PAZ!
ResponderExcluirExcelente e oportuno texto, Cícero. Está em moda o chamado "pastor de pregação", aquele que apenas prega mensagens em locais públicos, mas não se dedica ao téte-à-téte.
ResponderExcluirIsso é bastante comum hoje, mas não tem o devido respaldo bíblico. Necessário se faz termos pastores bíblicos ou cristocêntricos. Pelo bem da Igreja e das ovelhas de Deus. Grande abraço amigo!
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