quarta-feira, 7 de julho de 2010

Totalitarismo ontem e hoje e seu ressurgimento em nível global

O totalitarismo, disse Hannah Arendt, ao conceituá-lo, é um fenômeno distinto das tiranias antigas e das ditaduras, posto que almeja impor o domínio total sobre a sociedade e cuja ideologia pretende, numa segunda etapa, apropriar-se de toda a população mundial: mediante a hipertrofia da política, “na qual toda a vida humana foi politizada por completo”, e a destruição da esfera pública mediante o fim da liberdade, o governo totalitário objetiva controlar todas as dimensões das vidas das pessoas através do terror. Para tanto, os movimentos totalitários tentaram abolir a separação entre as esferas públicas e privadas, e eliminar a própria essência da política: a liberdade.

Tanto o Nazismo como o Stalinismo (podemos considerar também o Facismo, porém numa escala menor), foram dois sistemas totalitários monstruosos do século 20. Para Arendt, o totalitarismo, nas suas formas stanilista e nazista, foi consequência da conjugação dos seguintes fatores: por um lado, o surgimento da sociedade de massas, a dissolução de classes sociais e a atomização dos indivíduos sob a Revolução Industrial; por outro, a crise socioeconômica e do sistema partidário decorrente da Primeira Guerra Mundial.

O que ressalta nestes regimes é a ideia do partido único, estando proibidos quaisquer outros partidos de oposição ao regime, proibição da liberdade de expressão e de imprensa, campos de trabalhos forçados e hospitais psiquiátricos, estabelecimento do terror de estado, justificado pela absoluta necessidade de fortalecer a ideologia oficial, poder cada vez mais centralizado e culto ao líder máximo (no que Hitler e Stalin foram grandemente cultuados, quase um endeusamento). O Nazismo e o Stalinismo cercearam as liberdades individuais em nome da segurança nacional, usaram formas de propaganda política, excerceram fortemente a censura, o aparelho repressivo do Estado era brutal. O clima de repressão violento, tanto na Alemanha de Adolf Hitler, como na União Soviética de Josef Stalin, gerava o medo na população. Esta era apática politicamente, visto que ambos desestimularam a ação política atuante.

O terror era a essência do regime totalitário. Massacres eram organizados pelo aparelho repressivo do Estado em sua forma mais acabada: os campos de concentração e de extermínio. O campo de concentração tinha como meta destruir a psique dos prisioneiros. Lidavam-se com as massas humanas como se já estivessem mortas, trapos humanos imundos que para nada mais tinham utilidade, sucumbindo pela fome, doenças ou assassinato puro e simples. O poder exercido no estado totalitário da parte do líder máximo, tinha na figura do chefe de polícia o elemento mais graduado, ocupava o cargo público mais poderoso logo abaixo do líder. Aliás, todas as outras posições governamentais eram ocupadas por membros do partido único. Na verdade, a essência de todo governo totalitário é tranformar o humano em desumano, homens em funcionários, meras peças ou engrenagens do sistema.

A letalidade de um regime totalitarista é traduzido em número de mortes: Stalin matou, segundo estimativas, 43 milhões de pessoas e Hitler algo em torno de 21 milhões de seres humanos (inclusos aí os 6 milhões de judeus). Mas outro regime totalitário do século 20, a China de Mao Tsé Tung, calculam-se em 77 milhões os mortos. Pol Pot, o sanguinário ditador do Camboja, assassinou 2 milhões de compatriotas.

Outras características dos regimes totalitários são: a militarização da sociedade e dos quadros do Partido, o expansionismo, patriotismo, ufanismo e chauvinismo exacerbados.

Quais governos em nossos dias podemos apontar como sendo totalitários ou apresentam evidência de que encaminham-se para um completo Estado totalitário? Citamos a China ainda na época de Mao, e hoje ainda conserva o regime de partido único e cerceamento de liberdades. A imprensa é censurada e a religião também, notadamente a fé cristã. Invadiu o Tibete e o anexou e continua a ter ímpetos expansionistas. A Coréia do Norte hoje é um grande representante do totalitarismo do século 21, após a guerra que dividiu a península coreana em dois países nos anos 50, a parte norte assumiu um regime marxista-leninista, Kim Il Sung assume o poder e promove intensa estatização no país e invade a vida privada dos norte-coreanos. Todos são controlados do nascimento até sua morte. Sung mandou construir em sua homenagem enorme estátua de 18 metros de altura coberta de ouro, promovendo assim o culto à sua própria personalidade. Quem se negasse era preso e condenado a morte. Seu filho, Kim Jong-Il segue os passos de seu falecido pai na opressão do pobre povo norte-coreano.

Cuba também não pode ser esquecida. Fidel Castro toma o poder em 1959 de outro ditador, Fulgêncio Batista e, desde então, rege o povo cubano debaixo de uma ideologia comunista com a privação dos direitos humanos da população à semelhança de todos os outros estados totalitários. Na lista de países que se encaminham para o totalitarismo está a Venezuela de Hugo Chávez e sua famigerada “revolução bolivariana”. Chávez está cada vez mais aproximando seu regime de um completo totalitarismo. Já colocou várias empresas de comunicação como proscritas ou utiliza a estatização para fortalecer ainda mais o Estado. Na América Latina, Evo Morales, presidente da Bolívia e Rafael Correa do Equador, dão sinais de seguirem o estilo chavista de governo.

Não se pode esquecer dos países islâmicos que praticam o chamado totalitarismo religioso. Países como Irã, Arábia Saudita e tantos outros são ditaduras teocráticas em que as liberdades individuais estão sufocadas e se pratica o regime de governo único de acordo com as normas do Alcorão. Todas as demais formas religiosas são violentamente proscritas. Não ser islâmico é considerado desobediência civil e traição à Pátria.

Mas todos estes governos totalitários, quer seja do passado ou da atualidade, são apenas tipos do futuro governo totalitário mundial que surgirá. Fala-se muito hoje em uma Nova Ordem Mundial. E ela, segundo a Palavra de Deus (Ap 13), surgirá e seu líder máximo, a Besta ou Anticristo, governará com mão de ferro e então o totalitarismo alcançará sua maior expressão. O poder será exercido sem misericórdia, o mundo será na realidade uma enorme prisão, principalmente nos últimos 3 anos e meio de seu governo. O Anticristo enaltecerá a morte e a destruição, milhões de pessoas nesta época morrerão (Ap 6.1-8). Guerras, fomes e pestes assolarão a humanidade de então. E em seu regime de terror, ele matará tantos quantos se lhe opuserem. O que Stalin, Hitler e outros que citamos fizeram não se lhe poderá comparar. A quantidade de pessoas que morrerão sob este futuro estado totalitário será muito maior do que nos regimes totalitários que ora existem ou que já existiram.

A Igreja deve ter em alta conta a Palavra de Deus. Se assim o fizer, terá autoridade profética para denunciar todo regime abusivo, todo regime autoritário, opondo-se de forma decisiva aos principados e potestades da maldade nos lugares celestiais que inspiram os homens para que oprimam a seus semelhantes. Devemos decisivamente testemunhar o Evangelho de forma consistente com as Escrituras, demonstrando o amor de Deus através de boas obras, sem acepção de pessoas. A liberdade encontrada no Evangelho de Jesus Cristo, é a antítese de toda forma de opressão. Tanto os regimes totalitários de direita como o Nazismo ou de esquerda como o Stalinismo, eram totalmente avessos ao jugo suave de Jesus. Estes regimes são carrascos das pessoas, opressores sem misericórdia, mas o Senhor diz: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).

Encaminha-se o mundo para um governo único totalitário. Vários países parecem experimentar a insurgência de novos totalitarismos, como é o caso da Venezuela de Chávez. No Brasil, é ano eleitoral e devemos escolher com consciência nosso candidato. Ou, se for o caso, se assim desejarmos, não votar em nenhum. Não nos iludamos, o mundo encaminha-se para um totalitarismo sem precedentes que está lentamente crescendo em governos locais. Brevemente culminará no novo governo totalitário global. Cuidemos como Igreja em cumprir a suprema e urgente missão que o Senhor já nos outorgou (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; At 1.8).

Já é hora de pensarmos muito bem nisto.

2 comentários:

  1. Não acredito que o mundo esteja caminhando para um totalitarismo.
    Até diria que o que existe hoje pode ser enquadrado como ditaduras e não como totalitarismos que me parece um conceito datado, fincado no séc. XX como você lembra muito bem, sejam de esquerda ou de direita.

    Bem minha visão não passa pelo viés teológico, talvez por isso faço essas pequenas resalvas.
    Parabéns pela argumentação sempre coerente e substanciosa!

    abs
    Záia

    ResponderExcluir
  2. Respeito sua abordagem, mas creio piamente, segundo a Palavra profética de DEUS, de que haverá um último governo, em nível mundial e com um governante único que a todos enganará fazendo-se passar como o salvador dos problemas deste planeta em todos os seus quadrantes. Quem viver verá. Somente que este será o pior período da história humana. Não preciso declinar mais. Vc conhece as profecias bíblicas a respeito. Obrigado pelos elogios. Deus o abençoe amigo. Um abraço!

    ResponderExcluir