Foi triunfal a queda do famigerado muro de Berlim em 09 de novembro de 1989. Um fato histórico que determinou os caminhos do capitalismo e do comunismo, demonstrando notadamente a crueldade deste, todavia, não se pode esquecer as mazelas daquele.
Angela Merkel, atual chanceler alemã, disse que a queda do muro "foi o dia de uma vitória da uma liberdade que deve ser defendida a cada dia." Lembrou que tal momento não teria sido possível sem a generosa ajuda "de nossos aliados."
O muro de Berlim foi erigido a partir de 13 de agosto de 1961 numa tentativa dos comunistas de impedir a passagem dos alemães orientais para o lado capitalista onde os salários eram muito melhores e havia liberdade. A cidade de Berlim estava isolada dentro da Alemanha Oriental e a solução que os comunistas previram para a evasão de pessoas foi construir o muro. Eram 3 metros de altura e na realidade os comunistas fizeram um outro muro recuado aproximadamente 100 metros do outro e neste espaço entre muros havia arame farpado, minas, metralhadoras acionadas por células fotoelétricas, pedaços de trilhos de trem para obstruir a passagem de carros e cães treinados.
Oficialmente, morreram 180 pessoas, mas a conta passa de 800 mortos dos que tentaram atravessar o famigerado muro. Porém, muitos conseguiram passar para o lado capitalista de variadas formas - em porta-malas de veículos, de ultraleve, nadando sob o arame farpado (havia trechos de água, lagos, por onde passava a cerca de arame), cavando um túnel, escondido em materiais de construção transportados por caminhões, ou simplesmente pulando o muro.
Por 38 anos os cidadãos berlinenses conviveram com esta situação trágica. Mas com os ventos de liberdade que começaram a soprar na hoje extinta União Soviética, não demorou muito para que o governo comunista permitisse que seus aliados abrissem as fronteiras, sendo que os primeiros países foram a Hungria e a Tchecoslováquia (que hoje se constitui em dois países - a República Tcheca e a Eslováquia) em meados de 1989. E em 09 de novembro do mesmo ano, o governo alemão-oriental libera a travessia entre as duas Berlins. No dia seguinte, a população de forma totalmente espontânea começa a demolir o muro com picaretas e marretas.
Hoje, vemos a pujança da Alemanha reunificada, conhecida como a locomotiva da Europa por sua força industrial e financeira. Apesar dos abalos econômicos da década de 90, a Alemanha é um país com um alto padrão de desenvolvimento humano e econômico, sendo uma das grandes potências do globo.
Um muro físico foi derrubado. Mas, e os muros que continuam a estar da pé? Falo aqui dos muros da xenofobia e do neonazismo. As minorias étnicas sofrem para serem inseridas no tecido social alemão e em outros países da prosperidade européia.
Na Alemanha de hoje há um partido político, o NPD (sigla para Partido Democrático Nacional da Alemanha) e outros partidos da extrema direita (que são fragmentados e não conseguiram nem 5% de votos necessários para ocupar uma vaga no congresso alemão) que vislumbram boas perspectivas de fazerem vicejar sua ideologia extremista sobre o racismo. É incrível como estas ideias odiosas tem crescido ultimamente na Alemanha e em outros países da Comunidade Européia como a França por exemplo. Aproximadamente 10% da população da Alemanha é de estrangeiros dos quais 28% são turcos. Estes são os mais atingidos pela discriminação e esta é especialmente visível em demonstrações da extrema-direita e em músicas sendo que estas últimas já criaram um novo mercado: o mercado do rock de direita.
Outro muro é o que existe na cabeça dos alemães, o chamado "muro psicológico." Os salários mais baixos e o maior desemprego no leste da Alemanha demonstram que após a unificação do país, ainda há muitas insatisfações que são terreno propício para o avanço das ideias xenófabas e racistas.
Isto demonstra para nós, Igreja de Cristo, que a Alemanha e a Europa como um todo devem ser um alvo constante de nossos esforços missionários porque cremos que o Evangelho tem poder para quebrar as trevas espirituais que se abatem sobre aqueles povos, em que pese o desenvolvimento e a prosperidade. A própria Alemanha é um país de muitos ateus e/ou pessoas que são indiferentes a fé cristã, o índice de cristãos alemães é muito baixo e o que predomina é o nominalismo entre aqueles que se dizem seguidores de Cristo.
Por isso, creio que o maior muro a ser derrubado é o muro da separação entre o homem e Deus. Isso fará com que os muros da xenofobia e do racismo sejam derribados e possa acontecer o que está escrito em Ef 2.14-17: "Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto."
Deus fez com um muro de concreto caísse. Não teria Ele poder para que os muros nas vidas de muitos, o ódio, a discriminação, a indiferença, a vingança, o egoísmo, fossem derrubados da mesma maneira?
Eu creio no poder deste grande Deus. E você? Pense nisto!
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